Figuras comuns nas ruas das cidades, há quatro anos centenas de catadores de materiais recicláveis de Santa Maria, região Central do Rio Grande do Sul, encontraram uma forma de ir além da catação. Inseridos no programa Catando Cidadania, do Projeto Cooesperança, recicladores ligados a diferentes associações da região passaram a ter aulas de origami, artesanato, informática, cursos de línguas e até de canto.
Foi exatamente através do programa que cerca de 50 catadores deixaram um pouco de lado o lixo das ruas para subir nos palcos da cidade. Criado em 2003, o Coral dos Catadores já fez apresentações em diversos pontos da cidade e já chegou inclusive a se apresentar para um público de mais de 3 mil pessoas nos três Fóruns Sociais Mundiais do qual participou no Rio Grande do Sul.
Margarete Vidal, catadora da Associação de Seletores de Materiais Recocláveis (Asmar) e participante do Coral, diz que o trabalho desenvolvido pelo Catando Cidadania conseguiu elevar a sua auto-estima e deu mais segurança para lutar pelo que quer. “A gente conseguiu conquistar o respeito pelo que a gente faz”, comemora.
Mais que uma vaidade, para muitos dos catadores, participar das atividades realizadas pelo Catando Cidadania é uma forma de inserção social e a garantia de um crescimento pessoal e profissional. “Para eles, é o máximo poderem cantar em locais que antes não podiam nem entrar”, diz a coordenadora do Cooesperança, Irmã Lourdes Dill.
Além do Coral, o Catando Cidadania está conseguindo promover a inserção social de centenas de catadores através de cursos de informática, de línguas, oficinas de artesanato, debates e atividades culturais. Com o programa, foi criado também um Bloco de Carnaval da Cidadania dos Catadores, no qual o grupo participa com uma fantasia elaborada com 100% de material reciclado e com “custo zero”.
O programa compreende ainda a realização de feiras solidárias onde os catadores expõem para a comercialização os produtos elaborados a partir do material reciclado. Atualmente, o Projeto Cooesperança conta também com 40 pontos de vendas, onde os trabalhadores solidários ligados ao projeto podem expor seu artesanato.
Como estão divididos por atividade, durante a realização das feiras solidárias, enquanto os produtores de artesanato tentam vender suas peças, o Coral de Catadores faz apresentações abertas que ajudam a atrair o público e estimular as vendas dos colegas.
As matérias de Economia Solidária são produzidas com o apoio do Banco do Nordeste do Brasil (BNB).
Adital