A crise da democracia brasileira, a perda dos direitos e desvalorização de homens e mulheres tem se dado com tamanha freqüência, que os governos municipal, estadual e federal não conseguem dar respostas concretas às situações de desigualdades e injustiças sociais.
MANIFESTO
Neste ano de 2006, o Grito dos Excluídos e das Excluídas da Cidade de Manaus, traz na força da indignação as situações mais gritantes que vêm atingindo o povo manauara e todos que aqui chegam nos movimentos de migração. Por isso, nosso manifesto vem de público denunciar todas as situações que tiram do povo a sua dignidade, dentro das questões: saúde, educação, moradia, violência, discriminação contra a mulher, criança e adolescente, homossexuais, questões étnicas e segurança pública.
A crise da democracia brasileira, a perda dos direitos e desvalorização de homens e mulheres tem se dado com tamanha freqüência, que os governos municipal, estadual e federal não conseguem dar respostas concretas às situações de desigualdades e injustiças sociais.
No caso de Manaus, percebemos que é uma cidade de excluídos e excluídas, em nossas periferias falta todo tipo de estrutura básica, forçando o povo a viver nessa situação de miséria.
Por isso vimos aqui de público, protestar, gritar, mostrar nossa cara, nossa indignação e denunciar essas situações que há muito vem atingindo as nossas vidas:
· Queremos dar um basta na situação das COMUNIDADES INDÍGENAS, são mais de 10 mil famílias, completamente desassistidas, vivendo sem a garantia de seus direitos sociais e constitucionais;
· Queremos dizer um basta à situação da EDUCAÇÃO – professores não são valorizados; escolas sem investimento; o número de escolas não são suficientes, muitas crianças e adolescentes sem estudar; falta de professores e o ano letivo está comprometido com atraso das escolas;
· Dizer um basta a VIOLÊNCIA E EXPLORAÇÃO DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES que estão inseridos no mundo da prostituição e do trabalho infantil;
· Dizer um basta, contra DISCRIMINAÇÃO E O MACHISMO, que ceifaram a vida de tantas mulheres e a impunidade dos seus agressores; e da falta de um espaço próprio para a assistência às vítimas;
· Dizer um basta, a humilhação sofrida pela população na questão da SAÚDE PÚBLICA, faltam médicos e remédios. Tempo prolongado para se conseguir uma consulta. A ausência de uma política pública de SANEAMENTO BÁSICO que venha prevenir situações de doenças nas periferias;
· Vimos também gritar bem alto, pois não agüentamos mais essa situação de VIOLÊNCIA, decorrente da falta de políticas públicas adequadas de segurança. Só se investe nos setores industriais, nas áreas onde estão os ricos e no centro da cidade;
· Queremos dizer um basta à CORRUPÇÃO, pois têm marcado profundamente nossa sociedade e causado grande males ao nosso povo;
· Queremos dar um basta a FALTA DE ÁGUA. Muitas famílias que vivem nas zonas Norte e Leste sem o mínimo de água para sobrevivência. Situação essa que vem de longe e que se tornou objeto de disputa eleitoral nas mãos dos políticos oportunistas nessa eleição. Onde está o dinheiro da privatização da COSAMA? Porque a Águas do Amazonas não consegue resolver o problema? Hoje somos mais de 540 mil pessoas atingidas pela falta dágua. Esta situação demonstra publicamente como os governantes têm tratado os problemas essenciais da periferia;
· Queremos gritar contra a DISCRIMINAÇÃO: Contra a discriminação dos ESTRANGEIROS que vivem em nossa cidade e para os quais não existem políticas públicas de acolhida e abrigo, contrariando os acordos que o Brasil assumiu internacionalmente; Contra a discriminação de NEGROS, NEGRAS E INDÍGENAS, que são excluídos do mercado de trabalho e das políticas públicas de saúde, terra e educação; Contra a discriminação de GAYS, LÉSBICAS e TRANSGÊNEROS, não assegurando a liberdade de orientação sexual;
· Gritamos contra a exclusão de trabalhadores, que como os CATADORES de materiais recicláveis, catadores e catadoras, lutam para serem reconhecidos e respeitados em sua dignidade;
· Queremos gritar contra a ausência de POLÍTICAS PÚBLICAS PARA HABITAÇÃO. Os governantes não se preocuparam em Planejar a ocupação do solo no Amazonas, 83% das áreas do Estado estão irregulares, sem titulação. O déficit habitacional chega a 62 mil moradias, gerando 57 áreas de ocupação somente em Manaus;
· Queremos gritar contra a violação dos direitos da PESSOA IDOSA. Muitos idosos estão trabalhando nas ruas, pedindo esmolas, dormindo nas calçadas, famintos, desnutridos e sob a mais absoluta negligência e omissão do poder público e da sociedade em geral. Sem falar da luta para sobreviver com um vergonhoso salário mínimo;
· Gritamos também, contra a degradação da FLORESTA AMAZÔNICA, patrimônio brasileiro que vem sendo devastado por interesses do capital e da ganância econômica.
· Queremos reafirmar que continuamos nossa luta de combate a corrupção, que tem marcado profundamente nossa sociedade e causado grandes males ao nosso povo;
· Queremos gritar contra a MOROSIDADE DO MINISTÉRIO PÚBLICO ESTADUAL em relação às denúncias, processos, encaminhados pelos movimentos sociais, ongs, igrejas, sindicatos, comunidades, Associações, grupos e que são esquecidos nas gavetas. Em particular, casos de violência contra as mulheres, violência e agressão por parte de policiais nas ruas e nas delegacias.
Quantas pessoas vão precisar perder suas vidas, morrer de fome, vítimas da violência, quantos precisam ficar sem água, sem casa, sem educação, para nós movimentos sociais, povo de deus, possamos transformar essa nossa indignação em força de transformação.
Por isso, esse nosso Grito dos excluídos e excluídas na força da indignação, possa soar como um eco de transformação, onde os movimentos sociais e demais forças da sociedade comecem a integrar uma agenda positiva comum de reivindicações e de formulação de um projeto mais justo e solidário para a cidade de Manaus.
Manaus, 07 de Setembro de 2006.
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