A primeira edição da Panamazônia agradou, empolgou e surpreendeu tanto visitantes quanto organizadores, expositores e convidados. 250 stands formaram imensa vitrine para a rica variedade Amazônica espalhada em seu imenso território, Nacional e Internacional.
Seminários temáticos como o Latino-Americano de Desenvolvimento Sustentável e Economia Solidária, Matriz Energética para a Amazônia, Desenvolvimento de Cadeias Produtivas, Rodada de Negócios, Debate rumo a IV Plenária do FBES, negócios solidários valorizando a alimentação, vestuário, artesanato, móveis e tantos outros investimentos consolidaram a feira no bucólico Horto Florestal.
Sete países e 9 estados trocaram experiências, conheceram-se e discutiram o modo de desenvolvimento que se quer para Amazônia: queremos construir uma sociedade de pessoas, frisou o coordenador Paulo Sérgio Brãna, em seu discurso na noite da abertura, quarta-feira, 26.
A maior oferta ficou por conta do artesanato, para todos os gostos e bolsos. As sementes, fibras, argila, folhas apresentavam-se em formas de jóias, adereços, objetos de decoração, louças nas mais variadas formas do mais rústico àquele com designer de alta tecnologia.
A artesã de Rondônia, Marta Helena, diz que há 15 anos trabalha nesse ramo e participa de feiras em vários países, nunca tinha visto tanta diversidade reunida num só espaço: é a primeira vez que vejo tanta coisa diferente numa feira, que por sinal está muito bem organizada, e isso sem falar neste espaço que é muito bonito.
A diversidade da feira foi consenso. O artesão acreano Antônio Kleder participou como visitante e ficou surpreso com o que viu: estou saindo daqui cheio de idéias, porque o mais interessante nessa diversidade que temos aqui é que nós artistas podemos vislumbrar trabalhos diferentes com o mesmo material.
REDE DE EDUCAÇÃO CIDADÃ ATUA NA ORGANIZAÇÃO E EXECUSSÃO DA I PANAMAZONIA
A Rede de Educação Cidadã na sua diversidade de atores, movimentos e organizações sociais já é uma Rede que está nas principais discussões político-sociais do Brasil e do mundo.
Hoje, assim como uma grande família, os integrantes da Recid são encontrados em todos os estados do Brasil. Na I Feira Panamazônia a atuação da Recid-Acre foi significativa, participou na coordenação, relatoria, seminário de abertura e nos debates. Os Assessores Selvino Heck e Vera Lúcia Barreto – coordenação Nacional contribuíram efetivamente nas discussões.
Educadores/as da RECID dos Estados do Amazonas, Roraima, Tocantins, marcaram presença na feira.
Selvino Heck participou do Seminário Latino-Americano de Desenvolvimento Sustentável e Economia Solidária, junto com Paul Singer Secretário Nacional da Secretaria de Economia Solidária e Antônio Alves, assessor de imprensa do Governo do Estado, Mauricio Delgado da Colômbia e Rosemeire Martins da Rede Internacional de promoção de Economia Solidária Social.
Selvino em sua fala destacou que a educação é um elemento fundamental no processo de organização da Economia Solidária. A O Talher/Rede de Educação Cidadã está num processo de formação e organização social. Uma de suas ações, contribuir na formação de uma nova consciência social. Salientou que o contexto social nos mostra que estamos sofrendo as conseqüências do Capitalismo Neoliberal. As conseqüências da década de 90 estão presentes na sociedade, estas se refletem no cotidiano. Como enfrentar as conseqüências do Capitalismo Neoliberal na sociedade? Melhorar a vida do povo é suficiente? Como mudar? Como fazer um novo modelo de desenvolvimento sustentável? Temos que construir novas consciências práticas coletivas, prática popular, entendendo que isso acima de tudo é uma pratica de vida, exigindo de cada um de nós outros valores.
Economia Solidária é o Socialismo do Século 21
O professor e Secretário Paul Singer, um dos principais especialista e propositor da economia solidária, afirmou que o Acre é pioneiro em economia solidária através da luta de Chico Mendes, pois este representou a reação do que é ser atropelado pelo capitalismo.
Chico reagiu ao rolo compressor do desmatamento que destrói o meio de vida dos seringueiros. A importância de Chico não é para o rolo compressor e sim por colocar alternativa. Ele é o pioneiro da economia solidária e ele é do Acre, é do Brasil, e isso nos orgulha muito.
Paul Singer discutiu alternativas de economia para a Amazônia e a América Latina, prendendo a atenção da platéia. Categórico, afirmou que o socialismo adquiriu uma nova qualidade: o socialismo do século 21 é a economia solidária. É a alternativa ao capitalismo sem deixar de lado o avanço tecnológico. E nessa história, o Acre tem um papel estratégico.
Nessa linha de reflexão, o coordenador da I Feira Panamazônia, Paulo Sérgio Brãna afirma: o Acre vai se tornar o estado da economia solidária. Queremos fazer com que esse processo se consolide para estabelecer políticas nacionais e construir o mercado da América Latina.
IFEIRA PANAMAZÕNIA ESPAÇOS DE OPORTUNIDADES
Todas as comunidades presentes viram na Panamazônia a porta aberta para entrar no mercado. Marilene Ribeiro, do Amapá, representou seus companheiros da Associação de Moradores e Produtores do Assentamento Santa Quitéria – (Ampaesq). Otimista por mostrar o trabalho com látex desenvolvido pela comunidade há 3 anos, disse que a Panamazônia é a oportunidade para comunidades como a dela crescerem com seus negócios.
Do mesmo modo pensam os jovens produtores da comunidade. Cazumbá, que há poucos meses também iniciaram trabalhos com látex. Para eles, vender não é o mais importante, e sim mostrar o que estão produzindo.
A Panamazônia entra para o calendário de eventos internacionais como referência para construção de políticas públicas de economia solidária. O objetivo é que seja itinerante e ocorra a cada 2 anos nos estados e países da Amazônia.
Estados se harmonizam pela diversidade
Numa mistura de sotaques, cores e traços os 9 estados da Amazônia legal (Acre, Amapá, Pará, Amazônia, Roraima, Rondônia, Tocantins, Mato Grosso e Maranhão) conseguiram mostrar que a beleza Amazônica está na sua rica diversidade. Reunidos numa maloca onde os stands entrelaçavam-se com produtos variados, o visitante teve a oportunidade de conhecer empreendimentos interessantes que estão sendo produzidos na região. Ali o visitante podia levar do tucupi do Pará, passando pelo artesanato bem trabalhado com coco e fibras dos artistas rondonienses, cestarias das comunidades tradicionais do Amazonas.
Entrar na fila para comprar uma jóia do capim dourado no stand de Tocantins, parar na banca das costureiras da baixada do Sol e experimentar quitutes dos grupos de mulheres do Acre, porque ninguém resiste a um
doce de cupuaçu ou um bolo de macaxeira, também foi forte na feira.
A maloca dos estados, na verdade, transformou-se num shopping Amazônico que enchia os olhos pelo diferente, como o trabalho dos índios Aruac, no Amazonas. Eles reciclam óleo de cozinha em produtos de limpeza, e garrafas pett em vassouras. Na outra ponta, um grupo de artesãos paraenses atraía pela alta tecnologia em sua biojóias, misturando pedras e outro com sementes e fibras.
Todos os expositores saíram satisfeitos, senão porque venderam muito, mas pela oportunidade de mostrar seus produtos e criar redes de negócios futuros.
A feira conseguiu realmente mostrar a diversidade, reforça a artesã paraense Gecina Araújo.
A Feira em Números
A Panamazônia bateu recordes em venda. O número de standes foi de 250 estimados pela organização: Somente nos quatro primeiros dias a feira atraiu mais de 50 mil pessoas. Em venda e rodada de negócios movimentou cerca de R$ 5 milhões.
A beleza da Panamazônia era comentário geral, e se revelou nas vendas, com preços acessíveis dentro do que os organizadores chamam de mercado justo muitos expositores venderam tudo nos três primeiros dias chegando a ganhar R$ 3 mil.
O setor que mais movimentou dinheiro foi o de alimentação e artesanato. Os artesãos do Amazonas e Mato Grosso que trouxeram bonitas cestarias, por exemplo, esvaziaram o estoque em três dias. Outro stand que vendeu como água foi o de Tocantins, afinal seu artesanato do raro capim-dourado, só encontrado no Cerrado do Jalapão, fez o maior sucesso. Também os bolivianos, logo no primeiro dia ficaram sem nenhum produto. Mal espalharam seus tecidos, roupas e cerâmicas, e num piscar de olhos comercializaram tudo.
Enfim, a I Feira Panamazônia, a feira da floresta e da economia solidária, que veio com o tema: Povos da Amazônia Alternativas para Economia Solidária e Sustentável, mostrou que uma outra economia é possível e viável, e mais, destacaram a importância da formação na perspectiva da educação popular para que esta outra economia aconteça.
Rede de Educação Cidadã Talher Acre