RECID – GO: Cartas pedagogicas da III Etapa da IV Escola de Educadores Populares

PRÁXIS LIBERTADORA

 

Informe da III Etapa da IV Escola de Formação Política de Educadores Populares

Nº01/11 – Brazabrantes – Goiás

Quarta-feira, 12 de outubro de 2011

– Assim começamos a nossa III Etapa

 

Olá Educadoras e educadores populares, após alguns meses voltamos a nos encontrar para finalizar o nosso processo formativo iniciado em junho no assentamento Palmares em Varjão, como não podia ser diferente nosso reencontro foi marcado de abraços e troca de carinho pelo reencontro, reafirmando a nossa amizade inquebrantável construída neste processo.

Esta terceira etapa começou animada com a importante discussão sobre “Juventude, mulheres, negros e negras, LGBT´S, contra a criminalização da pobreza, dos movimentos sociais, a violência e pela garantia de direitos”. A banda “mulherada” abriu o seminário no embalo da ciranda e de um samba improvisado, em seguida foi a vez do artista popular de rua Marcos trazer em sua mala um monte de gargalhada para os educadores e educadoras presentes.

Em seguida movimentos sociais (Juventude, negros/as, mulheres, LGBT´S) compartilharam suas experiências e vivencias na luta contra a criminalização e por garantia de direitos. Para aprofundar o diálogo contamos com a ajuda dos companheiros Alan, Janira e Selvino. Percebemos nas falas e no diálogo a condição de exploração em que se encontram esses grupos assim como a necessidade de nos organizarmos e lutarmos para superar essa condição de exploração assim como por garantia de direito.

Após o seminário pegamos nossas malas, jogamos as mochilas nas costas e seguimos rumo ao Instituto Santa Monica em Brazabrantes para dar continuidade a nossa escola de formação, ocupamos o espaço, comemos uma deliciosa macarronada e fomos para cama descansar depois de um longo dia.

2º dia, Quinta – feira, 13 de outubro de 2011.

Todos acordaram rejuvenescidos, claro alguns demoraram mais um pouco para levantar, mais pouco a pouco todos foram se integrando ao grupo. Após o café da manhã, fomos para capela vivenciar um momento de mística e integração. No embalo da cultura indígena brincamos com os sons das vogais dos nossos nomes, viajamos nos significado dos mesmos e compartilhamos na linha de nossas vidas a marca de nossa militância com os nossos companheiros.

Após este momento fomos para plenária onde apresentamos a programação da etapa, assim como as adequações e acordos coletivos firmados por todos, e a divisão de tarefas nas equipes de trabalho propostas (mística, animação, relatoria, infra-estrutura, comunicação).

Em seguida a educadora popular Márcia do Fórum de EJA e da rede municipal de ensino de Goiânia, dialogou com a gente sobre as experiências de educação popular no Brasil em especifico em Goiás.

Vimos o protagonismo da UNE no processo da educação popular na década de 60, assim como a experiência de Paulo Freire na periferia de Recife, o MEB coordenado pela igreja católica, o MOVA em Sampa e a experiência no RS. E assim o diálogo foi se desenvolvendo com os educadores e as educadoras percebendo a bonita história que se construiu mais o quanto ainda é preciso se caminhar para de fato acontecer o empoderamento da classe trabalhadora para a classe trabalhadora.

E os desafios então foram colocados, que precisamos enfrentar. Fazer da universidade pública de fato um espaço de empoderamento dos movimentos populares e não conservador tal qual é hoje, superar a concepção individualista e entender que ninguém educa ninguém. Saber se posicionar nos períodos eleitorais para que tenhamos verdadeiros representantes do povo e não ao contrario. Por fim agradecemos a companheira pela grande ajuda e lhe demos uma lembrança do mestre Paulo Freire como recordação da escola. Então fomos para o almoço.

E na hora do almoço entrou no ar a radio? (Sou freiriana, dialógica, Rebelde, Recid, Inter classes, Pião) são as educadoras e educadores que escolheram democraticamente o nome da nossa radio que animará os intervalos de nossa programação, tocando aquele som maneiro que pode ser indicado por qualquer um, como também com o microfone aberto para quem quiser deixar um recado, uma mensagem ou dar apenas aquele Alô.

Após o almoço alguns resolveram descansar, outros caminhar até o Centro da cidade, e o som da rádio? Continuou a tocar, até o momento de chamar a turma de volta para a plenária.

No período da tarde com a assessoria dos educadores Ângela e Paulo Sergio mergulhamos no aprofundamento sobre a concepção de educação popular na perspectiva freiriana. Para tanto inicialmente nos dividimos em grupo para ler o terceiro capitulo do livro de Paulo Freire “A pedagogia do oprimido”.

Em seguida após o lanche partimos para o diálogo e aprofundamento com os educadores Ângela e Paulo “o Sergio” sobre a metodologia de Paulo ” o Freire”. Vimos os princípios gerais da educação popular, prática libertadora, diálogicidade, o diálogo como método de trabalho, a intencionalidade política entre outros, tudo isso em um diálogo dinâmico com os educadores e educadoras.

Assim mais uma etapa foi superada mas o dia ainda não havia acabado, a Rádio? Mais uma vez entrou no ar, para animar corações e mentes. Entretanto por problemas técnicos na rede de transmissão sem explicação saiu do ar, mas a janta esta na mesa é hora de jantar. Alguns animadinhos foram desbravar o centro da cidade, outros saíram arrecadando fundos para cerveja de mais tarde.

Após a janta fomos convidados a adentrar a capela, a nos jogarmos no chão e relaxar, a nos entregarmos ao comando do educador vindo lá de Mato Grosso do Sul, com sua sacola de surpresa, ele que quis fugir mais foi pego no laço, agora um abraço.

Mas foi legal, foi relaxante, tanto que até ouvimos roncos. É não era para dormir, era para viajar, alguns o fizeram, foram até Porangatú, encontraram amores distantes, andaram por caminhos errantes, mais como Paulo o Matoso, não o Sergio e nem o Freire, como prometido trouxe todos de volta a realidade, mesmo com alguns dizendo quero ficar por aqui.

Começamos a entender sobre a pesquisa participante, com seis especialistas de primeira viajem, mais nada que uma colinha não ajude a passar a mensagem. Mas com o correr da hora é hora de parar, mais não antes de fazer uma rápida avaliação da caminhada, continuar o certo e ajustar o que não está indo bem.

Para equipe de mística mais uma reunião ajustar as coordenadas para o iniciar do próximo dia, mais essa fazemos com alegria, proposta apresentada, proposta aceita, um rápido ensaio, agora é só executar.

Por fim encerramos mais um dia, não sem antes uma rodinha de violão e uma cervejinha que ninguém é de ferro, é já passa da meia noite vamos dormir. A nossa saga continua em uma próxima edição.

3º dia – Sexta – feira, 14 de outubro de 2011.

“Vem vamos embora, que a muito que fazer…”

As educadoras e educadores acordaram animados, tal qual não víamos há muito tempo em um encontro. Sorrisos, abraços e muito bate papo, contrastando com o tempo chuvoso que nos convidava a permanecer na cama. Mais a grande preocupação era – Pô será se o grande Pedro não irá facilitar para gente? (claro o santo). Nossos assessores e a coordenação preocupados igualmente, é hora de pensar um plano A, B, C se acaso São Pedro resolver a não colaborar. Um tanto quanto atrasada e sobre protesto dos educadores a nossa rádio entrou no ar, ainda sem nome, mais por pouco tempo.

Alguns minutos de bate cabeça, e a chuva mansamente mostra não ter a mínima intenção de nos dar uma trégua. Como não há muito que fazer é hora de iniciar, contudo mesmo com o clima, houve quem disse o sol irá sair, afinal ele brilha para todos não é? Claro que para uns um pouquinho mais.

E assim iniciamos com uma mística singela coordenada pelo Educador João Paulo, ao som das batucadas do educador Ronan, e no embalo de uma poesia fomos convidados a rebuscar nossas lembranças do passado e a refletir sobre a importância das mesmas na nossa militância hoje, encerramos afirmando na doce e firme voz das educadoras Verônica, Rosilene e Diessyka – “Agora tem que ser, vai ter que ser, faca amolada”.

Em seguida a equipe de comunicação apresentou algumas novidades, por fim foi anunciado o nome da nossa rádio, uma homenagem aos revolucionários cubanos, e aos 44 anos de morte de Che Guevara, isto é, Rádio Rebelde. Também foi apresentado um espaço permanente para os educadores e educadoras trocarem mensagens, deixar um recado para aquele companheiro ou mesmo fazer avaliação do andamento da nossa escola. Por fim foi apresentado o “Práxis Libertadora”, isto é o informe diário das nossas atividades. Em forma de carta pedagógica.

Então o Educador Paulo o Matoso, e a educadora Arilene retomaram o diálogo iniciado no dia anterior sobre a pesquisa participante, as falas significativas, mais antes acolhemos o Educador Willian Bonfim que chegou chegando para ajudar-nos no processo. Todos estavam eufóricos pelo momento de ir até a cidade para fazer a pesquisa participante, entretanto até o momento São Pedro não estava colaborando.

Mais antes de ir a campo era necessário nos preparar, então mergulhamos no que caracteriza uma pesquisa participante, seus fundamentos, nada de viajar galera temos que partir da realidade concreta, mais o que é a realidade concreta para Paulo Freire, vamos lá saber. Temos que entender que quem esta do outro lado é um sujeito e não um objeto, e que como também somos sujeitos temos que construir uma relação de sujeito com sujeito.

Temos que ter compromisso sociopolítico e ideológico com a nossa comunidade, fazer com ela e para ela, é hora de “acordar America”, pois estamos cansados de dar muito mais do que receber. Não existem neutralidades educadoras, educadores chegam de ninguém ouvir um grito de dor no canto do Brasil.

A chuva continua implacável, ir ou não ir, eis a questão, ajuda Pedro (o santo), se vamos temos que nos preparar, e para saber minimamente da realidade da cidade, contamos com um importante diálogo com o Pe. Fiorenço vindo lá dá Itália deixar sua marca em terras tupiniquim.

Antes um lanche, e na hora do lanche a rádio rebelde entra no ar, de matanza a Janis Joplin, O Rappa a Silvio Rodrigues, de Laide Gaga a Jorge e Matheus? Isso sim é uma rádio democrática meu povo. E tem sorteio ao vivo, com o patrocínio da AFAV de Leopoldo de Bulhões, camiseta de hellowen (é assim que se escreve? Não sei, não vou pesquisar) para a galera.

O Padre começou com uma bonita mensagem “Temos que preparar os indivíduos para o planeta e não o contrario”. Reconheceu o nosso importante trabalho e nos parabenizou pelo mesmo. Já Brazabrantes a realidade não é tão animadora, cidade dormitório, agronegócio forte, desemprego, saúde e educação precárias, cultura zero, esporte e lazer só na TV, que, aliás, não existe si quer uma rádio local. Um prefeito turista e vereadores alienados, claro não no momento de encher os bolsos.

Após dialogarmos com o Padre Fiorenço, partimos em grupo para o levantamento das hipóteses, que exercício gostoso, mais legal foi à apresentação dos grupos e o diálogo em seguida, melhor mesmo foi ver a chuva indo embora e a perspectiva real de irmos a campo.

Em Brazabrantes a mais igreja que fieis, infelizmente não é privilegio daqui, assim como as questões principais que atingem a cidade, no entanto será que é o mesmo pensamento da população? Mais deixemos para depois toda essa indecisão, pois é hora do almoço. Rádio Rebelde entra no ar.

Após o almoço reunião da coordenação, há muito que fazer e pouco tempo para executar, e ai o que fazer? E ai fazer o que? Vamos repensar esse tempo de lazer. Ver e rever a programação, planejar e replanejar. Nas ondas da rádio ouvimos – coordenação é hora de voltar, não é que o sol esta dando sinais de que irá voltar, mais uma vez eu sei.

É hora de então nos prepararmos para ir a campo,  antes dialogamos como deve ser a postura do educador, não levar nenhum instrumento para não inibir as pessoas, prestar muita atenção na linguagem corporal, sabia que o corpo fala? Recolher apenas falas significativas, mais sabe o que de fato é uma fala significativa? Quais as características de uma fala significativa? Tem que apresentar uma visão de mundo, ter um limite explicativo, o qual nós temos uma posição contraria, e ser fiel a linguagem do povo – tá ligado mano, uia so a coisa ta braba. Despimos-nos dos nossos preconceitos e vamos a campo.

Antes vejamos alguns exemplos de falas significativas e construamos um roteirinho a seguir, por fim dividimos a turma em duplas e os direcionamos para pontos estratégicos. A turma desce numa felicidade incrível, vamos ver no que vai dar, sobre tudo quando souberem que queremos adiar o momento de lazer.

Todos voltam animados discutindo as possíveis falas significativas assim como sistematizando a experiência vivida, o entusiasmo que voltaram não dá para descrever aqui, só vivenciando, vejamos o resultado de tudo isso depois. Depois, pois a turma não abriu mão do momento de lazer cultural.

A rádio Rebelde entra no ar, assim como a vaquinha cada vez mais magra para comprar umas brejas, até que rendeu. Na cozinha aquele cardápio especial. Todos foram de arrumar, educadoras cheirosas, educadores nem tanto. E assim o lazer ou noite cultural começou cedo, neste exato momento o pau ta comendo solto, e como não somos de ferro vamos lá fazer uma social com a galera. Que fique registrado a grande performance de dona Judite, além de dar um show na cozinha fazendo nossas refeições mostrou se uma dançarina de primeira.-

Assim terminamos o nosso informativo musical, perdoe-nos os possíveis erros e as frivolidades, é tudo culpa da cevada, ouvindo Guilherme e Santiago? Meu Deus (que não acredito muito) isso me lembra os Inocentes “Abaixa, abaixa o nível um pouco mais…” É isso por enquanto amanhã tem mais.

4º dia – Sábado, 15 de outubr
o de 2011.

Um dia de muito estudo e aprofundamento metodológico

O dia começou com as marcas da noite anterior, tudo muito visível nos olhos de ressaca, mais nada que muito café e água gelada não ajude. A rádio Rebelde entrar no ar com um anúncio de utilidade pública – Alguém viu uma muda de roupa por ai? É, não há tempo a perder, será um dia de muito estudo, é tomar o café e ir direto para plenária.

Dessa vez a mística nos levou a refletir através da apresentação de um vídeo sobre as culturas populares no nosso país, finalizando com a leitura do poema “Para os que virão” de Thiago de Mello. – “Como sei pouco, e sou pouco, faço o pouco que me cabe me dando por inteiro…”

Através do Práxis libertadora as educadoras e educadores relembraram os momentos vividos no dia anterior, em seguida o Educador Willian assumiu a assessoria com o auxilio do Pedro (o punk). Retomamos o conceito do que é uma pesquisa participante, assim como o de fala significativa. Em seguida os educadores tiveram a oportunidade para falar como foi a experiência em campo.

Que coisa difícil essa tal pesquisa participante, não ter nenhum instrumento de pesquisa, não ter identificação. – Não acreditava que essa loucura daria certo, não é que é possível. Mais não é fácil, a muitos limites e dificuldades. – Quem são vocês? De onde vem? Volta mais tarde. E assim vai se desenrolando o diálogo com a População.

Não se desespere minha gente, é apenas um exercício, aliás, com muitos limites, é apenas para termos uma base de como é o processo, e por tanto quando formos desenvolver na nossa comunidade tem que ser mais rígido, no entanto estamos fazendo o básico.

Após esse diálogo inicial fomos para apresentação das duplas das possíveis falas significativas, mais de 50 falas no total, espera um pouquinho, tudo isso são falas significativas mesmo? Vamos lá fazer a seleção. – “Ta bom, não ta bom 100%, mais ta bom”. Conseguimos então focar em 20 falas que segundo o grupo de fato eram significativas.

Agora vamos lá em busca do tema gerador, mais o que é o tema gerador? Vamos lá Willian explicar para essa galera. Mais antes educadores virão à importância da construção coletiva, conseguimos coletivamente ver o que um indivíduo só não viria.

O tema gerador é uma fala significativa que abrangem todas as outras, que consegue explicar em uma todas as outras, não compreendeu? É simples, isso é, uma que consegue sintetizar todas as outras. – “Ta bom, não ta bom 100%, mais ta bom”. Eta povo conformado não?

Agora é hora do contra tema, isto é, a visão do educador, e então companheirada como vocês explicam tanta omissão e tanta passividade? Antes vamos ver onde estamos no processo e para onde iremos. Só para reafirma a educação popular é uma pratica histórica desenvolvida nos movimentos populares, e uma importante contribuição de Paulo Freire que sempre esteve intimamente ligado aos movimentos populares. Sua metodologia parte de uma base real e concreta, na busca incansável pela superação da relação opressor x oprimido, lembrando que em cada um de nós há um pouco de opressor.

Após tudo isso, nos dividimos em grupo e fomos então construir o nosso contra tema, é hora de apresentar minha galera, pois apesar de esta bom pode melhorar, não é meu povo de Brazabrantes? Antes vamos ao lanche, Rádio Rebelde no ar no embalo do xote de Gil relembrando o velho Gonzagão – Ai Juazeiro ela nunca mais voltou, diz juazeiro onde anda o meu amor.

E acabou o gás, dos educadores? Não da cozinha, vamos lá se não o almoço não sai.

É hora do almoço meu povo, Rádio Rebelde no ar com uma programação especial, o set list foi especialmente selecionado pelo cara mais chato da escola, o som que mais sai de sua boca é – Galera vamos voltar para plenária, a hora já deu. Dessa vez o intervalo do almoço foi um pouco mais, tem gente precisando não é mesmo? Mais não abusa né meu – Galera vamos voltar para plenária e retomar nossas atividades. É provável que alguns tenham pesadelo.

Senhores o almoço foi para comer de joelhos, que franguinho com pequi inesquecível.

Agora é hora de problematizar, problematizar? O que é isso? É o momento de levantar questões problematizadoras para dialogar com as questões levantadas pela comunidade. Para tanto temos que ir do micro para o macro, ta ligado? Vamos fazer isso também em grupos?

Voltamos e partimos para as apresentações dos grupos, são tantas perguntas, será se sabemos as respostas? Vamos lá. – O que a comunidade entende por políticas públicas? A comunidade conhece quais são os seus direitos? E por ai vai. E assim vamos aprendendo e ensinando em um exercício gostoso de diálogo, com troca de impressões e opiniões.

Agora é hora de redução temática, o que é isso? É simples educador, é o momento de levantarmos possíveis temas para as questões problematizadoras. Vamos aprofundar melhor este negocio. Vamos para o lanche da tarde – Na Rádio começa a Procissão dos retirantes por caminhos alternativos, com gritos de El pueblo unido, já mas será vencido, o som continua, o rádiozinha Rebelde, ouvimos a internacional comunista, mais o que anima mesmo é o vídeo do menino contra o golpe – Ah se todos da classe trabalhadora tivessem essa coragem e convicção? – Oh galera vamos retornar para plenária para dar continuidade as nossas atividades.

Com um instrumental quentinho não mão, organizamos novos grupos para organização da redução temática. É já deu, é hora de retornar para apresentação dos grupos – O que são políticas públicas? O que são políticas de direitos? Quais os espaços de participação social há no município? E Por ai vai. Oh educadores não precisava reduzir tanto a redução temática, mais tudo bem. Alguns protestam, esse exercício não é fácil.

E então educadores vejamos onde estamos, é possível dar mais um passo ou vamos parar? Alguns gritam – Vamos continuar. É possível terminar tudo se formos até 22h00. – O que nem pensar.

E, o gás acabou. Da cozinha? Não, dos educadores. Ok a galera de fato esta precisando de um descanso, a final de contas para que correr, ainda temos boa parte do domingo. É melhor irmos por partes como diria Jake o Estripador. Mais o dia não acabou viu galera, ás 20h00 tem exibição do vídeo com a ultima entrevista de Paulo Freire e um bate papo informal em seguida.

Rádio Rebelde no ar, e a turma desbravadora de Brazabrantes novamente segue a caminho do centro, outros vão descansar, outros tomar aquele banho antes do jantar, regado de muito besouros. Alguém protesta nas ondas da rádio – Queremos noticiais do mundo real. É a internet caiu. – Vamos para plenária galera, o filme já vai começar.

Assistimos o belíssimo filme mostrando um pouco desse grande filosofo da educação, militante dos movimentos sociais, propagador da utopia e da esperança. Desse camarada de cristo que bebeu no marxismo.

A que bom seria se as ruas do nosso país fossem tomadas pelas marchas: Dos sem terra, sem teto, dos que não tem direito a amar livremente
, de escolher sua opção sexual, de andar de boneta e moletom, e tantas outras marchas. É preciso não aceitarmos os discursos fatalistas.

E para os educadores e educadoras qual a grande mensagem – Coerência, tanto na teoria como na prática, não só falar, mais sobre tudo falar e fazer. Um socialista cristão, é possível? Sim, a tantos (Dom Tomás, Dom Pedro), e são muito bons.

Assim encerramos mais um dia, rejuvenescidos com a mensagem subversiva desse grande educador social. Vamos dormir então. Dormir? Nada disso. Reunião da equipe de mística para preparar o gran finale. Outros – Vamos para o centro da cidade, quem vai. E lá se vão alguns. A rádio Rebelde toca as ultimas da noite, mais não se preocupe tem a turma do violão. Nada de exageros, a manhã tem a saideira falou galera. Inté.

5º e Ultimo dia, Domingo, 16 de outubro de 2011.

“Bem unidos façamos, nesta luta final, uma terra sem amos, a internacional.”

O dia amanhece com o som de uma voz na rádio Rebelde, acordem educadoras e educadores, já são 08h00 da manhã – 08h00 horas? Não seria 07h00? Acorda minha gente, estamos no horário de verão. Então o que se ouvi é uma correria só, todos pulando da cama e se preparando para tomar o café e seguir para plenária. Assim damos inicio ao nosso ultimo dia da IV Escola de Formação Política de Educadores Populares.

O Educador Willian retoma a assessoria, é hora de organizarmos o nosso plano de ação, isso é, o que podemos fazer na comunidade de Brazabrantes onde fizemos a pesquisa participante, para tentarmos superar os problemas apontados. Mais antes vamos dar uma retomada em todo o processo, de toda a construção e aprendizado que estamos tendo dês do seminário de abertura realizado na quarta-feira (12/10/11).

Começamos dialogando no seminário sobre a importância da luta contra a criminalização dos movimentos sociais e da pobreza, a violência e por garantia de direitos sobre tudo de Juventudes, Mulheres, Negr@s e LGBT´S.

No segundo dia, já em Brazabrantes, fizemos um resgate histórico da luta pela educação popular no Brasil e em Goiás, depois fizemos um aprofundamento sobre a educação popular na perspectiva freiriana. Já no terceiro dia dialogamos e nos preparamos para pesquisa participante, características, fundamentos, falas significativas e também fomos a campo realizar a mesma. Já no quarto dia, apresentamos o resultado da pesquisa participantes, selecionamos as falas significativas, identificamos o tema gerador, contra tema, fizemos a problematização e a redução temática. Agora no nosso ultimo dia era o momento de construir o plano de ação.

Antes de irmos para o trabalho em grupo discutimos algumas características que devem ter a atividade pedagógica que deveríamos pensar. É o momento da conscientização que para Paulo Freire significa conhecer e agir, sabendo que ações pontuais não resolvem, as mesmas têm que ser processuais e continuas. Fomos levados a refletir por que optamos pela educação popular e qual é o nosso real compromisso com ela.

Como bem coloca Paulo Freire somos seres em construção continua, vivemos hoje em um período de uma intensa batalha ideológica e precisamos nos posicionar, há muitos processos educativos que pouco avançam, pois são pontuais, temos que lembrar sempre daqueles que dedicaram suas vidas a luta dos oprimidos.

Vejamos alguns exemplos de atividades construídas a partir de duas óticas, não é fácil ser educador popular, isso funciona mesmo? Tem que ter compromisso político e ideológico. Mais a verdade é que nem todo mundo tem luz boa? Por que não a luz para todos? E não adianta fazer gato viu galera. Tem que se esforçar para ter coerência metodológica. Meu o negocio não é mamão com açúcar.

Em grupos, educadoras e educadores foram construir uma atividade inicial com a comunidade – atenção coerência metodológica minha gente. E a turma vai discutindo animadamente – é por aqui, tem que ser isso, organização popular meu povo. – Uma roda de conversa. – Uma oficina de formação. E por ai vai.

É hora de apresentar a atividade construída em grupo, o que não faltam são idéias boa, às vezes muito ambiciosa para uma primeira, mais vamos lá. – Roda de conversa sobre organização popular. – Oficina sobre processo de participação social e política.

E ai o que acharam? Fala meu povo. – É complexa, tem que ter uma opção política e é acima de tudo um desafio. – Cara é muito massa, já praticamos um pouco de tudo isso, mais não sabíamos que fazíamos.

Não esqueçamos de reafirmar nossa opção metodológica, a busca pela transformação dessa realidade, mais queremos ouvir mais vocês. Ouvir e escutar o outro, partir para o dialogo. – Saber ouvir, compreender e servir. Mais um exercício educadoras e educadores, ensinar exige: Amor, compreensão, fé, coragem, decisão, utopia, esperança entre outros.

Não acabou depois do almoço vamos retornar para fazer a avaliação e a mística final, então vamos lá, Rádio Rebelde no ar. Utilidade pública. – Alguém viu um boné por ai? Quem achar ganha um prêmio. Boné achado prêmio dado. – Vamos organizando o espaço educadores antes de retomar, que depois é só ir para casa. Rádio Rebelde anuncia. – É hora de retomarmos pessoal.

Vamos então fazer a avaliação em grupos, depois tem que apresentar. – Ta bom, não ta 100%, mais ta bom. E a avaliação? – Ta bom, não ta 100% bom, mais ta bom. E assim abrimos para todos, é hora de apontarmos os nossos acertos de toda a caminhada, dês da primeira etapa, mais sobre tudo apontar nossas falhas para que possamos corrigir nas próximas. E a avaliação é positiva, os educadores e educadoras não dão moleza, criticam e criticam fortemente, mais também se auto avaliam e reconhecem seus erros e limites, é isso ai, assim vamos procurar melhorar.

Soa uma batucada no tambor e uma voz ecoa (voz sem ritmo e descompassada) “De pé oh vitimas da fome, de pé famélicos da terra…” e assim ressoa em toda a sala o hino da classe trabalhadora, a velha “Internacional Comunista”. Todas as educadoras e educadores com punhos esquerdos serrados em riste cantam – Bem unidos façamos nesta luta final, uma terra sem amos, a internacional.

Na tela surge o povo latino americano – “Um pueblo sen tierra, pero que camina”. Pois apesar de nos explorarem e roubarem nossas riquezas, cantamos – Não se pode comprar o vento, não se pode comprar o sol, não se pode comprar a chuva, não se pode comprar minha alegria, não se pode comprar minha dor. – Assim vamos caminhando, pois aqui se respira luta.

Por fim presenteamos nossos companheiros e companheiras com uma lembrança de Paulo Freire e uma palavra de utopia, e encerramos com uma roda de beijos, agradecendo a todas e todos pela disposição e reafirmando o nosso compromisso pela transformação e superação dessa sociedade opressora que nos oprime, e que de tanto nos oprimir, nos torna muitas vezes opressores.

Então é hora de pegar nossas malas, jogar as mochilas nas costas e ir de volta para casa, para casa não, é hora de ir para guerra –”Pois somos do povo os ativos, trabalhador forte e fecundo, pertence a terra aos produtivo
s, ó parasita deixe o mundo.”

EQUIPE DE COMUNICAÇÃO DA III ETAPA DA IV ESCOLA DE FORMAÇÃO POLÍTICA DE EDUCADOR@S POPULARES

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