Carta Pedagógica Maranhão (06/2012)

Prezados/as companheiros e companheiras da RECID espalhados por nosso querido Brasil,

 

Analisando e atuando sobre a situação sócio-econômica e política do Maranhão, tentamos desencadear um trabalho que desperte uma consciência crítica nos grupos que acompanhamos, pois a falta de consciência política ainda é muito grande. Em geral, o povo não procura seus direitos (conformismo) e há muita descrença nos projetos ‘políticos’ e na política que se percebe através dos noticiários e do cotidiano.  A maioria da população ainda é pouco mobilizada e está imbuída por um sentimento de impotência e insatisfação. Organizações populares e sindicatos sofrem por causa de manipulação e cooptação de lideranças por parte do Estado e dos setores sociais dominantes.  A busca de benefícios individuais vigora também entre os mais desprotegidos.

Diante dessa situação, trabalhamos oficinas que tiveram entre seus temas: Fé e Política, Política e Livro do Apocalipse, Ecologia, Trabalho Escravo, Justiça Ambiental, Violência e Extermínio de Jovens, Controle Social, Segurança Alimentar, Autoestima, Geração de Renda, entre outros. Estamos trabalhando e fortalecendo comunidades tradicionais – em especial quilombos, grupos de mulheres, jovens e adolescentes da periferia, sendo que os mesmos estão se inserindo nos conselhos municipais, grupos de educadores de meninos e meninas que vivem na rua, alfabetização de jovens e adultos. Nos trabalhos utilizamos como espaço físico os salões paroquiais e salas de casas de família e outros espaços sociais da periferia.

 

A partir das oficinas percebemos o interesse, a motivação e o comprometimento das pessoas na construção de uma nova realidade, como também a valorização da cultura e das riquezas existentes na região que contribui para a melhoria da renda das famílias. A formação da autoconsciência da comunidade e o respeito ao ser humano que contribui para o crescimento e o fortalecimento do relacionamento saudável do grupo, o resgate da autoestima são algumas atribuições que se destacam a cada oficina realizada. Através do diálogo e da combinação de esforços, nós, educadores/as das regiões, construímos participativamente sugestões para encarar os desafios. O processo político da RECID é o que faz a pessoa tornar-se homem e mulher em processo de permanente libertação.

 

Este processo pedagógico tem relação estreita com o projeto popular da RECID, pois somente quando os oprimidos descobrem nitidamente quem é o opressor, se engajam na luta organizada por sua libertação e começam a crer em si mesmos, superando assim sua “convivência” com o regime opressor.  Esta descoberta não pode ser feita em nível puramente intelectual, mas também na ação.  O que nos parece fundamental é que esta não se restrinja a mero ativismo, mas esteja associada a sério empenho de reflexão, para que seja práxis.

 

A questão ambiental – tão em discussão atualmente, ainda é um grande desafio. Vemos hoje grandes esforços, mas muitas vezes marcadas por reações frágeis e desarticuladas. Embora a consciência ambiental tenha crescido, principalmente nos meios universitários, grande parte da população ainda carece de educação ambiental, o que se torna um grande problema e desafio para nós educadores populares. O trabalho da RECID tem causado um impacto positivo sobre aqueles com os quais desenvolvemos as atividades da Rede. Existe uma participação nos encontros, nas oficinas e em outras iniciativas desenvolvidas com a presença da RECID.

 

Ultimamente o grupo de educadores/as do Maranhão vem experimentando uma nova forma de se comunicar que é a reunião virtual via Skype, uma vez que esta ferramenta possibilita conversas para tratar de assuntos urgentes que de outra forma teriam que esperar para serem resolvidos. Ressaltamos a importância da reunião presencial em que nos encontramos e reencontramos com o/a outro/a, sentimos seu calor, abraçamos, vivenciamos com mais força e energia a alegria do estar juntos. Porém, acreditamos que em certos casos as ferramentas disponíveis devem ser utilizadas para facilitar nossa comunicação e o exercício da democracia e da gestão compartilhada.

 

Educadores/as Populares da RECID-MA

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