“Muita gente pequena, em muitos lugares pequenos, desenvolvendo pequenas ações podem mudar a face do mundo”. Com esta frase um grupo de 10 educadores populares de diferentes estados do Brasil encerrou a visita, com a qual trocou experiências, na Associação Comunitária Mãos Dadas, no Bairro do Rio Branco em Canoas-RS, na manhã desta sexta-feira, 21 de janeiro.
Este mesmo movimento foi feito por um grupo de mais de 100 educadores(as) populares que está participando da 1ª Ciranda do Programa Nacional de Formação, cujo tema é: “metodologia da educação popular”, atividade que está sendo realizada no Sindicato dos Metalúrgicos de Canoas-RS.
Eles se dividiram para visitar as seguintes experiências: Associação Comunitária Beneficiente – Mãos Dadas e Grupo Uni Axés, situadas no Bairro Fátima; Associação de Moradores da Vila Getúlio Vargas, Bairro Matias Velho; Quilombo Chácara das Rosas, no Centro; Associação de Recicladoras Amigas Solidária, no Bairro Guajuviras; e o Movimento dos Trabalhadores Desempregados, no Bairro Matias Velho.
A equipe que visitou o Programa de Aquisição de Alimentos (PAA) Uni Axés foi acolhida no Terreiro da casa de Umbanda que também recebe semanalmente as famílias do programa de erradicação da fome. A pesquisa participante, que antecipa as propostas de conteúdo e práticas na educação popular, instigou o grupo a conversar sobre sua realidade, suas dificuldades, felicidades e sonhos.
Sempre mantendo a esperança de crescer na vida e ganhar o mundo, o grupo falou de seu jeito próprio de sobreviver nesta sociedade. O grupo do PAA vai expôr seus artesanatos no Fórum Social Mundial, em Canoas, e já falam em criar uma cooperativa. “É necessário mais integração do grupo, além da ajuda de fora. E também a organização da política”, afirmou dona Eliane Ribeiro, 54 anos, há dois no PAA, que recentemente formou-se no curso de mulheres na construção civil oferecido pela Ulbra, em parceria com o Governo Federal, apontando para o que acredita que ajudará a sua organização se fortalecer. “A maioria das mulheres vão atrás do ganha pão e esquecem de se formar”, disse.
Estas visitas fazem parte do aprendizado da metodologia da Educação Popular, formulada pelo educador Paulo Freire, e também se caracterizou como um momento no qual os educadores da Recid, que acompanham processos de entidades, movimentos sociais e ONGs em todos os estados brasileiros, trocaram informações e aprendizados com os educadores das experiências locais.
Um exemplo é o da Associação de Reciclagem Amigas Solidárias, situada no Bairro Guajuvira, uma das maiores ocupações urbanas do Rio Grande do Sul. Nesta comunidades, segundo as mulheres, mais do que reciclar o lixo, o trabalho “está reciclando suas vidas”. Composta por 35 integrantes, sendo 90% de mulheres chefes de famílias. Neste grupo, as mulheres trabalham de forma coletiva na reciclagem. A associação também desenvolve ações com crianças, com oficinas de música, capoeira e informática.
Divididos em seis tendas, o grupo de educadores(as) populares de todo Brasil, após as visitas, iniciou o processo de identificar as palavras significativas pra comunidade, identificando também o tema e o contra-tema, processo que vai auxiliar na preparação de um planejamento das atividades pedagógicas na linha da educação popular.
A 1ª Ciranda de Educação do PNF conta com a assessoria de Antônio Gouvêa, professor da Universidade Federal de São Carlos e da PUC de São Paulo, Maria Guadalupe, professora da rede pública de educação de Porto Alegre-RS e Conceição Paludo, educadora popular e professora da Universidade Federal de Pelotas/RS, que estão se revezando na tarefa aprofundar os conteúdos e ajudar os educadores a qualificarem seu trabalho de base.
Outras duas Cirandas estão previstas no Programa Nacional de Formação, com os temas: Projeto de Sociedade e Modelo de Desenvolvimento e comunicação, entre outros.
Equipe de Comunicação da 1ª Ciranda