Educadores de Goiás e Distrito Federal aprofundam o método de educação popular

Um grupo de 55 representantes de movimentos sociais e entidades participou, em Goiânia, de 09 a 11 de fevereiro de 2007, da 1ª etapa do Seminário Educação Popular, organizado em parceria pela Rede de Educação Cidadã do Distrito Federal e Goiás e Casa da Juventude Pe.Burnier.

Educação popular e educação formal. Tema gerador e contra tema. Estes, e outros, foram os assuntos aprofundados pelos participantes da 1ª etapa do Seminário Educação Popular, assessorado por Guadalupe Menezes, educadora da rede municipal e coordenadora do Projeto de Educação de Jovens e Adultos de Porto Alegre-RS.

Os participantes foram levados, pela metodologia do seminário, a confrontar suas diferentes práticas educativas com o método de educação popular proposto por Paulo Freire. De acordo com Guadalupe, a educação popular se diferencia da educação formal na medida em que assume um compromisso com as classes populares e oprimidas tendo em vista a transformação social.

Contudo, a assessora destacou que, embora popular, é necessário manter o rigor metódico. “É a  relação entre o conhecimento já produzido e o saber popular que vai produzir um novo conhecimento a partir do permanente e amoroso diálogo entre educandos educadores”, disse.

Para o rapper Marco Aurélio Dantas, 21 anos, do grupo Militância Hip Hop de Samambaia-DF, algo novo que descobriu no seminário foi a necessidade de aprender a respeitar o que o(a) outro(a) traz de experiências. “A gente, muitas vezes, não aceita pontos de vista diferentes do nosso”. A educação popular, segundo ele, ensina que a divergência é importante porque é a partir dela que é possível ampliar e superar a visão ingênua para uma percepção mais crítica da realidade.

Fabiane Albuquerque, 27 anos, há um ano acompanhando uma associação de mulheres do Movimento de Luta pela Moradia em Goiânia, descobriu que a educação popular é mais exigente que a educação formal, uma vez que nos obriga a pesquisar a realidade e a nos comprometer com ela. Segundo a educadora, o maior desafio da educação popular atualmente é a falta de pessoas capacitadas para desenvolver o trabalho com a seriedade e compromisso que ele exige.

Para a militante do Movimento dos Atingidos por Barragens (Mab), Guiomar Pereira da Silva, 34 anos, de Minaçu-GO, o seminário vai melhorar seu trabalho como educadora popular junto aos jovens do Mab. Para o professor do cursinho popular pré-universitário desendolvido pela Casa da Juventude, Waldeir Eterno, de 21 anos, o seminário despertou a necessidade de ler mais Paulo Freire e ser mais coerente na ação.

Nova parceria
O coordenadora-geral da Casa da Juventude, parceira da Rede, Rezende Bruno Avelar, 46 anos, disse que o seminário foi um exercício novo de reunir um grupo com diferentes trajetórias no campo da educação popular, fato que, segundo ele, enriqueceu a troca de experiências.

Os movimentos e entidades saíram com a tarefa de desenvolver em suas localidades a pesquisa da realidade, levantando as falas mais significativas que serão trabalhadas na 2ª etapa do Seminário, marcada para 11 a 13 de maio, com assessoria do professor Antônio Fernando Gouvêa da Silva, da Universidade Federal de São Carlos-SP.

Quem vai  fazer o levantamento sobre as falas significativas:
Centro de Estudos Bíblicos do Planalto Central – Brasília-DF
Casa da Juventude Pe. Burnier – Goiânia-DF
Coletivo de Mídia Independente – Goiânia-GO
Fórum de Economia Solidária – Goiás
Movimento dos Sem Terra – Goiás
Movimento dos Trabalhadores Desempregados – Sobradinho-DF
Movimento Nacional de Catadores de Material Reciclável – Goiás
Movimento Hip Hop UMH20 – Goiás
Movimento dos Sem Teto do Grajaú – Goiânia-GO
Serviço Pastoral dos Migrantes
Vida e Juventude – Brasília-DF

Por Willian Bonfim

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