O método de alfabetização de adultos proposto por Paulo Freire é apenas um dos aspectos da grande obra deixada por ele, mas é por essa iniciativa que o educador é muitas vezes lembrado. A primeira experiência do modelo de ensino, em nível nacional, se deu em 1963, na cidade de Angicos, no interior do Rio Grande do Norte, quando 300 trabalhadores rurais foram alfabetizados em 45 dias.
Do Jornal do Commercio
O método de alfabetização de adultos proposto por Paulo Freire é apenas um dos aspectos da grande obra deixada por ele, mas é por essa iniciativa que o educador é muitas vezes lembrado. A primeira experiência do modelo de ensino, em nível nacional, se deu em 1963, na cidade de Angicos, no interior do Rio Grande do Norte, quando 300 trabalhadores rurais foram alfabetizados em 45 dias. No ano seguinte, Paulo Freire foi convidado pelo presidente João Goulart para desenvolver um programa nacional de alfabetização de adultos. Estava prevista a instalação de 20 mil círculos de cultura para dois milhões de analfabetos. Mas o Golpe Militar não permitiu que o projeto fosse posto em prática.
Antes de começar o trabalho, havia uma levantamento do que Freire chamava de “universo vocabular mínimo”. Voluntários passavam um período na comunidade onde seria realizado o projeto de alfabetização para que fossem observadas as principais palavras faladas pela população. Eram escolhidas cerca de 17 palavras. Somente tentando compreender a linguagem popular e descobrindo as palavras mais carregadas de emoção e mais ligadas à problemática da área, afirmava Freire, o programa era elaborado. Outro critério para seleção dos termos era a dificuldade fonética que eles apresentavam, como o rr, o nh.
Um exemplo foi a palavra tijolo, usada em Brasília, nos anos 60, escolhida justamente porque a cidade estava em construção, o que iria facilitar o entendimento do educando. O método funcionava da seguinte maneira: primeiro, a palavra era simplesmente escrita. Depois, separada por sílabas. Para cada sílaba era apresentada sua família fonêmica: ta, te, ti, to, tu (do ti de tijolo), e assim sucessivamente. O educando descobria, portanto, que poderia juntar os “pedaços” e assim formar novas palavras.