Introduzir noções ambientais e de cidadania em escolas brasileiras e paraguaias localizadas na região da Bacia do Rio Apa, fronteira fluvial entre os dois países que está em princípio de degradação. Este é o objetivo do projeto “Pé na Água”, que conta com apoio do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico do Ministério da Ciência e Tecnologia (CNPq).
Introduzir noções ambientais e de cidadania em escolas brasileiras e paraguaias localizadas na região da Bacia do Rio Apa, fronteira fluvial entre os dois países que está em princípio de degradação. Este é o objetivo do projeto “Pé na Água”, que conta com apoio do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico do Ministério da Ciência e Tecnologia (CNPq). A iniciativa utiliza um kit bilíngüe português-guarani – segundo idioma dos municípios brasileiros que compõem a bacia – que é distribuído nas escolas de ambos os lados da fronteira.
O nome do projeto é referência à região, que está em princípio de degradação. Em alguns dos sete municípios que a compõem só é possível chegar molhando os pés na água. A iniciativa é coordenada pelo pesquisador Paulo Robson de Souza, do Departamento de Biologia da Universidade Federal do Mato Grosso do Sul (UFMS), em parceria com instituições regionais e prefeituras dos municípios brasileiros da bacia, além das pró-reitorias de Pesquisa e Pós-Graduação (Propp) e Extensão, Cultura e Assuntos Estudantis (Preae) da UFMS.
Um kit bilíngüe, com informações sobre a bacia hidrográfica, está sendo distribuído gratuitamente em escolas dos municípios brasileiros Antonio João, Caracol, Bela Vista, Ponta Porã, Porto Murtinho, Jardim e Bonito (MS), que têm o guarani como segundo idioma. No lado paraguaio são contempladas escolas das cidades de Concepción, San Carlos, Bella Vista e Pedro Juan Caballero.
Kit em português e guarani
Composto por cartilha bilíngüe, livro, cd-rom e revista, o kit foi montado a partir de dados coletados nos próprios municípios em expedições e oficinas realizadas nas escolas. O livro aborda temas como desmatamento, fauna, flora, saneamento básico, atividades econômicas, contexto paraguaio, geografia, pesca e cultura, com abordagem sobre peculiaridades da gestão de águas partilhadas por mais de um país, como é o caso da região. Editado pela Editora UFMS, a obra vem acompanhada de um cd-rom contendo o material em formato digital e informações para dar apoio didático aos professores.
Na cartilha “Um Mergulho na Bacia do Apa – água, natureza e educação ambiental”, informações foram adaptadas para linguagem infanto-juvenil e ganharam ilustrações do cartunista campo-grandense Paulo Moska. Com linguagem jornalística, a Revista Aguapé aborda o “Pé na Água” e situações encontradas durante pesquisas de campo, como o caso do Rio Perdido, que em outubro de 2007 ficou com o leito completamente seco após longo tempo de estiagem. A Revista Aguapé pode ser acessada em www.redeaguape.org.br, e os demais itens do kit podem ser visualizados em www.ead.ufms.br.
Para Paulo Robson, a abordagem do “Pé na Água” é inédita na região e no Brasil. “Desconheço experiências de educação ambiental em nosso país que tratem o tema da água em região fronteiriça de modo sistêmico, transversal, atendendo às necessidades lingüísticas do país vizinho e desconsiderando, nas abordagens de conteúdos, limites territoriais. Sob essa perspectiva e como publicação brasileira bilíngüe em rios transfronteiriços, o material é inédito”, disse ele. O projeto teve também apoio de quatro bolsistas do CNPq, que foram responsáveis pelo trabalho de campo realizado nos municípios.
A Bacia do Rio Apa
A bacia hidrográfica do Rio Apa está localizada na Bacia do Alto Paraguai, região de riqueza biológica com vegetação composta por espécies de biomas como Mata Atlântica, Cerrado e Pantanal. A região, localizada no sudoeste do Mato Grosso do Sul e em parte no Paraguai, com área de drenagem de cerca de 15 mil quilômetros quadrados, possui as únicas áreas de Chaco do Brasil.
A cobertura vegetal da bacia tem sido convertida em pastagens para pecuária, que é a principal atividade econômica da região. Também são desenvolvidas no local extração de mármore, calcário, pedra e areia e há presença de indústrias de laticínios. Mais recentemente, vêm crescendo as culturas de eucalipto e cana, o que causa maior avanço da degradação ambiental, afetando a qualidade da água, atualmente classificada entre ótima e boa.