Ex-ministro da Segurança Alimentar e Combate à Fome no governo Lula, José Graziano da Silva participa da III Conferência Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional, que acontece até 6 de junho em Fortaleza, como representante regional da Organização das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação (FAO, sigla em inglês).
Em entrevista, Graziano apresentou ações elaboradas pela FAO para erradicação da fome na América Latina e discutiu as diretrizes para a implantação do biodiesel no Brasil. Sobre a questão da segurança alimentar, o ex-ministro afirmou que a FAO defende a implantação de uma alimentação saudável para a população. "Não basta apenas quantidade, é preciso qualidade. Isso hoje é tão importante quanto a falta de comida", disse. Adital – Quais são as prioridades da FAO em relação à América Latina? Graziano – Trabalhamos hoje com sete prioridades na América Latina. A primeira delas é a erradicação da fome, à qual todo o nosso esforço está voltado. Trabalhamos também com as doenças transfronteiriças. Hoje duas doenças estão no topo da nossa preocupação: prevenir a gripe aviária e erradicar a aftosa. Essa última é o nosso maior problema porque tira mercados da exportação da carne brasileira, argentina e uruguaia, que são os países que correspondem a dois terços da carne produzida no mundo. Tem também a prioridade da bioenergia: desenvolver programas que não afetem a segurança alimentar e o meio ambiente. Outra é a preservação da biodiversidade e recursos genéticos. Temos também o tema da inocuidade alimentar e da sustentabilidade ambiental: estamos muito preocupados com o avanço do desmatamento, pois a América latina é a campeã mundial do desmatamento, principalmente, pelo avanço da pecuária na Amazônia e região andina. E, finalmente, a prioridade de desenvolvimento rural. Metade dos nossos extremamente pobres vive em zonas rurais e se não tivermos políticas de desenvolvimento rural, não seremos bem sucedidos na erradicação da pobreza extrema. Adital – Que tipo de ações a FAO está desenvolvendo para erradicar a fome? Graziano – A iniciativa América Latina Sem Fome tem três componentes. O primeiro deles é a implantação de uma sensibilização em combate à fome. Os governos precisam estar atentos a isso. A maior parte deles não tem a fome como prioridade. A segunda: em sete paises, que são os mais pobres (Paraguai, Bolívia, Nicarágua, Guatemala, Haiti, El Salvador e Honduras), temos políticas de segurança alimentar que são financiados pela FAO. Uma terceira linha de trabalho que estamos desenvolvendo é a implantação da institucionalidade. Ajudamos para que esses países debatam e implantem leis como o Brasil. Fonte: Adital |