Acampamento de Juventudes – RECID/PB

Acampamento de Juventudes – RECID/PB

 


 

Companheiros e Companheiras,

 

Nos dias 20, 22 e 23 de Abril, jovens do campo e da cidade, de várias entidades e grupos, vindos de 09 municípios do compartimento da Borborema e mais 03 municípios de outras mesorregiões do Estado, se encontraram no assentamento Novo Campo, Barra de São Miguel, com um objetivo comum: partilhar suas experiências, ideias e propósitos. Embebidos pelo sol radiante do cariri, fomos acolhidos em grupo, cada um de uma cor (Marrom, Lilás, Azul e Verde) e lá nos identificamos escolhendo um nome. Fizemos as escolhas dos jovens para compor as equipes de trabalhos: monitoria dos grupos, mística, comunicação/memória, animação, confraternização e ambientação. Antes de nos alojarmos, almoçamos e aproveitamos para ir revendo colegas, conhecendo outros e, sobretudo, tendo contato com aquele lugar, que a princípio chocou há alguns, devido ser bem despovoado, distante dos barulhos da cidade grande e também apresentar características, estrutura e estética própria da caatinga.

Mas logo começou o primeiro momento de plenária, no qual fomos recebidos em tom de aquarela, que chegava  suave aos nossos ouvidos ao mesmo tempo em que cada grupo foi sendo convidado a deixar sua marca na bandeira do acampamento pintando sua mão com a cor do seu grupo e descobrindo um pouco mais sobre o que cada uma dessas cores representa e transmite.

Seguimos com um momento gostoso de diálogo tendo a contribuição do educador Wellington, que nos motivou a refletir sobre o sentido da “Vida” e da “Liberdade”, deixando um clima para fazermos nossa análise de conjuntura posteriormente. A exibição de um documentário feito a partir de uma palestra proferida, por Leonardo Boff, aos jovens no Fórum Social Mundial em Belém, nos fez pensar sobre cada frase transmitida; pensamentos estes, registrados numa folha, onde cada dupla mostrou não só os desafios da conjuntura, mas também, que outro mundo é possível. Alegremente nos despedimos da plenária da melhor forma possível, com música, sorrisos e ciranda!

Alimentados de sopa, cuscuz, charque, café, leite e pão, também nos alimentamos pela esperada mística de abertura, que, em meio à tranquilidade daquele lugar de céu estrelado, trouxemos fogo, terra, água e ar para vivenciarmos uma experiência profunda sobre o “Sopro da vida”. Após um bom tempo místico, terminamos a noite com as reuniões das equipes que planejavam as tarefas do outro dia.

No dia seguinte, não foi necessário os educadores monitores (as) fazerem a alvorada para acordar a juventude, pois os galos, galinhas e vacas deram conta da tarefa, nos acordando cedinho, cedinho. A natureza a nosso favor. E assim nos organizamos nos alojamentos para iniciarmos um dia de muita tarefa, enquanto a rádio cirandeira fazia sua estreia no acampamento, nos convocando para o café da manhã, contando as fofocas do dia anterior, recitando poesias e nos acolhendo com belas músicas. Nas três refeições do dia, esta rádio sempre nos acompanhando.

Saindo da plenária de acolhida do novo dia, seguimos para o carrossel que trazia cinco temáticas para ajudarmos a entender com mais detalhes alguns desafios que enfrentamos em nossas vidas: juventude e alimentação; vícios e dependências; abuso e exploração sexual; extermínio de jovens e questões ambientais. Rodando em cada temática afirmamos que o modelo de sociedade arraigado pelo capitalismo excludente é o principal motivador para o aumento da barbárie; esta afirmação toma conta da plenária, quando cada grupo socializava o que filtrou do carrossel, acrescentando ainda que se a juventude não se acordar, pode se atestar um Brasil de idosos.

Contudo, as oficinas temáticas que aconteceram durante toda à tarde, mostraram caminhos para a liberdade e a vida, nos animando e instigando para  sermos protagonistas de nossas vidas e de uma nova  história. O teatro como liberdade do corpo nos mostrou elementos das relações de poder; A música na perspectiva da liberdade juvenil comprova que as melodias podem ser elemento essencial para motivar nossa espiritualidade e vida; A comunicação como ferramenta para expressão juvenil nos convocou para instrumentalizarmos várias formas de comunicação e a oficina de protagonismo e organização juvenil sensibilizou-nos  a enxergar nossa identidade e potencialidades para a organização social juvenil. Chegando ao final da tarde, no desfrute e gostosura da beleza da caatinga, as equipes procuravam o melhor lugar para se reunirem e planejarem o último dia do acampamento.

Vale destacar que a equipe de confraternização e a de mística, em conjunto com a turma da cozinha, corriam para deixar tudo pronto para a noite tão desejada pelos participantes do acampamento e também  de várias famílias  do assentamento e circunvizinhança, pois, a notícia rolava sobre o acampamento, principalmente, que  na confraternização teria forró pé-de-serra para animar a turma. Logo de início jantamos baião de dois e macarronada e, em seguida, vivemos  um momento místico,  colocando em evidência os sinais de vida e de liberdade  vivido nas oficinas durante a  tarde; Mostramos aos visitantes nossa “cara” de juventude organizada em que fazemos  parte de uma Rede que acredita e pratica educação popular. E assim, nosso momento celebrativo termina quando começa o toque  da zabumba, do triangulo e da sanfona  expressando  as riquezas da caatinga, do sertão e do Nordeste. Sob melodias de Flávio José, Luiz Gonzaga, Santana, Jakson do Pandeiro e outros, o  arrasta pé comia no centro, abrilhantado por nossa famosa quadrilha.

E assim, mais um dia se findava, mas com a espera do último dia do acampamento. Logo bem cedo a rádio cirandeira fazia sua alvorada nos chamando para tomar café e, em clima de despedida, nos motivava para a programação da manhã. Sem dispersão, direcionávamos para a plenária e superando nosso cansaço com uma motivação muito calorosa, onde cada município e cada movimento foi amado por todos(as) em meio ao aconchego e abraço coletivo. Imbuídos pelo calor um do outro, nos silenciamos para escutar a síntese de cada oficina, destacando quais os desafios e as perceptivas que nelas foram suscitadas para a juventude. Neste sentido, caminhamos para  o último trabalho em grupo, onde os monitore (as)  tiveram a tarefa de motivar os grupos para discutir e sistematizar as perspectivas da juventude da região da Borborema em 2012 e também animar  um processo  avaliativo do acampamento. E assim, a última plenária fora marcada por uma boa avaliação do acampamento e, sobretudo, os encaminhamentos para a continuidade da articulação de juventudes campo/cidade que apontou para uma formação de liderança juvenil em 03 etapas sobre eixo temático Metodologia Freireana, seguido de possíveis nucleações de outros grupos juvenis.

Neste ínterim, a equipe de comunicação traz a memória do acampamento por meio de um vídeo, na qual preparava terreiro para a mística de envio que concretizava e expressava a esperança e força juvenil para dias melhores.

 

Calorosamente,

 

II acampamento de “Juventudes” da Borborema

“Somos Jovens em busca da Liberdade e da Vida

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