Cerâmica ecologicamente correta garante trabalho e renda no Piauí

No lugar de pobreza a depredação do meio ambiente, um projeto socialmente responsável e ecologicamente correto. Com o objetivo de criar uma cultura de subsistência diferenciada, o projeto Cerâmica Artesanal da Serra da Capivara garante trabalho e renda para 35 famílias da comunidade rural de Barreirinho, localizada no entorno do Parque Nacional Serra da Capivara (Piauí).

Adital –
No lugar de pobreza a depredação do meio ambiente, um projeto socialmente responsável e ecologicamente correto. Com o objetivo de criar uma cultura de subsistência diferenciada, o projeto Cerâmica Artesanal da Serra da Capivara garante trabalho e renda para 35 famílias da comunidade rural de Barreirinho, localizada no entorno do Parque Nacional Serra da Capivara (Piauí). Esse grupo passou a trabalhar na fabricação de louças, xícaras, vasos e outros artigos artesanais a partir da argila, decoradas com símbolos semelhantes às pinturas rupestres encontradas no parque, que é considerado o maior complexo de sítios arqueológico das Américas.

"Antes a comunidade vivia basicamente da agricultura e da caça. Como a atividade não era rentável, muitos optavam pelo êxodo para as grandes cidades. Além disso, havia muita degradação ambiental e dos vestígios arqueológicos por falta de conhecimento", recorda Girleide Oliveira, administradora do projeto. Iniciada em 1993, a Cerâmica da Serra da Capivara conta com o apoio da Fundação Museu do Homem Americano (Fundham) – entidade presidida pela arqueóloga e idealizadora do projeto, Niède Guidon – e pelo Sebrae (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas), responsável pela capacitação das famílias para a função de ceramista. A opção por trabalhar com os motivos rupestres existentes, além de dar um toque a mais nos produtos, busca incutir nos artesãos a importância do patrimônio cultural e arqueológico do parque.

Além da beleza e do cuidado com que as peças são produzidas, a preocupação ecológica é a marca principal do projeto. A argila obtida para a fabricação das peças não é fruto de extrativismo e os fornos onde há a queima são alimentados por gás, reduzindo a pressão sobre a madeira da área de preservação. A diminuição do impacto ambiental e as normas rígidas que norteiam a fabricação das cerâmicas garantem um produto mais durável e com alto valor social agregado.

"Só para preparar a argila são cinco dias de trabalho, além de outros treze dias em que o produto toma forma na mesa de produção. Além de servir para decoração, nossas peças também podem ser utilizadas para preparar alimentos. Nossas cerâmicas podem ir ao forno a gás e até ao forno microondas sem nenhum problema", garante Girleide.

Atualmente, as peças do projeto podem ser encontradas em grandes redes de lojas em oito estados brasileiros, além de ser exportadas para Itália e Espanha como produto de superfície alimentar – já que as demais cerâmicas costumam ser vendidas apenas como produto de decoração. O projeto também trabalha na produção de brindes comemorativos (chaveiros, lembrancinhas) para empresas e hotéis, além de outros artigos personalizados sob encomenda. O valor das peças pode variar entre R$ 3 e R$ 340.

"Chegar a esses lugares só foi possível por conta do compromisso que temos com a qualidade e com a responsabilidade social desses produtos. Ainda temos muitos desafios, porque um produto como o nosso, pelo valor agregado, costuma ser mais caro que os existentes no mercado. Mas trabalhamos a partir de um conceito cultural, ecológico e socialmente corretos".

Mas o esforço já mostrou outros resultados. Em 2005, a Cerâmica Serra da Capivara conquistou o primeiro lugar de melhor projeto de sustentabilidade do Brasil, premiação concedida pelo Conselho Empresarial Brasileiro de Desenvolvimento Sustentável (CEBDES). O dinheiro do prêmio foi utilizado para recuperação e compra de equipamentos para as oficinas de produção.
As matérias sobre produção e renda são feitas com o apoio do Banco do Nordeste do Brasil.

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