Fotógrafos e comunicadores populares no mercado de trabalho

Depois de mais de um ano de atividades, a Escola Popular de Comunicação Crítica Glauber Rocha e a Escola de Fotógrafos Populares Juveny Lourenço realizaram a formatura de suas turmas, 24 de novembro de 2006, na sede do Observatório de Favelas

Depois de mais de um ano de atividades, a Escola Popular de Comunicação Crítica Glauber Rocha e a Escola de Fotógrafos Populares Juveny Lourenço realizaram a formatura de suas turmas na sexta-feira, 24 de novembro de 2006, na sede do Observatório de Favelas. A cerimônia teve participação dos parceiros das Escolas, como a representante do Fundo das Nações Unidas para a Infância

Um novo olhar na comunicação da cidade
Marcada por momentos de emoção, sejam por parte dos 50 alunos que se formaram, ou dos coordenadores e representantes, a festa de formatura se iniciou às 18 horas do dia 24. O primeiro a se pronunciar foi Chico Júnior do AfroReggae, que se disse emocionado em fazer parte desse projeto. Logo após, Coutinho, da UFRJ, tratou do absurdo do monopólio da mídia e da importância dessa iniciativa para a comunicação, e que inclusive irá apresentar as Escolas em um colóquio na República Dominicana sobre mídia comunitária como exemplos a serem seguidos.
 
Jorge Barbosa, da UFF e também do Observatório de Favelas, falou da importância de afirmar o legítimo direito de fazer parte da cidade. Para ele, a Universidade tem que estar nas comunidades, já que “é onde construímos nossas referências de saberes” e finalizou afirmando que “fazemos a história com luta, amor e paixão”. Marcelo Beraba, da Abraji, reafirmou a parceria, e se comprometeu a manter o apoio da instituição às Escolas: “A Abraji vai continuar apoiando as escolas e espero que no próximo ano possamos ajudar ainda mais”.
 
Em seguida, Jailson de Souza, coordenador geral do Observatório de Favelas comentou que ainda existe uma visão perversa da favela, e que para mudar isso é preciso mais do que palavras, é “preciso uma nova forma de pensar as favelas, a cidade. Fazer uma comunicação absolutamente engajada na formação de um cidadão pleno”.
 
Por que o jornalismo é tão nocivo à nossa sociedade?
Alison Sutton, representando o UNICEF, falou da importância desse momento e da emoção que representava para ela estar presente nesse dia. Ela ainda afirmou que para o UNICEF “o valor desse projeto é que retrata a individualidade, a força, os desafios e as alegrias das comunidades populares”. Ela ainda lembrou das diversas oficinas realizadas pelos alunos de Fotografia, que atenderam a mais de 250 crianças e do apoio da Kodak “em dar voz a essas comunidades mesmo no meio da violência”.
 
Chamado de surpresa à mesa, João Roberto Ripper, um dos coordenadores da Escola de Fotógrafos Populares e notório fotográfo envolvido com os movimentos populares, falou do quanto aprendeu com os jovens da Escola, e que “o maior aprendizado foi ter visto que a favela tem uma enormidade de beleza e sensualidade” que o faz se perguntar: “Por que o jornalismo é tão nocivo a nossa pobreza? Por que estão perdendo essa fonte de informação?”. “Ao mesmo tempo vejo essa galera surgir com tanta garra, com tanta resistência e com uma imensa dignidade e isso me faz muito feliz”, concluiu, sendo aplaudido de pé.
 
Depois vieram os discursos, que mantiveram a emoção do momento com a aluna Jaqueline Felix, dizendo que aprenderam a trabalhar juntos e a superar dificuldades nesse período. Ainda tivemos a apresentação de um vídeo sobre os alunos, preparado por Diego Bion, aluno de Audiovisual, uma homenagem da turma de Fotografia ao fotógrafo Juveny Lourenço presente na cerimônia e uma projeção de fotografias dos alunos. E também, durante todo evento, alunos distribuíram o jornal laboratório Língua Solta, produzido por eles.

Vitor Monteiro de Castro, Observatório de Favel

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