Desabafo e Luta em São Paulo

Carta aos companheiros e companheiras de luta

Vimos por meio de esta carta trazer uma pouco das realidades que temos que enfrentar de luto, sofrimento, dor e por que não dizer de pânico.Morar ou trabalhar nas periferias de São Paulo ficou tão perigoso quanto morar nos países em guerra

   Vimos por meio de esta carta trazer uma pouco das realidades que temos que enfrentar de luto, sofrimento, dor e por que não dizer de pânico.Morar ou trabalhar nas periferias de São Paulo ficou tão perigoso quanto morar nos países em guerra, se é que não é isto que estamos vivendo mesmo sem as autoridades falarem como tal. Porem nossa guerra velada tem inimigos não declarados, onde não conhecemos até onde vão suas forças, ou se a conhecemos temos que disfarçar nossas indignações se quisermos nos manter vivos e vivas para continuar na luta que não se finda agora. É torturante ter que ir às reuniões buscando palavras que tragam a nossa indignação sem apontar a ninguém para que não viremos alvo no momento, as reuniões são vigiadas antes indiretamente hoje diretamente por homens apaisana que sequer disfarçam suas atitudes e modos. Temos que enfrentar grampos nos celulares dificultando nossos contatos para evitar uma articulação ainda mais profunda e política para o enfrentamento real do problema.

    Queremos entender porque tanto ato de covardia, porque tanta perseguição, será se a ascensão dos movimentos de cultura nas periferias, com atos e atividades em prol do processo de conscientização, fez como em 1964 , olhar para estes atores e ver neles para além de ativistas da cultura propensos “ terroristas”? Pois é assim que muitos vem sendo tratados, com espaços fechados por diferentes motivos, com perseguições aos espaços e aos militantes dos mesmos, alguns destes espaços vem sofrendo nestes últimos dias toques de recolher para evitar que as pessoas estejam nas ruas e possam constatar a carnificina que é tocada de modo especial aos fins de semana. Em um fim de semana do mês de outubro foram cerca de 35 pessoas do dia (09 á 11-10), no mês de novembro se repete desde o seu primeiro dia, pois são cerca de 08 á 15 mortos dia em diferentes bairros, mas com a mesma crueldade motoqueiros, mascarados sorteam balas para os que ali estiverem, casos que pessoas estão em ponto de ônibus e estes mesmos mascarados passam e gritam “corram sem olhar para traz” e disparam a esmo executando assim os que ali estiverem.

    A indignação vem crescendo dia-a-dia, as periferias vêm acordando para as verdades das ruas e vendo menos verdade frente à TV, as famílias vêm relacionando o que está acontecendo na rua, com o que é noticiado pelas grandes mídias, vem dia após dia diversas inverdades se tornando verdade na boca de alguns sensacionalista que estão orquestrados com estes que promovem os atos de violência em SP. Quem nasceu mora e trabalha nas periferias sabe bem de onde está vindo a bala, que não é perdida, que não é um ato de desespero, mas que é sim uma FAXINA ETNICA em prol dos grandes modelos de desenvolvimento. Basta olhar os mapas das regiões que tiveram seus direitos violados, ou estão às margens das grandes obras ou é área de grande movimentação financeira (pontos de tráfico).

    As operações Saturação e agora em discussão a Operação Delegada (Operação Delegada (Lei n. 14.977/09 e Decreto n. 50.994/09) é um convênio entre o governo do estado de São Paulo, por meio da Polícia Militar, e a prefeitura municipal, por meio da Coordenadoria de Subprefeituras que permite que policiais em dias de folga trabalhassem até 96 horas por mês para a prefeitura, ganhando uma gratificação extra pela municipalidade. Estabelece uma transferência das atribuições de controle do comércio informal dos fiscais das subprefeituras e policiais da GCM para a Polícia Militar). Consideramos que esta operação é uma forma de militarizar a administração pública e de criminalizar a população empobrecida da nossa cidade. Os nossos jovens pobres e negros não podem ser tratados como culpados ou criminosos, queremos discutir uma política pública de segurança com a participação da sociedade civil organizada, que preze pelo respeito e pela garantia dos direitos humanos e não reforce somente o caráter punitivo e criminalizador. O tangente a pacificação, porque não pacificar áreas com o Higienópolis ou Cidade Jardins, porque pacificar somente as comunidades e dentre estas somente aquelas que têm um desenvolvimento financeiro não controlado pelo estado. Enfim estamos todos e todas com medo no momento, mas não nos calaremos frente ao que está dado.

 

Próximos passos:

  • Reuniões semanais no comitê estadual contra o genocídio da população negra e pobre.

  • Reuniões quinzenais na zona sul com diferentes coletivos e movimentos populares.

  • Ato político no dia 22-11-2012 na área central.

 

RECID SP 13–11-2012

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