Assim como já aconteceu na Índia, o método brasileiro, criado por Augusto Boal, está sendo utilizado para promoção do diálogo público em prol do Direitos Humanos no Oriente Médio.
Entre os dias 29 de Março e 28 de Junho de 2007, aconteceu na Palestina o festival Theatre of the Oppressed Season – Building Bridges – Breaking Barriers (Teatro do Oprimido Construindo Pontes – Quebrando Barreiras). Organizado pelo grupo teatral Ashtar, com participação de grupos locais e europeus (Espanha, Alemanha e Suíça), que se apresentaram nas diversas cidades dos Territórios Palestinos Ocupados, o festival contou com a presença do Centro de Teatro do Oprimido CTO-Rio.
O grupo Ashtar é o primeiro do mundo árabe que trabalha diretamente com o método criado por Augusto Boal. Desde 2002, Bárbara Santos, coordenadora do CTO, faz um trabalho de multiplicação na região, o que proporcionou a criação de espetáculos de Teatro-Fórum do próprio grupo, como A História de Mona (opressão da mulher), e de outros grupos em diversos locais da Palestina.
A participação do CTO-Rio no festival – que contou com o apoio do Ministério da Cultura, através da Funarte – se deu com o espetáculo de Teatro-Fórum Coisas do gênero, que também aborda a opressão contra a mulher. Entre 23 e 28 de junho, o CTO fez quatro apresentações, nas cidades de Jerusalém (Teatro Nacional da Palestina), Nablus (Centro Cultural de Nablus), Belém (Dar Annadwa Espaço Cultural) e no fechamento do Festival em Ramallah (Palácio Cultural de Ramallah), para mais de 400 pessoas.
No mundo inteiro, a difusão do Teatro do Oprimido é intensa, aumentando a agenda de eventos internacionais e a importância estratégia da prática deste método, especialmente na África e na Ásia. Em outubro do ano passado, o espetáculo Coisas do gênero já esteve no Muktadhara II, festival realizado na Índia, cuja abertura teve a participaçao de 12.000 praticantes indianos e centenas de estrangeiros. Na ocasião, houve o lançamento oficial da Federação Indiana de Teatro do Oprimido, com cerca de três milhões de associados. O evento contou com a presença de Augusto Boal e de toda a equipe do CTO-Rio.
Diante dos eventos de Teatro do Oprimido realizados anualmente em todo o mundo, a equipe do CTO-Rio prioriza aqueles que têm importância estratégica. É o caso da Palestina, onde um método brasileiro está sendo utilizado para promoção do diálogo público em prol do Direitos Humanos.
O Teatro Oprimido é hoje um método teatral largamente praticado no mundo inteiro, em línguas, culturas e geografias diversas, em cerca de 70 países, nos cinco continentes. Trata-se de um método genuinamente brasileiro e latino-americano a serviço da universalização do saber e do bem comum, baseado no respeito as especificidades das identidades locais, e em radical oposição à uniformização que massifica.
No Brasil, o Centro de Teatro do Oprimido CTO-Rio tem encontrado o apoio necessário para intensificar seu processo de difusão através do projeto Teatro do Oprimido de Ponto a Ponto, financiado pelo Ministério da Cultura/Programa Cultura Viva, de formação de Multiplicadores em dezesseis estados das regioes NE, CO, SE e SU, além de Moçambique e Guiné-Bissau.
Da Redação – Carta Maior