Tem musica, tem dança, tem saber popular e tem dialogo transformador… Na Cúpula dos Povos

Logo de manhã bem cedo, todos de pé, reencontros, abraços e conversas no corredor tomaram conta da Casa de Eventos Madre Cabrini, na Tijuca. O dia prometia ser arretado, por isso antecipamos o horário do café.

De ônibus ou de metrô, chegamos ao Aterro do Flamengo e de uma ponta a outra conhecemos o espaço agradável, arborizado a beira mar e, de modo a cruzar nossos caminhos nessa jornada encontramos companheiros/as, nos reconhecemos em várias culturas, vivenciando a mística distribuída no espaço.

Ao chegar em nosso espaço, a Tenda 9, nos organizamos em grupos para convidar as pessoas que por ali passavam, para participarem da Roda de Conversa “EDUCAÇÃO POPULAR E BEM VIVER”.

Ao longe se ouvia o som dos batuques criando um clima contagiante e convidativo, mais passantes foram se juntando à mística de acolhida e após as palavras de boas vindas iniciamos a apresentação de duas experiências da Recid nos biomas, Amazônia e Cerrado.

Os educadores do Norte, sentados sob nossa colcha de retalhos, representaram o cotidiano das comunidades tradicionais antes e depois da chegada da tecnologia e dos grandes empreendimentos na Amazônia, levando a reflexão coletiva de seus impactos.

Com poesia de Oscarino Aguiar Cordeiro, agricultor familiar e poeta de Minas Gerais, o coletivo do Cerrado iniciou a apresentação do seu bioma seguido da apresentação de um vídeo mostrando as contradições de como a grande mídia interpreta a invasão dos monocultivos da soja e eucalipto no Cerrado, a contaminação dos rios, diminuição da biodiversidade e a degradação dos recursos naturais em detrimento daquilo que o modelo capitalista chama de desenvolvimento.

Em seguida, começou-se a prosa com o Ministro Gilberto Carvalho, contextualizando o antes, durante e o depois da Rio+20 e Cúpula dos Povos. Ele falou da necessidade de apontar convergências e mudanças em nossos padrões de produção e consumo, disse também que a Recid tem um importante papel na qualificação do povo para a democracia participativa e afirmou que cabe ao Governo estimular as diversas formas de vivenciar o poder popular pela democracia participativa.

Na continuação das atividades, os educadores do Nordeste utilizaram dos preceitos de Padre Cícero para os cuidados com o bioma da Caatinga.

Maria Emília Pacheco, presidente do CONSEA, mostrou o aprofundamento da crise com ênfase nos aspectos da segurança alimentar. Alertou sobre as ameaças biológicas que o agronegócio e a tecnologia transgênica representam, apropriação das sementes pelas multinacionais do agronegócio e ressaltou a importância dos Saberes Tradicionais enquanto instrumento de resistência das comunidades e das tentativas de apropriação e patenteamento desses saberes pelas corporações a serviço do capital.

Embalando os participantes com a música “Chalana”, o bioma Pantanal foi lembrado com suas contradições e desafios para a preservação do bioma e manutenção das comunidades tradicionais que ali vivem.

O escritor e teólogo, Marcelo Barros, abordou o bem viver a partir da influência de Simon Bolívar na América Latina, os ideais libertadores que voltam a ser reafirmados nesse processo de democracia participativa vivida no continente, e os aspectos humanizadores que a Revolução Bolivariana se propõe.

Os educadores do Sul denunciaram com prosa e poesia as agressões do agronegócio nos biomas, Pampa e Mata Atlântica, a partir do simbolismo do pinhão e da valorização da floresta, proteção das reservas hídricas que abastecem o Aquífero Guarani e para a manutenção do equilíbrio ecológico e segurança alimentar

O evento protagonizado pela Recid na Cúpula encaminhou-se para os seus instantes finais com grupos de cochichos seguido da partilha do que foi debatido na grande plenária, uma das deliberações foi que, o trabalho de base e a Educação Popular, no seu sentido atualizado, constem no relatório final da Cúpula, como importante instrumento de emancipação social e democracia participativa.

Terminadas as atividades da manhã, durante a tarde os educadores e educadoras participaram de diversos espaços da Cúpula, proporcionando momentos de vivências e trocas de experiências.

A Assembleia dos Povos foi outro importante espaço de participação, onde foram apontadas propostas de convergências das diferentes plenárias sobre os eixos estruturantes da Cúpula dos Povos.

 

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