Roda de tereré e o ensaio de um novo Estado

Ambiente com recortes de cenas teatrais, artefatos de histórias cênicas podem ser visto aos cantos de todo o espaço, a melodia traz o ritmo tocado ao Sul de Mato Grosso, guarania, polca, chamamé… no ar cheiro bom, de mato trazido pela erva e a sintonia é de uma inesquecível Roda de Prosa e Tereré com a Professora Alisolete Weingartner.

Na tarde de ontem, o coletivo do Teatral Grupo de Risco, vivência a primeira experiência aberta de pesquisa sobre seu último trabalho na qual se propõe, a partir da releitura da tragédia Grega “Os Sete Contra Tebas”, de Ésquilo, realizar uma pesquisa contextualizando-a na recente história do estado de Mato Grosso do Sul.

Ideia Divionista…

Alisolete destaca como ponto de partida à formação histórica e cultural de MS o fato de não se restringir a ideia divisionista, mas também ligada a influências da colonização Espanhola. “Muitos historiadores e memorialistas dão as costas para esta presença espanica em nossa região. Este povo chegou aqui por volta de 1537… a presença paraguaia é dos tempo coloniais”, afirma.

A professora diz segundo alguns historiadores, o Tratado de Madri garantiu a posse deste território, esta é uma afirmação que ela discorda pois “toda a saga dos encontros e desencontros que não se concretizou o trabalho de demarcação dos limites”. As indagações: o cavalo e o boi, por exemplo, não são originários daqui, de onde são se não foram trazidos pelos hispanos? Os Guaicuru para se tornarem eximios cavaleiros, quanto tempo levaram para assimilar a domação deste animal? Neste sentido, tornar-se-à necessária a reflexão sobre a questão do gado retratado pelo Espindola em Mato Grosso do Sul.

Segundo Alisolete os divisionista não tinham nenhum compromisso com A ou B, eles criaram o Estado porque não tinham competência para resolver os problemas sociais. “Nós somos uma capital militar. Então criar um estado autônomo com uma capital militar era interesse internacional por causa das fronteiras e de toda efervescência no mundo daquela época”.

  Das concessões e miscigenações….

 A influência hispanica vai se consolidando nesta região no começo do seculo IX, por Paranaiba, em 1836. Este povo passa por um processo de se aprender o idioma Guarani por uma questão de sobrevivência. O português vai se micisgenando e se torna um paraguaio. Somente depois da guerra do Paraguai é que se inicia uma tentativa de ‘abrasileirar’ esta região.

Em relação as terra acontecem duas coisas: são concessões ou algumas pessoas chegam e se apoderam destas. Muitas vezes ficam com a terra. Depois da Guerra do Paraguai o governo não tem condições de tomar posse da fronteira e então passa a concedê-la à algumas pessoas. Assim foi com Tomaz Laranjeira, da Cia Mate Larenjeira e outros.

Também a influência negra é outro fato que se dá ‘as costas’. Muitos negros vieram da região de mineiros em Goiás, e se instalaram na região sul de Mato Grosso, como é o caso de Furnas do Dionísio (em Jaraguari). “A presença negra é interessante porque a presença de paraguaios era muito grande nesta ponta de Campo Grande pegando Maracaju e todo cone sul, portanto esta miscigenação”, relata Alisolete.

O Povo…

A participação do povo “oficializada” se da a partir de 32, principalmente, quando o movimento divisionista se urbaniza. Deixa de ser uma peleja dos coronéis que querem reconhecimento de suas posses. A população já está mais intelectualizada. Em 1932 Campo Grande já conta com as universidades de farmácia, odontologia e direito.

Nessa epoca tinhamos uma classe media de comerciantes. O movimento de elite veio se alastrando e constaminando a sociedade. A participação da sociedade antes do voto universal se dava a partir do ordem do coronel. Seja um coronel dono de gado, ou coronel dono de um comercio muito forte, ou coronel intelectual.

Da alfabetização….

 Alisolete relata que na questão da alfabetização ao invés de se aprender ‘a, b, c, d’, fazia-se associações. “Faziamos associação. Os sul-matogrossenses falavam que os cuiabanos eram preguiçosos, então a professora usava a palavra preguiça, aí a turma dela aprendiam rápido, depois faziam as junções: o povo cuiabano é preguiçoso”, afirma.

             Ainda no momento de apresentações, ressalta-se a importância deste projeto para aguçar a continuidade dos estudos em grupo do Teatral, além de ser uma forma de comemorar os 25 anos de Risco (atividades ininterruptas do TGR).

  

Este texto traz um pouco do que foi ontem, ainda há mais a se descobrir.

 

 

http://www.teatralgrupoderisco.com.br/node/187

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