COM QUANTAS REDES SE FAZ UMA REDE ?

Convidado pelos educadores da Rede de Educação Cidadã no Piauí, RECID-PI, especialmente por Antonio Carvalho, que insistiu na importância de minha ida, participei do III EDUPOP – Educação Popular em Movimento. É uma atividade que envolve, além da fervorosa Nordestinidade, três importantes Redes de Educação Popular do Nordeste. A – EQUIP – Escola de Formação Quilombo dos Palmares – presença educativa e transformadora no Nordeste -; a Rede de Educadores dos Movimentos Populares do Nordeste; a Rede de Jovens do Nordeste e o apoio da Universidade Federal do Pernambuco – UFPE.

Convidado pelos educadores da Rede de Educação Cidadã no Piauí, RECID-PI, especialmente por Antonio Carvalho, que insistiu na importância de minha ida, participei do III EDUPOP – Educação Popular em Movimento. É uma atividade que envolve, além da fervorosa Nordestinidade, três importantes Redes de Educação Popular do Nordeste. A – EQUIP – Escola de Formação Quilombo dos Palmares – presença educativa e transformadora no Nordeste -; a Rede de Educadores dos Movimentos Populares do Nordeste; a Rede de Jovens do Nordeste e o apoio da Universidade Federal do Pernambuco – UFPE. O encontro aconteceu na aconchegante cidade de Carpina, a 60 quilômetros de Recife. Nas dependências do também aconchegante Juvenato Maria Auxiliadora, das Irmãs Salesianas, no bairro de São José.

Assim que o amigo e Educador Popular, Antonio Carvalho, me apresentou a programação, fiquei motivado a participar. Foram 10 oficinas temáticas, com aproximadamente 300 Educadores (as) dos nove Estados do Nordeste. Com os seguintes temas a serem trabalhados nas 10 oficinas: 1) Emancipação das mulheres e relações de gênero; 2) Populações Tradicionais e relações étnico-raciais; 3) Movimentos juvenis e Educação Popular; 4) Afirmação da livre orientação sexual e combate a homo fobia; 5) Territórios da Cidadania e novas possibilidades de desenvolvimento e poder local; 6) História oral, Software Livre e Teatro do Oprimido: diálogos & mediações possíveis com a Educação Popular; 7) Economia Solidária e novas relações de produção; 8) Gestão pública e novas relações entre governo e sociedade; 9) Cultura Popular, Comunicação e instrumentos de Educação Popular; Agenda do semi-árido e novas relações com a natureza.

Já na abertura do encontro, o Educador Popular da EQUIP, Paulo Afonso, apresentou uma análise de conjuntura a partir de um texto da professora da UFPE, Tânia Bacelar de Araújo, com o seguinte título: “Nordeste: heranças, oportunidades e desafios”. Foi um excelente ponto de partida, visto que se trata de intelectual orgânica, com forte presença nos dois EDUPOPs anteriores e pesquisadora das culturas e políticas e da economia do Nordeste. Chamou-me grandemente a atenção a proporção de jovens envolvidos. A metodologia e a condução por parte dos organizadores e a qualidade e a criatividade das apresentações em plenário. Bem como o nível das discussões. Igualmente chamou-me a atenção a quase ausência da Rede de Educação Cidadã – RECID – neste evento. Mais ainda o quase desconhecimento dela por parte da maioria dos participantes. Apenas o Piauí, com 8 (oito) de seus 26 participantes ligados à RECID-PI. O Ceará tinha 5 (cinco) dos seus 40 participantes, com alguma relação com à REID-CE. A Paraíba, apenas o Mário, entre os também 40 participantes, até onde pude ver, faz parte da RECID-PB. No mais ninguém nos conhecia. Não obstante a curiosidade e aprovação quando descobriam nossa existência. A pergunta freqüente que ouvi foi esta: por que vocês não estão aqui também?

Um elemento muito importante, apesar de não ser novidade, é o reconhecimento dos avanços no Nordeste, com o governo do presidente Lula. O que não quer dizer, nem de longe, que não existam criticas bem fundamentadas e elaboradas. Que não tenham reivindicações e propostas de avançar. A partir dos resultados das últimas eleições municipais – esse foi o referencial – a compra escancarada de votos, uma preocupação constante é a sucessão do presidente Lula. Precisamos trabalhar a partir de agora. Não podemos retroceder nos avanços, mas avançar mais. E me perguntaram várias vezes: você sabe quem é o candidato de Lula? Que pergunta difícil! Mas, o mais importante é perceber o envolvimento da sociedade organizada com o futuro político do Brasil e do Nordeste. Há, na percepção do grupo, na minha ótica, a avaliação de diminuição das desigualdades regionais históricas. As conclusões que se chegam é que temos que, basicamente, fazer duas ações: a primeira é intensificar o Trabalho de Base. A segunda é que devemos integrar mais as ações. Formar uma Rede de Redes que protagonize o que fazer político.

A alegria, a festividade e expressão cultural Nordestinas predominaram em todo o encontro. Novidade nenhuma nisto. Entre uma brincadeira e outra, entre uma oficina e outra, no final, os encaminhamentos foram muito conseqüentes. Entre muitas outras que não caberiam aqui neste espaço, algumas que pude anotar e que me chamaram atenção: fortalecer o interior, com desenvolvimento local. E, para isso, os Territórios da Cidadania são fundamentais, como espaço de democratização e exercício do poder; o controle social, como a forma de superar a corrupção, ainda quase regra nos governos locais e avançar na gestão dos recursos públicos; integrar as redes, as ações e as bandeiras de luta, em torno de propostas mais comuns e coletivas; lutar para re-eleger Lula através de seu sucessor. O nome é muito importante e deve dar continuidade aos avanços e conquistas até aqui conseguidos; decretar efetivamente o fim do coronelismo que ainda não morreu e respira, às vezes em governos populares, através das alianças; os movimentos sociais devem ajudar a construir propostas para os governos que forem eleitos em 2010. Ocupar espaço e manter a autonomia; fazer aproximação com a RECID e planejar ações em comum e tornar o EDUPOP anual, além de fazer EDUPOPs estaduais. Grosso modo foi isso que consegui registrar das propostas do III EDUPOP. No entanto, fica o desafio para nós da RECID. Basicamente além de dar passos rumo a essas redes irmãs, responder a uma pergunta que me parece fundamental: com quantas redes se tece uma rede forte, aconchegante, ousada e integrada o suficiente para protagonizar a transformação do Brasil e do Nordeste?

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