Pequenos do Brasil

Quando bate a fome a tua porta

Quando o frio gela os ossos

Quando as crianças não têm onde brincar

Quando os homens se agrupam já sem dentes

A falar do que poderiam ter feito

E já não tem mais tempo para tanto

 

E as mulheres se dividem entre cuidar dos filhos

 

Delas, do mundo, dos vizinhos

Se enrolando em meio ao lixo acumulado

Trazido das mansões espalhadas pela cidade

Já não sabem se fazem ou deixam de fazer

Quando os cães dormem em camas quentes

E as crianças dormem em chão molhado

Pois a chuva é tão densa quanto a que cai lá fora

Quando a cachaça que tomam esquenta os ossos, o corpo, a alma

Quando Deus é o único caminho

A única verdade

E a única alternativa para se ter alguns momentos de alegria

Quando uma caixa de papelão é o único cobertor

Que sobrou depois de longa caminhada

E os homens retardam a hora de dormir

Para relembrar dos tempos que ainda brincavam sem preocupações

É chegada a hora de se repensar o mundo

Se repensar a vida

Repetir uma oração que ouvimos há muito tempo

Repartir o pão, dividir o vinho

Chega de palavras

É preciso ação

Ação de graças

Ação de amigos

Ação de solidariedade

Ação;

Para solução

Esquecer a desumanidade humana

Onde se defende os direitos dos animais

Da natureza

E se constrói mais condomínios

Para que os homens se distanciem ainda mais

Dos animais homens

Que vivem no lixo

Se protegendo da (?) da pobreza

Cruel, crua, nua

Que bate a porta cada vez que colocamos o lixo na rua

Nos proteger dos bandidos e vícios

Crias da sociedade

Que criou e não quer saber

Não quer proteger

É chegada a hora da revolução

Mudar o mundo ou mudar a vida

Cuidar do meio ambiente e cuidar da vida

Das crianças abandonadas

Não pelos pais

Mas pelo capitalismo

Que nos proporciona oportunidades de crescer financeiramente

Às vistas de um povo não querido

Não visto

Não tolerado

Mal amado

E sem documento

Mas que elege

Um hipócrita qualquer que conhece soluções para a humanidade

Que no poder

Desconhece até onde nasceu

Bola prá frente Brasil!

Nós que te amamos

Nós que lutamos por ti!

Nós…

Que limpamos a sujeira dos escolhidos

Ainda estamos aqui

Mesmo sem moradia

Agasalhados no tempo

E tão sem tempo!

Lutando para sobreviver

E existir!

 

Por: Rosemari Fiuza – Tdai/RS

www.rosemarifiuza.blogspot.com (umidade relativa)

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