Homenagem à Língua Portuguesa em Berlim

Festival de poesia em Berlim homenageia a língua portuguesa, com debates, leituras e concertos que reuniram poetas, professores e artistas africanos, brasileiros e europeus. Conheça um pouco da rigorosa poesia do angolano João Maimona.

Tradicionalmente no mês de julho se realiza um festival de poesia na cidade de Berlim, na Akademie der Künste (Academia de Artes) e da Literaturwerkstatt Berlin. Neste ano a homenageada foi a língua portuguesa, com uma série de debates, leituras e concertos com artistas do Brasil, de Portugal e dos países africanos: Angola, Moçambique, Cabo Verde, Guiné-Bissau, São Tomé e Príncipe, além de especialistas, professores, pesquisadores, tradutores e artistas de outros países também.

Dentre as várias atividades, destacaram-se a apresentação “O mar de África”, com canções e leitura de poetas africanos, e o concerto brasileiro com Arnaldo Antunes e Chico César.

Os dois compositores e cantores brasileiros apresentaram um espetáculo impecável. Arnaldo Antunes montou uma apresentação com toques de expressionismo, numa roupa preta e com uma dicção marcada e de ritmo forte. Chico César, que é muito popular em Berlim, pelo menos entre os aficcionados da música brasileira, tocou e cantou novos arranjos de suas composições tradicionais, com grande comunicabilidade para o público presente.

No lado africano houve uma agradável surpresa com a originalidade da poesia do poeta angolano João Maimona. A música e a poesia africanas de língua portuguesa têm como marca um forte acento telúrico, além de ser uma arte de reivindicação e de denúncia da situação de penúria e exploração que muitas vezes se constata no continente. É uma arte de tons românticos sublinhados, quando não, em algumas ocasiões, exacerbados, sem que isso necessariamente importe em queda de qualidade.

Nesse contexto, a poesia de Maimona surpreendeu. Maimona nasceu em 1955. Quando jovem esteve exilado no Zaire. Retornou a Angola em 1976, e formou-se médico veterinário. Alguns de seus livros são: “Idade das palavras”, “Traço de união”, “Quando se ouvir os sinos das sementes”, “As abelhas do dia”, “Trajectória obliterada”. Sua poesia tem um toque de João Cabral de Melo Neto e outro de Drummond, a quem ele, aliás, homenageia.

Site: Carta Maior

 

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