Ligado ao núcleo de comunicação da Rede de Educação Cidadã no Distrito Federal, Marcus Aurélio Dantas da Silva, 24 anos, concedeu essa entrevista ao site da RECID-DF. Morador de Samambaia-DF, uma das cidades satélites dos Distrito Federal, e também mc do Projeto Aborígene do Hip Hop, Markão, como é conhecido, falou de experiências de comunicação popular que estão dando certo e que elas fazem um confronto com a mídia tradicional, dando voz e vez ao povo. Confira, a seguir, parte desta entrevista.
Blog: O que a comunicação popular propõe?
Marcus Aurélio Dantas da Silva: A comunicação popular comunica a liberdade que é comum a todos os seres e espécies. Todos os seres se comunicam, por exemplo, os bebês se comunicam com os pais pelo choro. Nós, em todos momentos, buscamos a liberdade, isso é uma coisa natural no homem, de se comunicar. E a educação popular vem mostrar que todos tem essa capacidade de comunicar. Ao contrário do que os donos da mídia pensam o seringueiro, o morador e moradora de rua têm um comunicar e um saber e um conhecimento da realidade.
Blog: Qual a importância da comunicação popular para a educação popular?
Markão: Quando a gente une a educação popular com a comunicação popular isso vem quebrar paradigmas e estereótipos. Isso apresenta saberes que não são nossos, socializa não para dividir mas para acrescentar. A proposta desse curso de formação em comunicação foi uma escolha, não só da coordenação, mas que todos e todas os participantes votaram, na última etapa, para que fosse esse tema. A gente ainda percebe que os movimentos sociais têm essa dificuldade de socializar as atividades, a sistematização. A comunicação vem desse ato de se comunicar entre as entidades para potencializar as ações.
Blog: Qual a diferença da comunicação popular com a grande mídia?
Markão: A Mídia hoje retrata o número de calçado que o artista da Globo tem, mostra por exemplo na novela uma Índia elitizada fora da realidade da própria Índia. Não se vê protagonistas negros nas novelas. A comunicação popular vem confrontar essa mídia dando voz e vez aqueles a quem a elite da mídia não dá. A comunicação popular é um movimento profético e libertador, que aproveita a sabedoria e cultura populares, como por exemplo: Hip Hop e outros. Ela não distorce a informação que é dada, mas faz uma análise de conjuntura com base na realidade de cada um.
Blog: Como a comunicação pode fortalecer a Educação popular? E quais têm dado certo?
Markão: Existem várias linhas de comunicação Popular mais o que é mais forte é o resgate das experiências de vida. A comunicação dentro da educação popular ajuda a mobilizar e integrar as ações desenvolvidas. Muitos mártires só são conhecidos após a sua morte. O papel da Rede é dar visibilidade aos lutadores em vida. Hoje o poder não é o dinheiro é a informação, que é negada ao povo como direito. Existem várias experiências que estão dando certo como: blogs, software livres, rádios comunitárias, como a Rádio Favela em Belo Horizonte, fanzines, jornais comunitários e programas de rádio web. De forma ainda tímida a Recid vem se apropriando dessas alternativas para se comunicar.
Repórteres: Calimério Júnior, Carleane Fernandes de Sousa e Jacqueline Chaves.