No dia da Consciência Negra, foi lançada a primeira experiência do Brasil de banco comunitário voltada para as populações quilombolas de Alcântara, no Maranhão. Experiência na qual os(as) educadores(as) da Rede participam como parceiros. Veja como está sendo a experiência.
A idéia do banco surge, a partir da articulação dos quilombolas de Alcântara integrados ao Movimento dos Atingidos pela Base Espacial de Alcântara-MABE e do trabalho de base dos 10 agentes e coordenação estadual do Projeto de Promoção do Desenvolvimento Local e Economia Solidária (PPDLES), que a partir do diagnóstico da realidade das comunidades perceberam a falta de financiamento pra produção e assistência técnica como gargalo para o etnodesenvolvimento dos quilombos de Alcântara.
A estratégia encontrada, na linha das finanças solidárias, foi já em 2006 articular uma palestra com o Instituto Banco Palmas sobre bancos comunitários e desenvolvimento endógeno, está foi realizada no município de Alcântara, com os 10 jovens quilombolas do PPDLES, sendo amadurecida a idéia do banco pelos agentes e integrantes de entidades do movimento social, em uma oficina de planejamento definir criar o Banco Comunitário Quilombola (BCQA), estavam presentes diversas associações quilombolas e movimentos que formaram ali um grupo de 14 associações quilombolas que compõem o Conselho Gestor do BCQA, com o objetivo de discutir de forma que envolvesse no processo toda a comunidade a implantação e gestão do banco.
Após várias reuniões do Conselho Gestor com técnicos do Instituto Banco Palmas sobre a experiência e a contribuição deste no desenvolvimento da economia solidária nas comunidades de baixa renda, dando-lhes assim a oportunidade de acesso as linhas de crédito disponibilizadas, inclusão bancária e organização da comunidade.
Neste processo o BCQA temos organizado várias entidades e pessoas que apostam na idéia, tecendo então uma rede de parceiros como estes parceiros como a Cáritas Barsileira Região Maranhão, Instituto Banco Palmas, o Fórum de Economia Solidária- FEES/MA , a RECID – Rede de Educação Cidadã , e outros govenamentais como a SENAES/PPDLES, Banco Popular do Brasil e Secretaria Estadual de Trabalho e Economia Solidária que vem contribuindo para uma ação mais concreta , que faça valer direitos a tanto tempo negados aos quilombolas, o BCQA reconstrói a alto-estima do negro lutador e guerreiro e responde forma firme aos desafios do etnodesenvolvimento em Alcântara.
O que é e como funciona?
O Banco Comunitário Quilombola de Alcântara-BCQA, é um serviço financeiro de natureza associativa e comunitária voltado para a geração de trabalho e renda, ou seja, não visa o lucro. A comunidade através do Conselho Gestor é quem define e gerencia toda a política funcional da instituição, que tem a finalidade de desenvolver a geração de trabalho e renda no território étnico do município de Alcântara, através de créditos em moeda social e outras linhas de créditos em parceria com o Banco Popular do Brasil.
A criação da moeda Social-circulante, tem como objetivo fazer com que o dinheiro possa circular na própria comunidade, ampliando e valorizando o poder de comercialização dos produtos locais, aumentando assim a geração de emprego e renda das famílias através do desenvolvimento da economia solidária.
A moeda Social-Circulante é o Guará (G$)- para cada Guará emitido existi em caixa o valor correspondente em reais, o que chamamos de Lastro, que garanti assim o câmbio da moeda. Há várias formas para que a comunidade possa ter acesso à moeda social-circulante: fazendo empréstimo em moeda social no Banco Comunitário sem juros; prestando serviço para alguém da comunidade que tenha a moeda circulante local, trocando reais por Guarás (G$) diretamente na sede do Banco comunitário.
É também o BCQA um instrumento de inclusão bancária, acesso digno e respeitoso ao sistema financeiro, forma diferenciada de crédito acompanhamento aos grupos produtivos, promove a integração e organização da comunidade pra outras lutas por direitos.
O BCQA funciona das 7h00 às 11h00 da manhã e de 14h00 às 17h00. Existem hoje mais de 50 comerciantes e produtores já cadastrados e fazendo circular a moeda social em Alcântara, gerando esperança de dias melhores a partir da elevação da auto0estima dos quilombolas donos do banco.
Por Margareth de Souza Machado – Educadora Popular – MA