Rádio Comunitária Itinerante Manguezal na Comunidade de São Conrado em Sergipe.

Do dia 06 ao dia 09 de Agosto foi realizado na Capital Nordestina batizada com o sangue guerreiro do Cacique Serigy, da cor das Araras flamejantes e do púrpuro CAJU, a Oficina de Comunicação Popular, promovida pela Rede de Educação Cidadã  (RECID) em parceria com o grupo Aliados pelo Versos (ALPV) e a Central Única das Favelas (CUFA).

Comunicação Tem que ser POPULAR!!!

“Paulo Freire, Velho barbudo

mudaria o mundo se deixassem ele pensar,

agora eu da periferia

com ele posso rimar

para o mudar, Transformar.”

A assessoria ficou por parte dos educadores Daniel Resende e Sinho da RECID de Sergipe, do Gaúcho Alessandro Maia, popular Che, educador da RECID do Rio Grande do Norte e da participação especial da gatinha Sakura das Alagoas e contamos ainda com o apoio estimado da professora Rosângela que nos recebeu em sua casa. Radio Comunitária Manguezal na Comunidade de São Conrado em Sergipe. No primeiro dia (06/08) foi demonstrada a importância da comunicação na construção do Poder Popular. Definimos, de forma sintética e coletiva, Comunicação Popular como: “Direito, voz, grito da comunidade que a muito oprimida esta sufocada… calada, mas que, por meio de suas expressões fala de suas necessidades e carências dando abertura para organização e trabalho coletivo gerando um movimento solidário que utiliza nossa linguagem traço de nossa identidade para informar de forma independente possibilitando compreender o real de nossa comunidade e construir o Novo que vem dos excluídos”.

Depois dividimo-nos em cinco grupos para melhor trabalhar as diferentes formas de comunicação popular dando destaque, dentro da oficina, para as técnicas de rádio, gravação de áudio e imagem, criação de blogs e zine. No fim da tarde participamos de um ato público: “Marcha Aracaju contra o crak, a favor da vida”. Aproveitando o momento interagimos com o ato ensinando técnicas de break a molecada que ali estava numa inesperada oficina relâmpago na Praça Fausto Cardoso.

À noite, fomos muito bem recebidos na comunidade de Porto Dantas e com o auxilio de Thiago Aquino da Associação Sergipana de Surf saímos as ruas para fazer a primeira gravação de Áudio juntos com a equipe de produção de imagem, enquanto a equipe de software livre criavam o blog de divulgação Cultura Sergipana. Nos dias 07 e 08 fomos visitar as comunidades periféricas do Pantanal, são Conrado e Coqueiral. Rompendo a trivialidade do quotidiano dos moradores, a Rádio Itinerante Manguezal alardeava rimas e versos e se transformou em instrumento de denúncia como também de valorização da cultura Hip-hop e da identidade suburbana. Gravação de Cd de Hip-hop em Estúdio Improvisado na Comunidade de Porto Dantas Sergipe.

Foi através dela que transeuntes e lideranças apresentaram suas comunidades e interagiram voluntariamente dando voz e reproduzindo sons e ecos daqueles que só escutavam, mas que agora querem falar. Enquanto isso, o grafite dava vida e embelezava as paredes que estavam a ermos tristes. Fleches luminosos rolavam soltos capturando momentos, cenas e paisagens periféricas nada belas, mas que representam a vida sofrida e sentida na pele. Tudo era registrado pelas gravações auditivas e visuais.     

Ao entrar pelos becos do São Conrado a convite da CUFA ou ao vermos as crianças do Pantanal dançarem na CHAMA – Consenso  Humanitário de Arte e Movimento de Aracaju) sentíamos a fluidez de uma Mística da Resistência Urbana que transforma espaços embaixo das pontes em centos culturais.  As crianças eram as primeiras a virem demonstrar seu fascínio e curiosidade sendo parte dessa mística que emana da periferia como no depoimento de luta de Tia Dora, como também, das batidas rítmicas das bases, do som do reggae e do rap expressões legítimas da Vida e Esperança. Tia Dora Apresentando o Projeto CHAMA na Rádio Itinerante Manguezal na Comunidade Pantanal em Sergipe. No dia 08 no Coqueiral a sombra das mangueiras, relembrávamos Paulo Freire num dialogo sobre educação, comunicação e poder popular. Concluímos as gravações e partimos para a sistematização cujos resultados foram o CD Cultura Sergipana, o blog http://cultura-sergipanaatitude.blogspot.com/, o zine e o vídeo Comunicação Popular. Na segunda-feira dia 09, concluímos a oficina com o aprofundamento do entendimento do que vem a ser Poder Popular, com a apresentação dos resultados atingidos e o lançamento do Plebiscito sobre a Limitação da Propriedade da Terra, pois somos todos Sem Terra.

Mais uma vez, a nossa expressão Mística de pura resistência perpassa a mera criação musical e transformasse em revolução pela palavra e atitude afirmativa.

PERIFERIA QUE OUSA RIMAR, CONSTRÓI O PODER POPULAR!!!