Em janeiro de 2007 a Rede de Educação Cidadã/Talher Amazonas juntamente a um grupo de colaboradores, reuniu-se para refletir e aprofundar um estudo específico do livro: "Vamos lá fazer o que será", que fora produzido por todos os estados brasileiros.
SUJEITOS HISTÓRICOS ESCREVEM HISTÓRIAS DE VIDA
(construção coletiva dos colaboradores da Rede Talher/AM)
Em janeiro de 2007 a Rede de Educação Cidadã/Talher Amazonas juntamente a um grupo de colaboradores, reuniu-se para refletir e aprofundar um estudo específico do livro: Vamos lá fazer o que será, que fora produzido por todos os estados brasileiros. Neste estudo pudemos perceber o quanto essa construção coletiva foi e continua sendo fundamental para a ação transformadora e libertadora da realidade de cada protagonista que está envolvido nesse processo continuo de formação.
A forma como a história da Rede encontra sistematizada dar-se a analisar algumas questões nacionalmente, mas regionalmente está superficial e poderia ser mais especifica em várias áreas. Através da sistematização podemos perceber os pontos positivos e negativos das ações coletivas e decisões e ações do governo. É notório também frisar que as ações desenvolvidas pela Rede em nível nacional e estadual muito contribuíram e continuam contribuindo com a motivação do desenvolvimento da consciência cidadã desta população. Esse estudo nos possibilitou rever à caminhada, nossas construções e nossos grandes entraves nesta luta por vida digna e de qualidade.
Podemos perceber através do estudo e da experiência sobre a nossa Amazônia, em se tratando da realidade, que esses desafios são bem mais complexos do que se apresenta na sistematização. Devido suas características peculiares que diferem das demais regiões do Brasil. Neste sentido vale ressaltar que o contexto geográfico de cada estado que compõe a região norte é caracterizado por necessidades difusas, ou seja, temos uma região com uma diversidade cultural, populacional e territorial que nos levam a uma realidade heterogênea.
Vendo toda essa diversidade é que lembramos das palavras de Lula: Enquanto todos os brasileiros não tiverem assegurado três refeições ao dia, eu não terei sossego. E as dificuldades de chegar aos vários pontos da nossa região é que também torna esse sonho complexo, mas não impossível. As ações se tornam limitadas conforme as nossas possibilidades, nossas estradas são rios, nosso meio de comunicação é a paciência. E acreditar na força do povo é que torna nossa mística viva.
Sempre foi um desafio atingir as metas geográficas do país, principalmente na primeira etapa de desenvolvimento e estruturação da Rede, pois não havia recursos de convênios, mas obteve financiamento através de aprovação de seus projetos, vemos e percebemos a importância do voluntariado e a força do povo em favor da mudança. Por isso a importância de se perguntar aos voluntários/as suas opiniões sobre o desempenho da Rede.
O convênio com MDS, os Comitês Gestores, foi um marco para estruturação da Rede na primeira etapa, pois através destes chegou a 22,5%, dos municípios do país. Com o objetivo de atingir a meta, novas metodologias foram aplicadas, Princípios Metodológicos da Educação Popular Crítica, Educação Cidadã, firmado a parceria com o Instituto Paulo Freire. A metodologia Freiriana que fez aproximarmos mais do povo, dos grupos que se encontravam em processo de organização, podendo nos dar novos caminhos e opções de transformações. É sempre importante citar a formação como uma grande arma nessa luta, capacitar nossas potencialidades é firmar nossas raízes, outra grande estratégia é a nucleação, assim podendo, acompanhar e mobilizar a sociedade civil organizada e não organizada. Através dessa metodologia os grupos organizados puderam se aproximar e se unir fortalecendo, assim, nossas ações e decisões. Devemos sempre destacar o quanto o povo acredita nessa luta, e investir na formação, nas nucleações, não é jogar dinheiro fora.
Capacitar às lideranças é essencial, e o estudo sobre analise de conjuntura, Educação Popular e organização social, direitos sociais, políticas públicas e programas sociais, controle social, segurança alimentar e nutricional, economia solidária, cooperativismo, mística, relação de gênero e etnia são bastante importante como inicio de uma preparação, auto conhecimento é por isso que devemos analisar a questão continuidade. São temas que nos fortalece, mas ainda nos limita a algumas questões, como jurídica, técnica, profissionalizante e outras que nos põem a questionar o mercado competitivo, dando-nos a analisar parcerias com instâncias de Formação.
A ação libertadora promovida por cada voluntário, nos traz a uma Educação Popular que promove e gera alternativas do que será, diante dos vários desafios que a Rede nos proporciona conhecendo nossa realidade e outras experiências de mobilização e construção de uma sociedade que quer e busca novas alternativas tendo em vista, o aperfeiçoamento e crescimento da Rede.
Através das ações sociais e da articulação feita nas diferentes bases é que podemos perceber a diversidade e especificidade do povo. Deixando claro que… O egocentrismo do capitalismo liberalista não favorece o povo, não implica consciência critica, pregando competitividade e individualidade entre os sujeitos, gerando desigualdade (MACPS). Enquanto o sistema governamental não reformar a política institucionalizada conforme o desenvolvimento da sociedade, o Brasil continuará subdesenvolvido. E se a sociedade não aderir ao processo coletivo visando o bem comum, continuará se submetendo as migalhas do capitalismo.
Baseado nas histórias libertadoras das ações sociais é que podemos ver que há a necessidade da organização do povo, empoderando na sociedade civil (grupos organizados) sendo que as ações sociais são inerentes ao poder institucionalizado, nos levando a analisar uma nova metodologia especifica a cada região.
O Programa Fome Zero como política de Segurança Alimentar e Nutricional nos propõem novas possibilidades, mas não assegura uma vida os diretos prioritários para que a população tenha de fato vida digna. Os Comitês Gestores como se encontra na história desde o inicio, eram fortes sementes de democracia que foram tomadas do povo e submetida ao poder municipal, que a partir dessa ação nos torna inerentes e limitados nas nossas ações enfraquecendo o povo civil organizado.
Os modos de ações e fiscalização feita pela instância que está submetida a executar essas funções são muito superficiais, desfavorecendo quem realmente precisa. E o Conselho Municipal de Segurança Alimentar e Nutricional muitas vezes foge da realidade e da necessidade do povo.
Em relação ao Talher Amazonas uma das questões que se torna um impasse é a quantidade de contratados, pois a extensão geográfica e dimensão demográfica da região são amplas para cinco agentes articular e mobilizar. O Amazonas está dividido em 62 municípios, atualmente o Talher se encontra em 39 desses Municípios, o que nos leva a perceber os limites ultrapassados e a dificuldade de articulação nesta ampla geografia e demografia. Sem esquecer que o principal meio de transporte do Estado é o hidroviário. E a capital do Amazonas o município de Manaus possui uma população de 1.403. 796 de habit
antes (1.394.724 habitantes na área urbana 9.072 na
área rural). No Talher Amazonas foi nucleado apenas 2 bairros com 7 grupos , atingindo 75 famílias (estatística de 2006).
A luta da Rede de Educação Cidadã/Talher Nacional e Local desde de 2003 vem se concretizando, ultrapassando limites e vencendo dificuldades diversas, como a estrutura metodológica do convênio que constitui certas medidas necessárias para transparência e o uso adequado e ético do recurso, aprendendo a cada passo a adequar seus métodos de ensino popular que vem sendo trabalhado e construído conforme as experiências vividas. As exigências legais de prestação de contas como um controle do uso adequado, que certas vezes nos faz contradizer as nossas posições políticas, não podendo utilizar os produtos da economia solidária no mercado por conta das inúmeras exigências que vem dificultando todo o processo de formação dentro do Estado.
A incerteza dos convênios e a demora da deliberação dos recursos para execução das ações da Rede também nos põem a parede, limitando certas ações, mas que estão sendo ultrapassadas e vencidas conforme nossas medidas através da metodologia popular, que nos ensina a partilhar e compartilhar saberes e experiências vividas ao longo da história. Através das Instituições de apoio, dos próprios grupos organizados, a força e união nos fortalecem, não deixando-nos a mercê, mas não é a solução, pois a falta de formações, do material pedagógico e outras questões nos dispersam em algumas situações e o tempo não nos espera, mas a esperança move nossa mística a mudança.
Muitas barreiras foram vencidas e a família Talher foi se consolidando nos levando a imaginar já pronto o Projeto Político Pedagógico Nacional e pondo em prática todos os nossos objetivos. Como continuar o processo com todas as famílias? A Rede como todos os grupos sociais lutam por espaço em meio a essa sociedade capitalista, onde somos muitas vezes forçados e manipulados por uma cultura elitista, como sobreviver dentro das escolas formais com uma estrutura de ensino burguês? Que separa por classes o ser humano, como se fossem superiores.
Qual é o papel da Rede que perpassa nessa delineação permeável do sistema capitalista? Lutamos todos juntos por uma sociedade, um Brasil para todos.
Podendo chegar ao mais necessitado dos seres humanos, como transformar a realidade de um contexto que vem sendo escrito há séculos? Não somente de cima para baixo, mas horizontalmente, onde todos são tratados com dignidade. Essa fórmula não esta pronta, vem sendo trabalhada a cada passo, por cada ação. Como intervir na sociedade? Não devemos nos prender ao individualismo, a competividade, mas ao coletivo. Como mudar o sistema? Análise crítica, nos levando a agir, formulando ações, gerando discussões, e não esperando brotar da rocha água. Acreditando, vendo e ouvindo…
VAMOS LÁ FAZER O QUE SERÁ
(Grupo de colaboradores da Cidade de Deus)
É grande a alegria de contribuirmos para o processo de crescimento dos trabalhos da Rede de Educação Cidadã dos inúmeros voluntários e educadores populares por esse Brasil-a-fora. Diante dos grandes e inúmeros desafios e dificuldades de locomoção do nosso estado, ainda é possível sonhar com um Brasil diferente, com proposta de desenvolvimento e crescimento. Imaginar tudo o que realizamos é acreditar que podemos e temos a capacidade de sermos independente e tornamos nossos sonhos reais. Diante de uma educação simples e popular, mas de grande significado social e crescimento humano.
Todo trabalho de educação da rede nos deu a alternativa de capacitação e desenvolvimento diante dos desafios e propostas de crescimento de nossos núcleos de famílias.
A partir desse processo é que realizamos a primeira feira de economia solidária do bairro da Cidade de Deus. Trabalho que surgiu da necessidade de geração de renda, já que nossa comunidade esta em um dos bairros mais violentos de nossa cidade, periferia de Manaus. Criando uma nova alternativa de desenvolvimento social, diante de uma promoção humana e libertadora que propõe a rede. Uma educação libertadora. Analisar todos os trabalhos da Rede em todo Brasil, em cada local, em cada região é fomentar o desejo mais comum dos movimentos sociais, a liberdade, seja onde for e como for.
Um Brasil diferente é o que todos sonhamos diante da necessidade social e do comprometimento que cada voluntário cada educador que se propõe a modificar a história e construir uma nova página na sociedade.Queremos uma sociedade cada vez mais justa e solidária diante do desenvolvimento mutuo de cada mulher, homem, jovem, criança, excluído (a).
Na proposta de uma nova sociedade, consciente é que chamamos a atenção diante de uma citação do livro, A vida de São Benedito onde o autor cita a seguinte frase Muitos se servem dos pobres poucos realmente servem os pobres.
REDE DE EDUCAÇÃO CIDADÃ
(Grupo de colaboradores do Zumbi dos Palmares)
Uma grande família de vários rostos, vários costumes, vários caminhos, mas com um objetivo enraizado no chão, na esperança, confiante na utopia que se torna aos poucos realidade. Uma família que tem fome de pão e de beleza, com a missão de levar aos irmãos e irmãs excluídos por uma sociedade injusta o Talher como instrumento de uma grande ceia, unido na Mesa da Sensibilização e Mobilização Social saciando sua sede tomando o líquido do Copo do estímulo da consciência crítica e saboreando o alimento temperado com Sal da sensibilidade cristalina e a mística que move e fortalece o coração humano, assim, podendo também degustar da Segurança alimentar e Nutricional no Prato da Mudança.
Caminhando por cainhos cheios de pedras e espinhos essa família está tão próxima do povo, que dá até para ouvir sua voz gritando bem alto, não a fome, dignidade ao povo é o que nós queremos. Na televisão, nos rádios e até mesmo nos jornais, podemos ver, ler ouvir a Voz Da Comunidade, crescendo cada vez mais e aumentando a família cidadã nessa grande maloca, mosaico de cultura que é o Brasil.
Tecendo uma rede de ações sociais, onde tantos sujeitos históricos escrevem historias de vida, onde no palco da vida há muitos protagonistas. Sem terra, sem teto, quilombolas, quebradoras de babaçu, grupos indígenas, são tantos que levariam horas lembrando cada uma deles e delas, homens, mulheres, jovens, guerreiros e guerreiras que vem e vão, que lutam por seus direitos e direitos dos desfavorecidos, catadores e catadoras que sonham com uma vida melhor.
Janderson (Voluntário)
A voz da revelação/
Desenterrou da areia do tempo/
O baú dos sonhos deixados para traz/
Já posso ver…
Uma grande revolta/
No coração a indignação/
Vendo o povo sofrendo calado/
Joelhos sangrados/
Jogados no chão/
Já posso ver…
Somos feitos(as) desta terra/
Somos filhos(as) deste chão/
Somos Guerreiros(as) de Zumbi/
Somos filhos da revolução/
Trecho da música Povos de Zumbi, banda Tribo Urbana Movimento Artístico Cultural Pronto a Servir MACPS.
Agindo…E é nesta força, unido nesta delineação que aos poucos nas nossas ações construímos dentro desta maloca um lugar de todos.
Nem um de nós é bom suficiente como todos nós juntos
Autor desconhecido