O Núcleo Amigos da Terra/Brasil reuniu dez ONGs, comunicadores e educadores ambientais apoiados pelo CASA – Centro de Apoio Sócio-Ambiental -, para promover uma maior sinergia e potencializar a realização de ações conjuntas pelo meio ambiente. Foi na sexta-feira, dia 8, no Sítio Econsciência, situado no Morro São Pedro, em Porto Alegre.
O Núcleo Amigos da Terra/Brasil reuniu dez ONGs, comunicadores e educadores ambientais apoiados pelo CASA – Centro de Apoio Sócio-Ambiental -, para promover uma maior sinergia e potencializar a realização de ações conjuntas pelo meio ambiente. Foi na sexta-feira, dia 8, no Sítio Econsciência, situado no Morro São Pedro, em Porto Alegre.
Princípio do Viveiro de mudas do Econsciência
A coordenadora dos Amigos da Terra, Lúcia Ortiz, iniciou os trabalhos apresentando o CASA, criado em 2005, a partir da ampliação do trabalho já realizado pelo GGF – Global Greengrants Found no Brasil. O conselho CASA é formado por oito ambientalistas, ligados a ONGs com atuação reconhecida em diversas regiões, como o NAT/Brasil, e monitora a destinação e aplicação em pequenos projetos dos recursos oriundos de doações e cooperação internacional para o meio ambiente. Conforme Lúcia explicou, um dos objetivos é “mobilizar recursos para construir capacidades”, ou seja, grupos que comumente não recebem recursos financeiros para a realização de seus projetos, mas que desenvolvem ações que podem ter grande impacto ganham oportunidade. A preocupação é “impulsionar” e a partir daí os grupos passam a se encontrar num patamar de igualdade com qualquer outro para buscar e gerenciar recursos. A missão do CASA é “promover a conservação e a sustentabilidade ambiental” e uma das metas é influenciar as políticas públicas. Muitos resultados estão acumulados. Em 2007, 62 projetos foram apoiados em todas as regiões e biomas brasileiros e o CASA realizou também cursos de capacitação e fortalecimento institucional.
O InGá – Instituto de Estudos Ambientais -, desenvolve dois projetos apoiados pelo CASA, e apóia mais dois como patrocinador fiscal. O coordenador Vicente Medaglia, enfatizou a importância do apoio para a estruturação da entidade tanto em termos físicos quanto de equipamentos de suporte a sua atuação, que é local, regional e nacional. “É vital para o InGá ter estes projetos porque viabilizou o nosso trabalho. O dinheiro foi utilizado para saídas de campo a Pai Querê, na área prevista para projetos hidrelétricos que monitoramos na bacia do rio Uruguai, compra de data-show, pagamento de aluguel, produção de folders,” citou. O grupo que atua desde 1999 está na fase de realização do regimento interno e do plano estratégico. Possui seis grupos de trabalho, é uma das entidades mais ativas e é articuladora da APEDEMA – Assembléia Permanente de Entidades Ambientalistas no Estado.
Vicente (InGá), Conceição (NAT/Brasi)l e Braga (Um outro mundo é possível)
Sobre o Econsciência, falou o proprietário do Sítio, Felipe Viana, cuja área corresponde a 10% do Morro São Pedro, um total de 165 hectares e 17 nascentes preservadas dentro da capital Gaúcha. A casa, utilizada para cursos e encontros, não recebe ainda energia elétrica da rede convencional e possui várias medidas sustentáveis, como paredes bioconstruídas, aquecimento de água pelo fogão à lenha, uma fossa com dois leitos para a separação das águas da cozinha e do banheiro. Este é o sistema modular de tratamento final de resíduos que completo abastece uma horta. Os recursos do CASA estão sendo empregados por este grupo na construção de um viveiro, cuja capacidade prevista é de cinco mil mudas, onde timbaúvas e caquis-do-mato já se desenvolvem em caixotes instalados próximos à obra. Viana adiantou que parte das mudas serão destinadas a um projeto de recuperação de áreas degradadas na zona rural de Porto Alegre e a outra parte à comercialização, buscando a sustentabilidade financeira da iniciativa e do espaço de conservação que é o Econsciência.
Área onde está sendo construído o Viveiro do Econsciência
De Santo Ângelo, veio Antônio Prestes Braga falar das ações da ONG Políticas Públicas “Um outro mundo é possível”. Eles lidam com agricultura urbana, agroecologia e coleta de óleo reciclado e, foi sobre este último projeto que ele fez o seu relato. Com grupos da economia solidária, promovem a educação ambiental, oficinas, palestras, sendo que 1200 alunos de escolas já participaram. O foco é no trabalho com comunidades carentes e de catadores e recicladores no recolhimento de óleo de fritura e a sua transformação em sabão em barra e líquido. Mais recentemente, em articulação com o IMCA- Instituto Morro da Cutia de Agroecologia, o grupo busca a adaptação do motor de um veículo usado neste trabalho para o seu uso como combustível de óleo vegetal. “Hoje são quatro grupos que trabalham profissionalmente no fabrico do sabão,” adiantou e enfatizou a importância do trabalho que realizam para a geração de renda e para o cuidado com a qualidade da água, uma vez que, “leva tempo resgatar esta cultura, este hábito dos mais antigos que ajuda a preservar o meio ambiente”.
A categoria dos advogados está reunida na JusBrasil e Renata Fortes contou que o apoio do CASA, o primeiro recebido por esta ONG jovem, vai garantir a realização de seis ações judiciais em defesa da Mata Atlântica e comunidades que vivem no bioma. “Quando são feitas ações judiciais estes problemas viram notícia, ganham visibilidade e é isso que estamos buscando, por exemplo, com a resistência ao projeto de Pai Querê,” citou sobre a expectativa que o grupo tem de conseguir evitar a construção de uma mega hidrelétrica naquela área situada entre o Rio Grande do Sul e Santa Catarina que resultaria em grandes impactos da biodiversidade local.
Sílvio (Casa Tierra), Marcelo e Renata (JUSBRASIL) e Sandra (Agapan)
De Montenegro, veio Stefano Ilha Dissiuta abordar o trabalho do IMCA – Instituto Morro da Cutia de Agroecologia. Preocupados com a destinação do óleo vegetal utilizado nas cozinhas, o grupo decidiu captar, limpar e utilizar este óleo em motores a diesel como combustível. Conforme o divulgado, esta tecnologia “garante a economia para pequenos produtores rurais e ainda oferece uma alternativa ambientalmente segura”. Vale enfatizar que, cada litro deste óleo de fritura não jogado no ralo da pia, deixa de poluir até um milhão de litros de água e ainda com esta transformação em combustível poupa o uso de combustíveis fósseis – um recurso também finito na natureza. Ainda de acordo com o divulgado, “
cada 300 litros de óleo recolhidos rendem cerca de 180 litros de biocombustível, o que resulta numa economia de quase 350 reais para o usuário”. O apoio do CASA ao IMCA é focado em projetos de construção de capacidades e transformação, onde este saberes são aliados aos cursos de permacultura, bioconstrução e agroecologia dirigidos a moradores do campo e da cidade.
Uma horta às margens de uma das principais avenidas de Porto Alegre passou a reunir a comunidade e o médico veterinário e educador ambiental Eduardo Diehl em torno de um projeto de resgate social e produção orgânica. A “Horta Orgânica Comunitária Jardim Gordo”, dirigida pela Associação de Moradores da Vila Renascença e iniciada há cinco anos, com manutenção irregular devido à falta de tempo, agora deve incrementar a produção e fortalecer ainda mais os laços entre os membros da comunidade. A articulação com outros movimentos urbanos pretende também mostrar soluções solidárias para se viver melhor na cidade.
Eduardo (Horta Jardim Gordo), João Batista (AgirAzul na Rede), Braga e Lúcia (CASA e NAT/Brasil).
A Agapan, Associação Gaúcha de Proteção ao Ambiente Natural, uma das pioneiras do ambientalismo gaúcho e brasileiro, atuante desde 1971, anunciou a construção de sua sede. Sandra Ribeiro citou as preocupações ambientais e as características da casa em obras, por exemplo, o telhado vivo. E, da AgirAzul na Rede, João Batista Santafé Aguiar, anunciou a retomada da publicação impressa do seu jornal, desde o sábado, dia 9. Entre 1992 e 1998 este jornal era editado em papel dando voz ao Movimento Ecológico Gaúcho, mas desde 1996 acontecia esporadicamente somente pela internet. O apoio do CASA se estendeu também à veiculação de programa semanal de rádio que trata de temas ambientais na zona sul de Porto Alegre.
Do NAT/Brasil, Elisangela Soldatelli Paim dividiu o conteúdo de um curso do qual participou, promovido pelo CASA: “Pequeno manual para a gestão administrativa e financeira de ONGs”. Os aspectos sobre os quais se deteve foram o da gestão financeira, incluindo regras para contratos de pessoa física, termos de aditivo, modelo de RPA, modelo de ficha de admissão de funcionários novos, dentre outros. “Desde 2004 estamos utilizando este manual e estas orientações facilitaram muito o trabalho para a nossa contabilidade,” disse.
Para saber mais de cada grupo um vídeo mostra o encontro e o testemunho de cada coordenador falando do trabalho que realizam e da importância do apoio do CASA para o resultado de suas ações. A produção é de Felipe Amaral do Instituto Biofilia, uma ONG atuante no movimento ambiental do Estado e na educação ambiental realizando palestras, mostras de vídeos e consultoria. Contatos: contato@institutobiofilia.org.br ou www.institutobiofilia.org.br.
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