Centro-Oeste: reencantando as causas da vida!

“Nossos saberes e sabores – reencantando as causas da vida!”. Embalados por esse lema cerca de 45 educadores(as) populares dos estados de Goiás, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul e do Distrito Federal se reuniram no 5º Encontro da Macrorregional Centro-Oeste, em Campo Grande-MS, de 19 a 22 de junho de 2008.

Parte do primeiro dia foi dedicada à análise de conjuntura da região a partir de um destaque apresentado por cada estado. Os elementos mais comuns na análise foram o avanço da produção de etanol na região e os impactos ambientais e sociais deste modelo de desenvolvimento. A realidade dos povos indígenas também foi bastante destacada nas apresentações.

A outra parte, com a colaboração da Raimunda Pedraça, membro da Comissão Nacional, de Rondônia, foi dedicada para aprofundar a realidade amazônica no Painel: Amazônia e Fórum Social Mundial 2009. Os participantes, além da formação cultural, histórica e social da Região, se detiveram em questões bem atuais como a biopirataria e a ocupação do solo.

A partir daí os grupos, no segundo dia, aprofundaram o método da educação popular, com a Maria Guadalupe Menezes, partindo de questões como: a) Qual a relevância da Educação Popular para a prátia dos movimentos sociais? b) Destacar princípios/fundamentos da Educação Popular; c) Qual é o significado da expressão “partir da realidade” no sentido metodológico? d) avanços e dificuldades percebidos nas práticas vivenciadas a partir da Educação Popular.

A educação popular, segundo Maria Guadalupe Menezes, assessora do encontro, exige três saberes, a saber: saber ouvir; saber compreender; e saber servir. Mas, frizou Menezes, o saber ouvir, compreender e servir na perspectiva da educação popular crítica exige um rigor metódico da organização do trabalho para fazer esses movimentos nos processos educativos.

Falas significativas

Preparando-se ao V Encontro os(as) educadores(as) aprofundaram o 3º capítulo do livro: “Pedagogia do Oprimido” e fizeram o levantamento de falas significativas com os grupos e coletivos da Rede em cada estado. Falas que apareceram:

“Eu não dou voto: eu troco”
“Porque sou negro e pobre ninguém me respeita”
“Se utilizarmos a metodologia de Paulo Freire vamos perder o controle do movimento. Pois abriremos espaço para os grupos oportunistas utilizarem as vitórias do movimento para finalidades particulares”
‘Toda mulher apanha por que gosta, porque se não gostasse, na primeira surra largaria do cara”
“Não sei falar, por isto só escuto”

O grupo exercitou e descobriu como identificar uma fala significativa, transformá-la num tema e contra-tema, bem como elaborar as perguntas problematizadoras, a partir das quais, respeitando o movimento de partir do local, ampliá-lo para o micro e o macro e voltar ao local, organizou um processo formativo. Exercício que, na avaliação dos educadores(as), é bem rico porque permite não impor um programa sobre os educandos mas construir juntos.

Uma noite cultural, com artistas locais, músicos, performers e a drag queen Maria Quitéria, fez o grupo conhecer e mergulhar um pouco mais na alma pantaneira dos(as) educadores(as) do Mato Grosso do Sul.

No domingo, 22 de junho, os(as) educadores(as) aprofundaram questões relativas à Comissão Nacional e ao seu papel, ao 9º Encontro Nacional e sua preparação; e a propor ações para os círculos de cultura: formação e trabalho de base, organicidade, gestão compartilhada, comunicação e Fórum Social Mundial 2009.

Willian Bonfim

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