Expulsão surpresa da Polícia Federal destrói duas aldeias e deixa 9 feridos em Aracruz

Os povos Tupinikim e Guarani foram surpreendidos com a expulsão de sua terra localizada no município de Aracruz (ES) em ação violenta da Polícia Federal que deixou pelo menos nove feridos e destruiu totalmente duas aldeias.

Além dos feridos e da destruição, o líder indígena Paulo Henrique Tupiniquim, membro da Articulação dos Povos Indígenas do Nordeste, Leste e Minas Gerais (Apoinme), foi preso pela polícia por resistir ao despejo.

Na manhã de hoje (dia 20), 120 policiais federais, incluindo um destacamento do COT – Comando de Operações Táticas, de Brasília, contando com um helicóptero, apoio da Polícia Militar e Maquinário da empresa Aracruz Celulose invadiram de forma abrupta e violenta as aldeias Tupinikim e Guarani: Córrego D’Ouro e OlhoD´Água. Na ação  foram utilizadas  bombas de efeito moral, balas de borracha e casas foram destruídas e incendiadas.

Tamanha força mobilizada pelo Estado serviu para expulsar apenas 50 pessoas dos 11,9 hectares retomados em maio do ano passado. A ação surpresa, se configura num ato autoritário e ilegal, pois nem a Funai, nem Ministério Público se encontravam cientes, o que seria um procedimento ilegal. Dois funcionários da Funai local tentaram impedir o despejo, mas não foram ouvidos pela polícia.

A liminar de reintegração de posse foi dada à empresa Aracruz Celulose pelo juiz federal, Rogério Moreira Alves, da Vara de Federal de Linhares, no dia sete de dezembro último, portanto a mais de um mês, o que surpreende mais ainda a falta de comunicação.

Memória

Conflito já tem quase 40 anos
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Os conflitos entre a Aracruz e os índios tupiniquins e guaranis começaram em 1967, quando a empresa comprou a área, no Espírito Santo, para plantar florestas de eucaliptos. Depois de várias ocupações das comunidades indígenas, a Aracruz fez um primeiro acordo. Era o ano de 1983. A empresa transferiu para os dois povos indígenas cerca de 1,7 mil hectares de terra. Aproveitando brechas na ausência do Estado, a empresa ofereceu às comunidades vários projetos sociais, de educação e saúde.

Em 1997, um estudo da Funai reconheceu que os 16 mil hectares eram terra indígena. Uma portaria do Ministério da Justiça, porém, diminuiu para 4 mil hectares a área destinada aos índios. Novos conflitos vêm ocorrendo na região desde então

A empresa é a maior produtora mundial de celulose de mercado de fibra curta de eucalipto e supre 20% da demanda mundial.

Cristiano Navarro
Ass. de Imprensa – Conselho Indigenista Missionário (Cimi)
(61) 21061650/ 9979 7059
www.cimi.org.br

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