Recid/AM e parceiros realizam o 1º encontro do Processo de Formação continuada em Educação Popular e Políticas Públicas

No ultimo fim de semana iniciou-se a 1ª etapa do Processo de Formação Continuada em Políticas Públicas e Educação Popular realizada pela parceria da Rede de Educação Cidadã do Amazonas, Fundação Amazonas Sustentável e Instituto Agostín Castejon (Brasília). O encontro aconteceu no Auditório da Fundação Amazonas Sustentável em Manaus.

Neste primeiro encontro os temas abordados foram: Desafios da Educação Popular, Construção de Analise de Conjuntura e Registro e Sistematização. 

Esta etapa começou na sexta feira, dia 10 de agosto, iniciamos com o grupo formado por educadores e educadoras populares, lideranças juvenis e sociais lideres de comunidades ribeirinhas de reservas de desenvolvimento sustentável.

Começamos o encontro com um momento onde cada um e cada uma falou uma palavra de motivação e que queira descobrir neste curso, as palavras que surgiram foi: partilha, conhecimento, entusiasmo, perseverança, práxis, sabedoria, cooperação, compromisso, amizade, persistência.

Em seguida entramos no tema do encontro dialogando sobre os desafios da educação popular. Refletindo sobre o que temos hoje, podemos perceber que é tudo menos educação popular critica e transformadora.

Hoje há um discurso sem práxis, com manipulação, não tem fundamento de mobilização e controle social, existe um processo de educação bancária disfarçada de educação popular, projetos individuais, temos uma cultura do saber acadêmico e da violência.

Hoje temos muito educador/a social, mas não educador/a popular.

Educação popular é fundamentada no: uma educação entre sujeitos (SUJEITO); Os saberes são dialógicos e não monólogos; Parte da realidade concreta; Educação contextualizada do contexto de vida do povo, do sujeito, sua cultura, seu contexto de dominação; É uma educação dialogada e não imposta (nós nos libertamos e cada um tem o seu papel); Educação crítica, política e libertadora; Consciência de autonomia do sujeito; 

A educação popular parte de um projeto político libertador que é marcado pela mística, requer entrega, impulsiona a viver a lutar por uma questão.      

A educação popular que queremos é baseada numa METANÓIA, processo de mudança quando a cabeça/visão vai além, ato da práxis, que é provocada a partir do conhecer, para a ação e consequentemente a transformação. O educador/a tem que ser um provocador/a da realidade.

Alem do dialogo sobre os desafios da educação popular fizemos um pequeno processo historio do surgimento da cultura política e sociais do povo brasileiro com seus mitos e seus traços, dos quais destacamos: violência; anulação; sociedade senhorial; privado versos público; dominação. Os traços individualistas, destacamos: esmolento/a – só sabe pedir, refém de assistencialismo; esperto/a – o EU sempre vem primeiro; vitima – alienada consciente, precisa sempre do senhorio – sistema patriarcal. 

A partir do dialogo sobre educação popular o grupo foi convidado a se dividir em dois pequenos grupos e refletir sobre processos de como fazer uma analise de conjuntura, trazendo a realidade dos movimentos sociais e populares no Estado, iluminados/as pelo texto – Para fazer analise de conjuntura. 

Desta analise surgiu os seguintes olhares: os movimentos estão despolitizados, desorganizados, acomodados; buscam projetos individuais e particulares; confusão entre papeis, governo e movimentos sociais; não há uma historia de luta no Estado; cooptação de lideranças durante o governo populista; necessidade de empoderamento das lideranças; universidades têm as suas mazelas políticas e sociais, acaba tornando-se um instrumento do sistema.

Percebe-se que estamos trabalhando na retórica, temos que levantar dados, sair do achismo, participar virando o jogo para a sociedade, conhecer sobre as prestações de contas mensais do poder público; fiscalizar as ações no sentido de fortalecer os espaços de controle social como os conselhos e outros.

Após a partilha da analise, encerramos o dia com o estudo sobre registro, fazendo leitura coletiva e dinâmica do texto – O papel do registro na formação do educador – de Madalena Freire com as seguintes provocações individuais:

Como eu registro e sistematizo a minha prática de educador/a?

Como meu grupo registra e sistematiza a sua prática.

Eu participo do registro e da sistematização do meu grupo no meu grupo.

No sábado dia 11 de agosto, a turma ainda muito animada e com novos participantes, começou o dia com café e dinâmica de apresentação com dança circular, cada participante dizia seu nome o no ritmo da dança circular os demais respondia: “Nós te acolhemos, te damos espaço e seguimos em frente”.

Fizemos memória do dia anterior, facilitada pela educadora Joelma Carvalho.

Durante toda manha de sábado, dividimos os participantes em dois grupos onde fizeram a leitura/ estudo do texto – Para sistematizar experiências de Oscar Jara e debateram sobre as políticas públicas para monitora durante o curso, a partir da realidade apresentada no dia anterior.

Após o almoço os grupos partilharam o estudo e colocaram a proposta de quais políticas públicas irão ser estudadas e monitoradas pelos participantes do curso durante o período de três anos do mesmo.

Da partilha sobre o texto surgiram as seguintes observações:

Sistematizar possibilita: Compreender como desenvolver a experiência; Diferenciar os elementos constantes, ocasionais, sem continuidade, novas pistas, linhas de trabalho, vazios na ação; Perceber consolidações de processos, rupturas e desenvolvimento de processos; Perceber várias etapas do processo da ação; Diálogo entre saberes; Intercâmbio de aprendizagens e experiências; Extrair novos ensinamentos; Aprender e compartilhada; Ponto de partida (abordagem e aprofundamento teórico); Relacioná-lo a nível crítico.

Em relação as políticas publicas foram apresentadas pelo grupo muitas opções e no exercício de sistematizá-las o grupo optou por quatro que trazem as outras no momento do foco de cada uma. As opções foram: Conselhos; Educação; Economia Solidária; Questão Ambiental.

Na próxima etapa do curso, em outubro deste ano, o grupo se dividirá para o estudo de cada política apresentada.

Encerramos esta primeira etapa do curso com grande entusiasmo e perspectiva do processo de aprendizado. Com aquele gostinho de quero mais fizemos a dinâmica do braço coletivo sentindo
a sinergia de cada um e cada uma. Nosso assessor do curso, volta pra Brasília com a mala cheia de novas experiências e uma pequena lembrança da musicalidade da região. 

Um comentário em “Recid/AM e parceiros realizam o 1º encontro do Processo de Formação continuada em Educação Popular e Políticas Públicas

  1. Educadores POpulares participantes da formaçao parceria REcid AMazonas e Instituto Castejon/Brasilia – acumular no campo da educaçao popular e políticas públicas é uma necessidade presente no movimento e na vida dos/as militanes. Parabéns à Recid AM e ao Instituto pela iniciativa, aos educadores/as que fazem valer a realizaçao deste, o que exige também, o compromisso de cada um/a de partilhar, de fortalecer a luta, a educação popular.

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