Encontro Intermunicipal da Rede de Educação Cidadã do Amazonas

“Na cara, no nome, no sangue de quem veio pra ficar”, foi assim que começamos o encontro intermunicipal da Rede de Educação Cidadã do Amazonas, no período de 30, 31 de março e 01 de abril, realizou-se na Chácara CEMARIS, KM 07, BR 174, – Manaus- AM, o encontro Intermunicipal da RECID/AM, com o tema: “Análise de Conjuntura sobre os mega eventos e mega projetos para a Amazônia. Avaliação e planejamento da Recid/AM para avançar no sonho da construção do Poder Popular”.  

O encontro teve como objetivo: Avaliar as atividades desenvolvidas pela Rede de Educação Cidadã do Amazonas a partir das ações do Planejamento 2011 (Convênio) e tendo como eixos as Políticas de Gestão e Sustentabilidade, Política de PNF (Formação e Trabalho de Base) com o intuito de pensar as ações para 2012, pensando nos impactos dos megas eventos e megas projetos para a Amazônia.  

Como proposta para aprofundamento da analise convidamos os militantes: Vasconcelos Filho e Sandra Linéia – Comitê Popular da Copa 2014.  

O Evento contou com representante dos movimentos: Fórum Permanente das Mulheres de Manaus, Musas, Cooasteps, Rádio Comunitária, Pastoral Operaria, ADECAM, Fórum Municipal de Economia Solidaria, MNLM, FARU, CEBI, alem dos representantes de cinco municípios dos sete que compõem a micro região do Baixo Amazonas – Nhamundá, Parintins, Urucará, Maués e Barreirinha.  

O primeiro dia, 30 de março, foi muito corrido, foi um tempo dedicado para os acertos finais de preparação para o evento, onde a equipe se dividiu para executar as tarefas que antecede ao evento. Também foi a chegada dos companheiros e companheiras que chegaram dos municípios: Parintins, Nhamundá, Urucará, Iranduba, Itacoatiara, Barreirinha, Maués e Manaus, alguns foram direto para o espaço enquanto que outros estavam ainda vindo de barco. Quanto aos participantes de Manaus e municípios entorno foram feito as confirmações, por telefone, torpedos via celular, internet, face.  

Ao chegar ao local do evento, cada participante se dirigiu ao alojamento alguns com redes, outros com colchonetes, depois de alojados tomaram seus respectivos banhos, todos vieram para o jantar. Após o jantar houve uma pausa de uns 30 minutos, para que todos pudessem fazer uma boa digestão, aí houve o som da sineta, quer saber o que significa a sineta? Significa o chamado para o primeiro dia do encontro intermunicipal.  

Que iniciou com a mística de celebridade que foi conduzida por Antônia e Ribamar, onde cada um foi chamado a colocar os pés no chão, e segui-los, com a declamação de uma poesia lida por Ribamar onde este dizia, “vamos sentir o cheiro do mato molhado, e chegada a hora da chegada”. Fomos convidados para fazer a purificação e entrar no solo sagrado. A purificação foi simbolizada por pensamentos bons, forças, sabedoria e sonhos de utopia, para este mundo transformar na “cara, no nome e no sangue de quem veio para ficar”, nos lembramos dos educadores e educadoras ausentes, companheiros e companheiras de luta assim como nossos familiares, assim fomos motivados a pegar pinceis coloridos  escrever no grande pano da vida as lutas e sonhos da RECID/AM, neste pano surgiram palavras, como: Educação Popular , Moradia Digna, Luta por direitos humanos, Respeito a diversidade, luta pela terra, Economia Solidaria entre outros. Finalizamos este momento com a musica, Mãe Terra, cantada pelo Grupo Imbaúba.  

E no embalo das redes e dos sonhos, fomos todos e todas descansar, para nos preparamos para o dia seguinte, onde pararemos para rever nosso caminho e trilhar novos horizontes.  

No sábado pela manha, ás 6h da manhã todos desfrutavam do canto dos pássaros, homens e mulheres alegres com disposição para trabalhar se cumprimentavam com uma velha e conhecida frase: bom dia dormiu bem? E rumaram para o tradicional café da manhã.  

Pedro Paulo, coordenador dia, começa a chamada dos participantes para inicio dos trabalhos, para não haver atraso, pediu que todos e todas fossem para o salão onde a equipe que conduziriam a mística nos aguardavam, fomos motivados a refletirmos sobre os quatro elementos da natureza, água, fogo, vento e terra, representados no centro da roda, onde cada um/a foi convidado/a à se aproximar daquele qu
e tinha mais significado para sua vida e caminhada fazendo uma reflexão sobre cada elemento. Em seguida ouvimos uma poesia e continuamos nosso dia, com a equipe de relatoria trazendo os caminhos feitos no dia anterior.

E ai, vamos ao estudo, ESPERA… Cadê os assessores, Vasconcelos e Sandra… Subindo o morro para um contato, via celular, descobrimos que atrasariam uns trinta minutos. E AGORA… Calma o coordenador, Pedro Paulo, vendo que tínhamos pessoas novas no coletivo colocou o vídeo, Pé dentro, Pé fora na Construção do Poder Popular, apresentando os trabalhos da RECID no Brasil e aqui no nosso Estado, e antes que o vídeo terminasse chegam, para nossa alegria, os assessores.  

Depois das devidas apresentações, vamos ao estudo.

Vasconcelos, iniciou com Análise de Conjuntura sobre os Mega-Eventos e Mega-projetos para a Amazônia, falando de alguns exemplos de impactos que a Copa trará para o nosso estado com essas grandes obras onde a maioria dos beneficiados são os empresários, com propagandas e comerciais de suas marcas, firmando que o interesse privado se contrapõe ao setor publico. Algumas consequências desses projetos: – Violação dos direitos humanos, degradação do meio ambiente, desapropriação de imóveis e terras. – Exclusão, quase que total dos pobres e periferias, Manaus no período de junho e julho de 2014, não terá mais pobres em Manaus esta havendo uma “higienização” da cidade. – Os megaeventos, como a Copa do Mundo, alteram as leis e fere a soberania do país, a exemplo, o hino nacional e os símbolos nacionais, ligados ao futebol, ficam restritos a CBF e a FIFA. – Desapropriação de mais de 910 imóveis, somente numa parte da zona leste da cidade. – “Audiências publicas”, sem valor social e legal cabível; – Endividamento Público – Empréstimos dos bancos como Caixa Econômica e BNDS.  

Para reflexão: A FIFA é um capital sem Pátria, onde chega explora todo o país, não reflete as consequências sociais, culturais e financeiras, depois vão embora, nem tudo é um mar de rosas como eles apresentam. A lei do futebol devia vim para pensar politicas voltados para o esporte, não se vende ou não bebida alcoólica nos estádios, enquanto isso não acontecer vamos continuar construindo arenas para, show musical, feira de carros ou qualquer outra coisa, mas nunca para o esporte em si. Vasconcelos encerra sua reflexão, afirmando que: “O futebol é o que menos interessa para os organizadores destes megas eventos, a copa do mundo não é uma copa de futebol, mas copa de negócios.”  

Sandra Linéia, fala da mistura que há entre o publico e o privado, exemplificando a postura e financiamentos do BNDS (Banco Nacional de Desenvolvimento Sustentável?) Devemos pensar, para quem é este “sustentável”. BNDS fundado 1952, ele é público ou privado? É um banco público, estatal, onde suas ações estão confusas, é banco que vem para trabalhar os projetos da demanda Publica. Mas vem financiando várias ações privadas também… à exemplo: O BNDS, financia ações como da Vale, a Vale tem a finalidade de produzir o ferro verde, onde este prejudica  o meio ambiente e muitos trabalhadores estão morrendo, tendo contato com este material. Sem falar do financiamento ao PAC, que vem nas usinas hidrelétricas como Giral, Santo Antonio que vão produzir somente 30% da energia para a população, para onde vai o restante? Temos também o Belo Monte no Pará, que vai gerar energia para o polo industrial do sul e sudeste, onde criminalidade no local já aumentou 28%. Estes investimentos deveriam ser públicos sem não fossem terceirizados para empresas privadas, estamos mudando a forma de privatizar, terceirizando, para empresas privadas, os serviços públicos.  

Na contribuição da plenária sugiram estes comentários: · O BNDS, não é um banco para nós pobres. · Porque estes investimentos não vão para a educação, a educação no Brasil esta sendo um caso sério somente para mostrarmos que o IDEP esta elevado. Os estudos nas escolas estão sendo maquiados, onde estão fazendo tudo para que não se tenha analfabetos. · Precisamos nos posicionar para fazer o enfrentamento junto a estes megaprojetos e eventos, sabemos que não podemos barrar, mas temos que enfrentar para minimizar as consequências e fazer com que o governo assuma a responsabilidade social junto à população de forma mais seria e participativa. · As audiências públicas são somente para referendar o que já esta programado, eles não houve a população, brincam de fazer audiência, isso já aconteceu com outros projetos, com Gasoduto Corai-Manaus, do Orçamento “Participativo”, Plano Diretor entre outros. · Precisamos nos sobrepor ao capitalismo.  

Considerações dos assessores:  

Vasconcelos: Começa falando da educação e fala que o aumento de alfabetizados é um dos índices que os investidores estrangeiros exigem para fazer seus financiamentos no país, o governo precisa responder a isso.  

Quanto às audiências, é preciso participar, muito militantes não vão, para não dar quórum nas audiências, mas os organizadores levam seus públicos. É necessários irmos, mas organizados para impugnar a audiência, fazer barulho, não deixar ninguém falar, mas é preciso fazer isso de forma organizada, não dar para chegar igual um “porra louca”, sozinho fazer barulho, o máximo que acontece é você ser retirado do local. De fato é preciso se contrapor ao sistema, mas que projeto alternativo temos para enfrentar esse sistema? Não basta só sermos contra precisamos ter uma alternativa.  

Sandra Linéia: inicia falando da educação também concordando com Vasconcelos, e ainda dar exemplos de como as  instituições estão respondendo a isso, a forma que encontram foi fazer com que os alunos passem de série de qualquer forma, as instituições pegam seus melhores alunos para fazer as provas que medem a qualidade de ensino. É preciso enfrentar o sistema capitalismo desenfreado, dizer que o capitalismo vai mudar de cara é a mesma coisa que dizer que o tigre vai virar vegetariano. Sandra termina sua fala com a reflexão: Por mais esquerda que o governo se diga, os movimentos sociais devem estar mais a esquerda ainda.    

À tarde após o almoço e digestão, fomos para o trabalho de grupo para rever o caminho e avaliarmos nossas ações, nosso trabalho de base. Olhamos nosso planejamento estadual, as politicas de Comunicação, Organicidade, Gestão e Sustentabilidade, assim como, nosso Plano Nacional de Formação. Ribamar e Pedro Paulo conduziram este momento, que foi toda a tarde e a noite todos se prepararam para nossa noite cultural, momento de celebrarmos, ao som
de boa musica e boa companhia tivemos a apresentação musical de Rangel Pontes, educador voluntario, assim como, as poesias recitadas por Ribamar, Pedro Paulo e Gorete, que ainda deu uma palhinha musical, claro não podemos esquecer o animado jogo de dominó. Assim ao final da noite, alguns foram descansar e outros caíram na piscina, banho ao luar.  

Domingo de sol, todos animados e animadas, o dormitório feminino que diga, as meninas acordaram com toda prosa sobre a noite anterior… Mas vamos ao que interessa nosso encontro afinal é domingo, ultimo dia, dia de conclusão dos trabalhos.  

Após um café da manha cheio de estórias e prosas, fomos convidados/as a fazer um circulo no centro do pátio, onde conduzidos pela equipe de animação iniciamos as atividades revendo nosso pano da vida, que construímos no primeiro dia, seguimos em romaria com o pano até a área externa, onde pelo símbolo de uma muda de coco, plantamos no solo do Centro de Estudos Maristas, plantamos os sonhos e lutas da educação popular da RECID/AM.  

Assim fomos chamados a retorna ao pátio, onde Ribamar e Rosiete iriam conduzir os trabalhos do dia, chamaram a equipe de relatoria que fez memoria ao dia anterior.  

Voltamos aos grupos onde agora, já com a sistematização dos trabalhos de avaliação do sábado, vamos planejar nossas ações para 2012. As partilhas e diálogos levaram a manha todo de domingo, e um pouco da tarde, mas conseguimos avançar no planejamento, onde priorizamos a formação e trabalho de base, como os temas sobre: economia solidaria, eleições, gênero, direitos humanos, comunicação popular, fortalecimento das rádios comunitárias, educação popular, Reforma Política, entre outros, assim como, o fortalecimento das lutas contra os megaprojetos e eventos para a Amazônia, que visão só o capital e não as pessoas, visando à participação popular e social nas tomadas de decisão destes processos. Trabalhando junto aos grupos: mulheres, jovens, negros e negras, população ribeirinha, agricultores e agricultoras rurais, entre outras organizações sociais e populares.  

Antes do almoço uma parada para ouvir nosso visitante, Deputado José Ricardo, que parabenizou o grupo pelo esforço na luta, falou um pouco o trabalho que vem fazendo nos municípios do Estado nos relatando o descaso do poder publico com a população e as omissões dos representantes do povo que desviam fiscalizar essas ações. Colocou a disposição, seu mandato e seu gabinete, para ajudar nas lutas planejadas pelos educadores e educadoras militantes populares da RECID/AM. E no almoço o povo o procurou para denuncias e relatos de ações a favor da população.  

Após o almoço e o termino dos trabalhos, falamos sobre o aditivo do convênio e o processo de seleção para dois novos educadores ou educadoras, para a microrregião de Manaus entorno, apresentamos o edital, o período de recebimento dos currículos que serão selecionados por uma comissão formada por membros da Comissão Nacional, Talher Nacional, Entidade Ancora Estadual e três educadores/as voluntários/as do coletivo estadual.  

Assim concluímos nosso encontro, onde voltamos para casa com a bagagem recheada de sonhos e utopias as lutas sociais e populares.  

Educação Popular, que se cumpra, que se cumpra!!!!!

Um comentário em “Encontro Intermunicipal da Rede de Educação Cidadã do Amazonas

  1. Pessoal, valeu pela partilha do Intermunicpal que buscou refletir em torno dos Mega eventos e Projetos na Amazônia – focando a Copa do mundo de 2014, onde Manaus é uma das sedes e seu reflexo na cidade. Ressalto os momentos da mística e parabenizo pelo pano da vida.
    Aos educadores/as da Recid, que toda a riqueza deste encontro, perpasse nas ações cotidianas junto ao trabalho de base.
    Parabéns pessoal!!!!!

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