19° Grito dos/as Excluídos/as

101846 ext arquivoSetembro/2013

O 19° Grito dos/as Excluídos/as acontece em um momento importante da conjuntura e conclama a juventude brasileira e toda a população a se manifestar, gritar e contribuir na construção de outro projeto de sociedade, o Projeto Popular para o Brasil.

 

Juventude que ousa lutar constrói o Projeto Popular! 

 

Para avançarmos neste caminho, precisamos entender que o momento pelo qual passamos é de agravamento da crise do sistema capitalista, iniciada em 2008, onde cada vez mais a população pobre é excluída e o capital, para recuperar seus lucros, busca produzir um maior número de unidades de bens e serviços na mesma quantidade de tempo. Como os capitalistas fazem para alcançar este objetivo?

 

1.    Domínio da organização técnica do trabalho de maior produtividade: A busca pela organização dos processos produtivos, a especialização dos trabalhadores, as metodologias de organização do trabalho, as alterações nos processos produtivos, mudança de locais, etc, fazem parte das estratégias de organização da economia como um todo, para que ao final possam diminuir custos, produzir mais e obter maiores taxas de lucro.

2.    Domínio dos recursos naturais para a produção de mercadorias: O capital movimenta-se para apropriar-se das riquezas naturais estratégicas (dos bens comuns) que concentram elevada produtividade natural, como as melhores fontes de energia, água, terra, minérios e biodiversidade. Os países com as melhores e maiores reservas mundiais, entre eles o Brasil, passam a ser foco de intensas disputas.

3.    Domínio de tecnologias que tornam o trabalho do trabalhador mais produtivo: Significa a busca por inovação, apropriação e incorporação de tecnologias de maior produtividade e de menor custo, para que possam apropriar-se da mais-valia extraordinária.

4.    O capital necessita e tende a utilizar a força política, econômica e organizativa do Estado, fundamentalmente em torno da mais-valia social concentrada no Estado: Em período de crise, a disputa pelo controle do Estado e de seus possíveis benefícios se torna mais intensa para apropriação de toda mais-valia social; apropriar-se dos recursos sociais, da biodiversidade, dos bens comuns e financiamentos públicos, transferir patrimônio público e valor para aumentar suas taxas de lucro, conceder benefícios e proteção, assumir lugares e situações de menor risco ao capital, etc. Enfim, capturar as estruturas e a própria legislação do Estado para atuarem em benefício dos  interesses do capital.

Em meio às discussões da 5ª Semana Social Brasileira, precisamos ter claro que o Estado, como temos hoje no Brasil, é a forma de organização da classe dominante. Sua função é tornar essa classe sempre mais dominante, visando sua hegemonia; assegurar o funcionamento e a reprodução do capital; impedir qualquer tentativa de mobilização popular. Os capitalistas não colocam o Estado em disputa, no máximo, em momentos de tranquilidade, a burguesia permite uma participação da sociedade através das eleições, participando da escolha do “administrador” (do governo) deste Estado. Portanto, a estratégia dos excluídos passa necessariamente pela mudança profunda da estrutura do Estado, o que vai muito mais além que eleger apenas governos populares de esquerda.

 

Nosso desafio é saber atuar nesta conjuntura tão adversa. É fundamental que os trabalhadores e trabalhadoras tenham um projeto que coloque no centro os interesses do Projeto Popular para o Brasil, articulado e assumido pelo conjunto das forças sociais do campo e da cidade. O  momento é de fortalecermos lutas unificadas para derrotar todas as estruturas injustas e excludentes desta sociedade.

 

Neste sentido, o Grito dos Excluídos de 2013 incentiva e convoca as organizações de articulação da juventude e da sociedade em geral a se juntarem, lutar e ajudar na construção deste Projeto Popular. A luta e a unidade da juventude são muito importantes nesta conjuntura. Os jovens podem contribuir com a criatividade, com a energia, com a força e com espírito questionador, próprios da juventude, para enfrentar o capital. E, como protagonistas, construírem sua história, comprometidos com a luta pela transformação social e a continuidade da vida.

 

 

 

Bom Grito dos Excluídos em 2013!

Coordenação Nacional

 

 

 

UM GRITO SACUDIU O PAÍS

 

Um grande grito ressoou por todo o país. Centenas de milhares de pessoas soltaram no ar reivindicações e protestos há muito sufocados e reprimidos. Os jovens, em especial, pintaram a cara, vestiram-se de verde e amarelo, sairam de casa e colocaram máscaras – para desmascarar a precariedade dos serviços públicos (educação, saúde, transporte, segurança, entre outros), em contraste com o “padrão FIFA” dos estádios. O aumento de vinte centavos na tarifa de ônibus representou apenas a ponta de um iceberg, cujo corpo oculto se traduz por uma indignação que vinha amadurecendo. Os gastos com a Copa das Confererações (2013), com a Copa do Mundo (2014) e com os Jogos Olímpicos (2016) chegam a ser uma afronta diante da falta de políticas públicas adequadas e duradouras, além da insistência em políticas compensatórias acompanhadas de uma retórica demagógica.

Sim, um grito sacudiu o país, “acordou o gigante”, conforme mosravam alguns cartazes. Como não lembrar da década de 1970, quando, em pleno regime militar, desencadeou-se uma onda de manifestações estudantis; compareceu o movimento contra o custo de vida, com as panelas vazias; surgiu a organização do sindicalismo combativo e dos trabalhadores sem terra. Depois, na década seguinte, viu-se a formação da CUT e do PT, bem como a grande campanha pelas “Diretas já” que, de uma forma ou de outra, culminaria na eleição e impechement do primeiro presidente eleito, Fernado Collor. A partir dos anos 1990, começou o longo processo das Semanas Sociais Brasileiras (SSBs), seguidas do Seminário e do Tribunal da Dívida Externa, dos Plebiscitos, da Campanha Jubileu Sul, da Auditoria Popular da Dívida, da Consulta Popular e das Assembleias Populares. Direta ou indiretamente, mMilhões de cidadãos foram envolvidos.

É neste cenário de ebulição sociopolítica que nasce e se fortalece o Grito dos Excluídos, em 1995, defendendo a vida em primeiro lugar, dando sequência aos debates da 2ª SSB e da Campanha da Fraternidade daquele ano, a qual, como o lema “Eras tu, Senhor”, refletira sobre a realidade da exclusão social. Daí para cá, o Grito nacional sempre se caracterizou pelo desafio de envolver os jovens em suas atividades e mobilizações. A simbologia da linguagem e dos gestos procurava dar ênfase à nova gramática do teatro, da dança, da poesia, do canto, e assim por diante. Nesta rápida retrospectiva, não podemos deixar de fora os anos de perplexidade, apatia e certo desencanto na condução do projeto político nacional, mais parecido com um projeto de poder.

Neste ano, em sua 19ª edição, o Grito propõe como temática “Juventude que ousa lutar constrói o projeto popular”. Dois contextos se fazem presentes. De um lado, as recentes manifestações que se estenderam por várias cidades do Brasil contradizem a versão tão difundida de que os jovens de hoje constituem uma geração alienada que “não quer nada com nada”. Pelo contrário, eles são capazes de descer das arquibancadas, entrar em campo e participar do jogo. E mais, mostram a importância atual das redes sociais. Se é verdade que estas possuem determinados limites quanto ao confronto pessoal e direto, também é certo que podem tornar-se potencialmente relevantes na organização popular. Vários cartazes indicavam esse ato de deixar a Internet, o facebook, etc., para ocupar as ruas e praças. Se o mundo virtual tem reflexos do real, este pode enriquecer-se com a linguagem e as imagens, a rapidez e a instantaneidade sedutora daquele.

Por outro lado, o Grito deste ano insere-se nos debates da 5ª Semana Social Brasileira quem tem como tema Estado para que e para quem? Retomando o fio condutor do processo de discussão das SSBs anteriores, especialmente em relação ao Brasil que queremos, trata-se de refletir sobre “Um novo Estado: caminho para a sociedade do bem viver”. Também aqui, e sempre em sintonia com a Campanha da Fraternidade de 2013 – Fraternidade e Juventude – tem sido preponderante a participação dos jovens de ambos os sexos. É no bojo desse processo que se engendra o chamado Projeto Popular para o Brasil. Projeto que, como sabemos, não nasce em laboratório nem pela ação de alguns iluminados. Em verdade, ele já está em curso, nas milhaes iniciativas de combate por uma sociedade justa, solidário, social e ecologicamente sustentável.

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