Sucessos e fracassos do Brasil na erradicação da pobreza e na correção de desigualdades sociais são o tema desta terça, 11 de julho, da oitava rodada de debates do Fórum Brasil em Questão, promovido pela Universidade de Brasília (UnB).
Apesar de a pobreza ter começado a cair no começo dos anos 1990, isso ocorreu de modo desigual – e não tão rápido quanto o necessário para o Brasil atingir a primeira das oito Metas de Desenvolvimento do Milênio, adotadas pela Assembléia Geral da ONU em setembro de 2000. Entre o final da década passada e o ano de 2001, 9,9% dos brasileiros viviam com o equivalente a menos de 1 dólar por dia. O objetivo é reduzir esse valor a 4,95% até 2015.
Essa constatação, registrada no Relatório de Desenvolvimento Humano (RDH) elaborado pelo PNUD em 2003, revela uma situação preocupante. Razões principais das oito metas adotadas pela ONU, a erradicação da pobreza e a correção dos desequilíbrios regionais são os temas da oitava rodada de debates do Fórum Brasil em Questão, promovido pela Universidade de Brasília (UnB).
Nesta terça-feira, dia 11, os avanços e fracassos do Brasil no cumprimento desses compromissos serão discutidos por especialistas, no seminário coordenado pela professora Lúcia Avelar, do Instituto de Ciência Política (Ipol). Outros dois estudiosos Armando Mendes, especialista em Planejamento Regional pela Fundação Getúlio Vargas (FGV), e Carlos Américo Pacheco, professor da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) participarão do debate.
A diminuição da taxa de mortalidade infantil e os incrementos no nível de escolaridade são pontos em que o Brasil conseguiu avançar bastante nos últimos anos, avalia Lúcia Avelar. Ela defende que, muito embora os programas sociais não consigam, por si sós, erradicar a pobreza, eles representam um importante instrumento de articulação nacional.
O professor Armando Mendes fará um panorama da situação atual do Brasil, não só no que diz respeito às metas estabelecidas pela ONU, mas também pelo que rege a Constituição Brasileira de 1988, em seu artigo 3º: Constituem objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil: construir uma sociedade livre, justa e solidária; garantir o desenvolvimento nacional; erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades sociais e regionais; promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação.
OBJETIVOS FRUSTRADOS Na visão de Armando Mendes, o problema brasileiro é a redução da pobreza localizada espacialmente. Meu foco será a inconsistência da retórica e das atitudes para reduzir as desigualdades regionais, por causa de ações descoordenadas, afirma. Ele pretende fazer uma análise genérica e estrutural das ações governamentais de combate à miséria e às desigualdades.
As oito Metas de Desenvolvimento do Milênio estabelecidas pela ONU têm o propósito de reduzir à metade, até 2015, a população que sofre com a fome e a pobreza extremas, entre outros objetivos referentes a saúde, meio ambiente, educação e igualdade entre os sexos. O Brasil está entre os 191 países que assinaram essas metas.
Mas, no Relatório de Desenvolvimento Humano (RDH) de 2003, os especialistas da ONU advertiram sobre o ritmo de diminuição da miséria no país. Segundo o documento, embora o Nordeste tenha conseguido uma redução dramática nesses índices, a região Sul é a única que deve conseguir cortar a pobreza pela metade até 2015, se o passo atual for mantido.
Dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) feita também em 2003 pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostram que a Região Norte foi a única que viu a pobreza crescer, de 36% em 1990 para 44% em 2001. Para os representantes da ONU, essa região está sendo deixada para trás, não apenas no que diz respeito à pobreza, mas também em outras dimensões. De acordo com o relatório do PNUD, o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) daquela região não tem evoluído o suficiente, ao contrário do que ocorreu com o IDH no Nordeste e no Sudeste, por exemplo.
Nos aspectos positivos do Brasil, há destaque para a eqüidade de gênero e para o acesso ao ensino fundamental. Quanto à igualdade de oportunidade entre os sexos, medida nas Metas do Milênio pela proporção de meninas em relação ao número de meninos matriculados nos níveis de ensino fundamental e médio, o objetivo é que haja paridade, ou seja, que exista uma aluna do sexo feminino para cada aluno do sexo masculino. Isso se traduz em uma taxa de 100%. No caso brasileiro, esse valor já é de 103%, indicando uma maior proporção de estudantes mulheres do que homens e o cumprimento antecipado da meta.
SERVIÇO
A oitava semana do Fórum Brasil em Questão tratará da erradicação da pobreza e da correção das desigualdades regionais. Será na terça-feira, dia 11 de julho, das 10h às 12h, no Anfiteatro 9 (ala sul do Instituto Central de Ciências ICC), com os palestrantes Armando Mendes, especialista em Planejamento Regional pela Fundação Getúlio Vargas (FGV), e Carlos Américo Pacheco, professor da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). A coordenação ficará a cargo da professora do Instituto de Ciência Política da UnB Lúcia Avelar. A TV UnB transmite ao vivo todas as atividades no www.unb.br.
CONTATO
Professora Lúcia Avelar, diretora do Instituto de Ciência Política da UnB, pelo telefone (61) 3307 2865.