Recid Promove encontro no sertão da Paraiba

A Rede de Educação Cidadã da Paraiba em parceria com a CAAASP e STR – Aparecida promoveram o primeiro encontro micro-regional do sertão paraibano em Cajazeiras nos dias 12 e 13 de março

PRÉ-RELATÓRIO MICRO-REGIONAL RECID – SERTÃO
CAJAZEIRAS/PB, 12 E 13 DE MARÇO DE 2007

O I Encontro Micro-Regional do Sertão foi realizado com a participação de 60 pessoas, que tinha como linhas gerais a temática de Segurança Alimentar e Nutricional, Economia Solidária e Controle Social e corte temático para Geração de Trabalho e Renda.

Após uma mística que envolveu cantos, liturgia e apresentação dos participantes, a equipe de organização do evento apresentou a proposta de pauta aos participantes, que foi construída em conjunto com representante da RECID, CAAASP e STR/Aparecida no dia 12 de março de 2007 na sede do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de APARECIDA, prontamente aprovada pelos participantes. A companheira Ivanise fez uma apresentação da proposta da Rede de Educação Cidadã, a partir de um resgate histórico e descrição da atuação da RECID em nosso estado.

Na seqüência a companheira Elza da Central das Associações dos Assentamentos do Alto Sertão Paraibano – CAAASP, assume os trabalhos apresentando uma síntese do que é Rede com a seguinte descrição:

O QUE É REDE?

“Uma articulação entre diversas unidades que, por meio de certas ligações, trocam elementos entre si, fortalecendo-se reciprocamente, e que podem se multiplicar em novas unidades, as quais, por sua vez, fortalecem todo o conjunto na medida em que são fortalecidas por ele, permitindo-lhe expandir-se em novas unidades.”
Euclides Mance

Segui trazendo outros conceitos e mecanismos de conectividade, organicidade, multiplicação, dinamismo, aspectos democráticos entre outras singularidades da articulação em rede. Ao término de suas considerações abriu a fala para a participação do grupo que colocou suas observações e comentários.

A tarde foi dada continuidade aos trabalhos com a metodologia de CARROSSEL DE EXPERIÊNCIAS onde os participantes se dividiram em 05 grupos que visitavam os locais onde estavam sendo apresentadas as experiências que se mudavam de experiência a cada 15 minutos. Os temas das oficinas foram:

· Rede de Educação do Semi-árido brasileiro
· Rede de Cultivo Agro-ecológico
· Rede Saúde e Alimentação
· Protagonismo Juvenil – CEMAR
· Experiência da RECID

Concluído os cinco relatos, os grupos voltaram para a plenária e trouxeram as seguintes considerações:

A REDE DE SEMENTES DA PAIXÃO-  Apresentou seus participantes e fez um destaque para a contribuição da rede para a preservação das sementes nativas, também denominadas como crioulas, como forma de preservar a resistência do homem do campo pela compatibilidade com o clima e as características regionais. Além de contribuir com a discussão para a reflexão sobre os transgênicos e agrotóxicos.

REDE ABELHA –  Destacou o crescimento significativos da rede junto aos novos assentamentos, que se apropiaram de outras experiências em outros assentamentos para fortalecer e difundir o cultivo do mel como alternativa viável para o semi-árido. Destacou que a experiência com apicultura fez com que 03 assentamentos colocassem em seus projetos de investimento a produção de mel de abelha. Apontou ainda que 03 Ministérios apóiam a Rede Abelha e a abertura de muitos outros financiadores sensibilizados para o tema. Relatou um pouco sobre o 16º Encontro de Apicultores realizado em CAJAZEIRAS atraindo vários estados do país – a conquista da Casa do Mel, que no estado está localizada em Aparecida. São 64 Apicultores acompanhados pela Rede. A dificuldade em conquistas o SIF – Selo de Inspeção Federal – o que tem dificultado a comercialização do produto em vários pontos comerciais significativos. Estão formando uma cooperativa que está em fase de fortalecimento. Novo Projeto: Treinamento quanto a questão do Pregão. A luta principal é fazer com que o MEL SEJA CONSIDERADO ALIMENTO. Não como remédio. Dificuldades – a inserção do mel na merenda escolar. Porque precisa de máquina para fazer sachê e ainda não foi possível adquirir. Inimigos – Produtores da cana e devastação da caatinga.

Luciano – Parabeniza as crianças pela apresentação nas oficinas. E destaca que o livro temático “Conhecendo o Semi-árido” vem para desmistificar a imagem de um sertão que só tem caveiras de bois num momento em que a educação está globalizada. Comenta ainda sobre outras tecnologias de convivência com o semi-árido como as barragens subterrâneas, mandalas, sisternas – Oportunidade de educação através do INCRA/PRONERA e o convênio com a escola agro-técnica, contribuindo para a quebra dos preconceitos impostos aos jovens assentados por “SEREM DE ACAMPAMENTO” e não terem acesso a educação. Hoje as pessoas gostariam de participar das vantagens de ser um assentado, um acampado. Ainda assim a alfabetização é um desafio do campo. Parabenizando os jovens pela oficina de protagonismo juvenil pela formação de uma nova geração crítica e participativa. Enfatizou ainda o CULTIVO AGRO-ECOLÓGICO – o conhecimento dos meninos e o trabalho solidário.

Edílson – Abriu sua fala com destaque para a educação e cidadania e a necessidade para o Lobby Advocacy – assessoria jurídica. O estímulo a Pastoral Carceragem. Concluiu ainda que a experiência da RESAB foi o mais receptivo as sugestões. Chamou a atenção para uma educação que não estimule o consumo através de datas comemorativas. A necessidade de incluir o discurso de gênero nas experiências. Reconheceu e valorizou o fatos dos meninos do Cultivo agro-ecológico terem domínio e conhecimento sobre os elementos da flora da nossa região e valorizou o sentido eclético do encontro pela diversidade de faixa etária dos participante e abrangência das temáticas.

Zé Ribeiro – Parabenizou a organização do evento e o respeito a diversidade dos participantes e a história dos meninos e meninas protagonistas que participaram do evento. Alertou ainda que para os movimentos sociais não basta apenas o exercício das falas propositivas, que por si só não são suficientes, mas a militância nas bases e comunidades como real exercício da cidadania. Como exemplo destaca as experiências do Carrossel como iniciativas bem sucedidas neste campo.

Socorro de Acau㠖 Valorizou a participação das crianças e adolescentes como protagonistas nas oficinas – e coloca a inclusão como ferramenta para enfrentar os preconceitos – faz uma acolhida ao pessoal do CEMAR. Destaca a importância de traçar as ações das Redes com respeito esta diversidade temática. Saúda a companheira Geraldina que está voltando a participar após um período bem difícil em sua vida com a partida de seu esposo. Coloca-se na condição de “Sempre aberto a aprender, mesmo sendo experiências já conhecidas. Só que agora revisitada a partir de outro olhar.” Coloca que falas dos jovens como ferramentas educativas, cunho e conteúdo político e politizado. Retomando a discussão da comercialização de produtos fala sobre a luta pelo selo verde – para provar que é produto agro-ecológico, como uma imposição dos grandes para deter os as iniciativas solidárias. Ressalta ainda a questão do controle político (que passe da questão eleitoral) e social e a necessidade de multiplicação das experiências em assentamentos.

Socorro Gouvêa – Positiva a união de vários seguimentos sociais na discussão para a convivência com o semi-árido. O mais empolgante é este novo formato novo de discutir os movimentos do campo e da cidade. Integração entre as redes. É importante discutir de que forma a produção de milho e feijão no inverno está chegando a cidade? A quem atende? É importante estabelecer uma pauta comum, uma UNIÃO DO CAMPO E DA CIDADE. Reforçar e ampliar uma parc
eria planejada e continuada CEMAR – CPT, para mais que ações pontuais. A aproximação dos discursos campo e cidade. Iniciativas que podem ser tomadas e potencializadas. Desafio de articular na dimensão organizacional de todo o município. O desafio de unificar demandas do CAMPO E DA CIDADE. Despertar para uma grande revolução do CAMPO E DA CIDADE. A CAAASP/CPT atuam diretamente m 13 CIDADES sertanejas entre outras MARIZÓPOLIS, POÇO DANTAS, SÃO DOMINGOS, PAULISTA, JERICÓ, SÃO JOSÉ DE LAGOA TAPADA, BONITO DE SANTA FÉ, CAJAZEIRAS, POMBAL e TRIUNFO. A luta em rede é pra mais que conquistar a terra e permanecer nela. Vivenciar todas as políticas públicas a pesar da diversidade dos assentados. Outra questão colocada foi quanto a rejeição do Prefeito de Aparecida contra os acampados. Uma  negação a cidadania dos assentados/acampamentos de Aparecida pelo Prefeito ao referir-se a eles como sendo um problema do INCRA e não do próprio município. Como resposta a comunidade se mobilizou e trabalhou no sentido de fundar o sindicato dos trabalhadores de Aparecida, que apesar do preconceito, hoje abriga 1.500 sindicalizados. E diversidade deste evento aponta para um grande passo para entrelaçar RECID(cidade) e outras redes(campo).

Júlia – A nova perspectiva para a vida dela. Vejo a RECID como uma grande diretriz. Um projeto amplo. E as outras Redes como consolidação desta cidadania através das questões levantadas aqui pelos jovens, crianças e a revolução da produção do campo.

SANTOS – Representa o resgate do saber social a partir da rede de saúde alimentação. A perspectiva de conhecer outros pontos de vista como oportunidade de ver outras possibilidades para a mudança da visão de mundo.

Outros companheiros colocaram como sendo marcante a introdução da idéia de protagonismo para o acampamento por ter muitos jovens que precisam se reencontrar com seus poderes e valores. Significativa ainda é a quebra do preconceito a partir da visão da RESAB contribuindo para as crianças e adolescentes produzirem uma nova auto-imagem e também do semi-árido.

Foi abordado ainda que crianças e adolescentes a experiência agro-ecológica trouxe em evidência a participação de crianças e adolescentes como sujeitos de sua própria história através do resgate das plantas nativas e medicinais. Aos jovens protagonistas, que tratam da prática esportiva, fizeram um chamamento para organizarem-se e lutarem por outros direitos em outros segmentos como saúde, educação, meio ambientes….

Elza – considerações finais – Valorizou o livro temático da RESAB semi-árido como produto político e pedagógico, além das experiência com farmácia viva, que vem “puxando o nó e tecendo fios dessa Rede”. A necessidade de dinamização das coisas através de metodologias que estimulem a vivência de novas experiências. Valorizou o evento como uma visão do novo como forma de reforçar o caminho de quem já está trilhando.

MOMENTO SÍNTESE

Após fazer um resgate da participação da companheira Elza sobre Redes, das falas e das experiências do Carrossel, o companheiro Denis trouxe as seguintes provocações como desafios para a Convivência em Rede:

ü A sobreposição do projeto político de cada entidade como limitante das ações das Redes.
ü Convivência com discursos diversos dentro do mesmo espaço político de articulação;
ü Ser propositivo do ponto de vista da definição da pauta de políticas públicas da região, estado e da Nação;
ü A falta da sistematização dos resultados promovidos pela rede – mais ainda, a necessidade de ter forte dentro das Redes e entidades os princípios de PLANEJAMENTO, MONITORAMENTO, AVALIAÇÃO E SISTEMATIZAÇÃO;
ü Interação entre Redes, Fóruns e Conselhos na deliberação sobre pautas comuns;
ü A apropriação de temas transversais como gênero, direitos humanos, diversidade sexual, portadores de necessidades especiais, idosos, crianças, jovens, questões raciais entre outros temas na pauta das redes;
ü O entendimento de Educação Popular como centro da construção do projeto político alternativo para o Brasil.

Abrindo o momento para discussão os participantes colocaram suas considerações, angústias e dúvidas sobre a atuação em rede. Ao término deste momento, a plenária foi dividida em 03 grupos para trabalhar as seguintes questões:
· Quais as estratégias de articulação das Redes do Sertão?
· Quais as demandas das Redes Sertanejas nas áreas de formação, oficinas e assessoria?

RESULTADO DOS TRABALHOS EM GRUPO

GRUPO I

Estratégias
ü Socializar as agendas estaduais de todas as redes
ü Provocar a instalação da RECID em mais cidades
ü Participar da festa da semente da paixão – Convite para a asa participar do encontro estadual

Demandas
ü Formação para o vale do Piancó;
ü Realizar oficinas nos municípios com as temáticas-chave (Economia Solidária, controle social e segurança alimentar)
ü Oficina para elaboração de projetos institucionais – redes.

GRUPO II

Estratégias
ü Reforçar a comunicação e reforçar outras experiências com outros seguimentos sociais.
ü Articular a comunicação com os agentes do campo e da cidade.
ü Desenvolver oficinas com os temas segurança alimentar, economia solidária, controle social e Temas transversais: priorizar juventude e identidade com o semi-árido, gênero, diversidade sexual e políticas públicas; Reflexão sobre a sustentabilidade da RECID.

Demandas
ü Foco para economia solidária – Educação Popular

GRUPO III

Estratégias
ü Fortalecimento das Redes através de sua interligação – comunicação, encontros mensais, sistematização das experiências e visitas de intercâmbio;

Demandas:
ü Encontros de formação em políticas públicas;
ü Protagonismo juvenil para as comunidades rurais e urbanas, gênero e reforçar o núcleo famílias;
ü Assessoria pedagógica e elaboração de projetos
ü Assessoria técnica e jurídica.

AVALIAÇÃO

· Faltou a participação de outras experiências significativas do sertão;
· Atraso no início dos trabalhos;
· Conteúdo muito bom pela diversidade de temáticas;
· Boa metodologia – pelo caráter participativo;
· Alimentação boa;
· Participação significativa das pessoas;
· Lamentamos a ausência de Andréa – articuladora do sertão; – Ivanise justificou;
· Dividir os momentos para as temáticas para facilitar o entendimento;
· Faltou colher no início do evento as expectativas do grupo para avaliar se elas foram atingidas;
· A infra-estrutura ficou a desejar – alojamento, banheiros…
· Faltou organizar grupos de limpeza, animação, liturgia, sistematização;
· Metodologia dinâmica;
· Convivência fraterna;
· Excelente ferramenta para a troca de experiência – com a metodologia do Carrossel de vivências;
· Bom nível de participação das pessoas;
· Clareza dos discursos no grupo;
· A prestação de contas atrapalhou o processo – chamando as pessoas durante o evento;
· Pessoas que falavam e saiam sem esperar a contribuição interrompiam o processo;
· A participação dos jovens protagonistas foi uma excelente surpresa;
· A gestão do tempo – as pessoas não respeitaram a mística do evento;
· Tema do evento muito apropriado;
· Elza não teve tempo para se preparar para a palestra o que dificultou um pouco;
· Conteúdo rico e estratégico – no sentido de compreender o mundo do outro. O nosso acúmulo;
· Pessoas dispersas;

· Foi diferente porque sempre me lembro de corrossel como um relato nosso para as pessoas. Dessa vez foi diferente. Ouvimos outras experiências.

Cajazeiras, março de 2007

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