Cerca de 300 educadores e educadoras populares representando todos os estados do Brasil se reuniram em Brasília durante o 8º Encontro Nacional da Rede de Educação Cidadã, realizado nos dias 16 a 19 de agosto. O encontro teve como objetivo aprofundar e validar o Projeto Político Pedagógico (PPP) da Rede, com base no Projeto Popular para o Brasil (PPB).
Anderson Moreira 21/08/2007
Cerca de 300 educadores e educadoras populares representando todos os estados do Brasil se reuniram em Brasília durante o 8º Encontro Nacional da Rede de Educação Cidadã, realizado nos dias 16 a 19 de agosto. O encontro teve como objetivo aprofundar e validar o Projeto Político Pedagógico (PPP) da Rede, com base no Projeto Popular para o Brasil (PPB). Com o tema "O povo que ousa sonhar constrói um Brasil popular", o encontro serviu também a troca de experiências entre os educadores e educadoras populares que fazem parte da Rede de Educação Cidadã.
Durante o primeiro semestre deste ano o PPP foi discutido em vários encontros, reuniões espaços e através de sugestões enviadas de todas as regiões do país por meio da internet, num processo de participação coletiva e democrática. Nos quatro dias do encontro os princípios e diretrizes foram debatidos entre os participantes e ao final do encontro o Projeto Político Pedagógico foi aprovado.
O 8º Encontro também teve uma mesa redonda de análise de conjutura, feira de produtos das diversas regiões do país e noite cultural, além do lançamento do vídeo "Vamos lá fazer o que será", que aconteceu no Palácio do Planalto.
Conjuntura
Beto Cury (Secretaria Geral da Juventude) e Gilmar Mauro (MST) fizeram uma análise de conjuntura do Brasil e da América Latina. Beto Cury analisou as ações do governo Lula em seus quase cinco anos de mandato. Na área econômica, Cury ressaltou que houve redução e controle da inflação, redução da vulnerabilidade e da taxa de juros, superávit da balança comercial em 100 bilhões, pagamento da dívida com o Clube de Paris, aumento do poder de compra do salário mínimo e a auto-suficiência do petróleo alcançada pelo Brasil. Segundo Cury, em 2007 foram gerados 1,2 milhões de empregos.
Na área social Cury destacou o bolsa família, as políticas para mulheres, raciais e juventude, o Fundef, o Fundeb e o Prouni. Reconheceu que na área da reforma agrária o governo federal realizou aquém do que poderia ser feito.
Beto Cury também falou sobre a posição do Brasil nas relações internacionais e a relação do governo com os movimentos sociais, criminalizados durante o governo anterior. Para Cury, o desafio agora é assegurar um mecanismo vigoroso de crescimento, combinado com a redução da desigualdade.
A avaliação de Gilmar Mauro teve um tom mais crítico. Destacou os problemas sociais causados pelo capitalismo, a precarização do trabalho e o desemprego estrutural. Mauro deixou no ar a pergunta sobre como organizar a classe trabalhadora brasileira desempregada. Segundo ele, há no país cerca de 6 milhões de empregadas domésticas – a 2ª maior categoria do país, depois dos camponeses – e 300 mil flanelinhas. O coordenador do MST também falou sobre a exploração e destruição da natureza, dizendo que no capitalismo estimula-se o consumo, que resulta na extração da matéria prima e no aumento da produção de lixo. Esta lógica do capital leva à destruição da natureza e sob essa lógica não teremos projeto de auto-sustentabilidade.
Gilmar Mauro também falou sobre a dívida brasileira, ressaltando que a dívida interna está em R$1 trilhão. Para ele, a saída é unir os trabalhadores, colocar a tecnologia a serviço dos trabalhadores e romper com a lógica de que felicidade é ter recursos. O desafio, segundo Gilmar Mauro, é também entender como deve se estabelecer o diálogo com o povo brasileiro.
Plebiscito sobre a Vale do Rio Doce
No último dia do encontro Paulo Maldos (CIMI) fez um breve histórico da Assembléia Popular e a campanha pela anulação do leilão da Companhia Vale do Rio Doce. Ressaltou a importância dos plebiscitos de 2000 sobre a dívida externa e de 2002 sobre a Alca, este último resultando no encerramento das negociações por parte do governo brasileiro. Maldos também afirmou que é fundamental o envolvimento dos movimentos sociais e dos educadores e educadoras populares da Rede no debate e mobilização do plebiscito popular sobre a anulação do leilão, que acontece nos dias 1º a 7 de setembro de 2007.
Outras informações:
http://www.avaleenossa.org.br (página da Coordenação Nacional da campanha pela anulação do leilão da Vale do Rio Doce)
Matéria publicada no site do Cefuria: www.cefuria.org.br