II Fórum Social Brasileiro

Focar as “diversas interpretações que estão em curso, assim como diferentes tomadas de posição sobre o que fazer” enquanto projeto para um outro Brasil é a perspectiva central do II Fórum Social Brasileiro, o chamado Fórum de Abril, de 20 a 23, em Recife-PE.

23 de fevereiro de 2006
Image O Fórum olhará para a experiência política vivida pelo povo brasileiro, na ótica dos movimentos e organizações da sociedade civil que se opõem ao neoliberalismo, ao domínio do mundo pelo capital e por qualquer forma de imperialismo. 

CONVOCATÓRIA

A experiência brasileira em toda sua potencialidade é singular na discussão de caminhos a seguir para a construção de um país igualitário e justo, democrático e sustentável. Nossa jornada de lutas envolve momentos de esperança e de crise. Diversas interpretações estão em curso, assim como diferentes tomadas de posição sobre o que fazer. Essa pluralidade é o que anima e se expressará nesse II Fórum Social Brasileiro, chamado Fórum de Abril. 

É, assim, imprescindível ampliar o diálogo e as articulações entre os movimentos e as diferentes redes da sociedade civil para construir agendas comuns e tirar lições para o futuro. Para isso, contamos, entre outros espaços,  com o processo do Fórum Social Mundial, que criou a possibilidade de discussões abertas e livres entre os que lutam pelo fim do neoliberalismo e pela superação de todas as formas de opressão.
Dentro dessa perspectiva, os movimentos e organizações que realizaram o Fórum Social Mundial de 2005 decidiram promover, de 20 a 23 de abril de 2006, na cidade do Recife (PE), o II Fórum Social Brasileiro – como um Fórum Social Mundial Temático –  sobre a experiência política vivida pelo povo  brasileiro, na ótica dos movimentos e organizações da sociedade civil que se opõem ao neoliberalismo, ao domínio do mundo pelo capital e por qualquer forma de imperialismo. 

Movimentos e organizações, que vêm se reunindo em Fóruns Sociais pelo mundo afora, têm uma expectativa carregada de esperança no êxito de um processo per-manente de busca e construção de uma globalização solidária que  respeite  os  direitos humanos universais,apoiada em sistemas e instituições internacionais democráticos a serviço da justiça social, da igualdade, da soberania dos povos e do respeito ao meio ambiente.Esses movimentos e organizações estão acompanhando atentamente o que ocorre em nosso país, pelos impactos e dinâmicas que podem gerar em outros lugares. Participando do Fórum de Abril, eles lhe darão um caráter internacional, embora centrado na experiência brasileira.

Como todos os Fóruns Sociais, o Fórum de Abril será um espaço de debate da sociedade civil, horizontal, aberto e autogestionado pelos seus participantes, autônomo em relação a governos e partidos, nos termos da Carta de Princípios do Fórum Social Mundial. Ele será organizado em torno de áreas de diálogo, nas quais a disputa entre pontos de vista seja substituída pela escuta das análises, interpretações e propostas de todos e todas, sem atividades mais importantes que outras nem atividades centrais.

Os movimentos sociais, redes e entidades que organizam o Fórum de Abril não esperam que nele se chegue a conclusões ou orientações finais únicas, mas sim ao levantamento do máximo possível de ensinamentos e opções alternativas para o futuro, debatendo tanto  o papel dos governos, como dos movimentos e organizações da sociedade civil e suas redes e o dos partidos. O que se pretende é que os desacordos sejam tratados no respeito de uns pelos outros, na sua diversidade de pontos de vista e práticas, possibilitando a identificação das convergências existentes para a construção de novos consensos mobilizadores – no caso, rumo ao Brasil que queremos.        
           
                               Recife, 14 de fevereiro de 2006

As inscrições para o II FSB começam a partir do próximo dia 02 de março, no site www.fsb.org.br. Todas as atividades do Fórum Social Mundial Temático – a experiência brasileira serão autogestionadas. Isso significa que caberá ao comitê organizador apenas garantir o espaço para que as atividades sejam realizadas, bem como a sua divulgação no programa impresso. As organizações proponentes se encarregarão de estruturar cada atividade, em todos os seus aspectos. Mais informações pelo e-mail <!– var prefix = ‘ma’ + ‘il’ + ‘to’; var path = ‘hr’ + ‘ef’ + ‘=’; var addy27687 = ‘organiza’ + ‘@’; addy27687 = addy27687 + ‘fsb’ + ‘.’ + ‘org’ + ‘.’ + ‘br’; var addy_text27687 = ‘organiza’ + ‘@’ + ‘fsb’ + ‘.’ + ‘org’ + ‘.’ + ‘br’; document.write( ‘<a ‘ + path + ”’ + prefix + ‘:’ + addy27687 + ”>’ ); document.write( addy_text27687 ); document.write( ‘</a>’ ); //–> [email protected] Este endereço de e-mail está sendo protegido de spam, você precisa de Javascript habilitado para vê-lo .

Áreas de Diálogo

O II Fórum Social Brasileiro será organizado em torno de quatro áreas de diálogo: sujeitos políticos e suas relações; projeto de desenvolvimento alternativo ao neoliberalismo; relações internacionais, geopolítica; Estado e institucionalidade democrática.

Na coletiva de imprensa realizada dia 14 de fevereiro, integrantes das comissões do coletivo organizador apontaram iniciativas que contradizem as análises, segundo as quais, o FSM teria se esgotado.

Francisco Whitaker, do Comitê Internacional do FSM – Entre outros exemplos de ações articuladas pelos fóruns sociais, em todo o mundo, foi realizada no FSM Caracas a I Reunião Continental do Movimento Sindical, destaca Whitaker. Estabelecer uma metodologia que garanta “a substituição da disputa pela escuta das análises acerca da experiência brasileira” será um desafio no II FSB. Um desafio que vem sendo perseguido desde o I FSM e que, neste fórum temático, também se concretizará através de um espaço na programação para nenhuma atividade, ou seja, um momento que será destinado ao encontro e às articulações entre as pessoas e organizações presentes.

Márcia Larangeira, da Comissão de Metodologia – No FSM, a partir do lançamento da Campanha contra os Fundamentalismos, elaborada pela Articulación Feminista Marcosur, foram construídas diferentes atividades em torno do tema. Organizou-se, também a partir dos processos fóruns sociais, os Diálogos Feministas, e a luta pela legalização do aborto esteve presente como tema em vários eventos – durante e pós FSM – que foram promovidos por sindicatos na Argentina, pela rede Católicas pelo Direito de Decidir, pela Marcosur e diferentes organizações feministas do Brasil.

Para Isaque Menezes, Rede de Juventude do Nordeste, a metodologia do FSM também contribuiu para o surgimento do Fórum de Juventude, em Recife, após a ida de militantes desse movimento ao FSM. Esse Fórum já vai fazer quatro anos de fund
ação e dele surgiu o Comitê Passe Livre, movimentação social organizada contra o aumento das passagens na capital pernambucana.

Gilson Reis, da CUT, considera este II FSB também um espaço para consolidar análises e propostas de mudanças concretas na política econômica, logo após as eleições. Ele aponta a contribuição dos processos do FSM às transformações no cenário político de países como a Argentina, a Venezuela e o Uruguai que, de acordo com ele, mudaram completamente do ponto de vista da subserviência à política neoliberal. Gilson considera que o principal debate a ser feito no FSB é acerca de um projeto político que seja a base desse modelo de mudança, no Brasil.

Alex Reis, da Conen, reforça a proposta metodológica do Fórum ressaltando que, apesar de não produzir nada escrito como uma formulação final, o processo do FSM promove a luta contra o racismo, a desigualdade racial, contra o imperialismo e neoliberalismo. Para ele, é preciso combater a idéia de uma democracia racial existente no país, denunciando que todos os dias jovens negros/as são exterminados/as.

Anamaria Moraes e Alexandre Conceição, militantes do MST, apontam o FSM como espaço para reversão do que vem ocorrendo desde 1989, com a implantação da política neoliberal, que fez o “desmantelameto do Estado e o afastamento das pessoas da política”. Para Alexandre, o FSM resgata isso e foi fundamental na articulação de duas importantes lutas no país: a Campanha Por um Brasil Livre de Transgênicos e o debate contrário ao uso da Base de Alcântara pelo governo americano. Para o MST, o FSM fortalece os movimentos sociais ao organizar bandeiras concretas anti-imperialistas, anti-neoliberais, anti-capitalistas.

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