Breno Brenetti

Flor de Lótus

Breno Brenetti

Peça Flor de Lótus

        Wilhelm Reich dizia que “a família burguesa capitalista espelha e reproduz o Estado”.

      Em verdade, tanto a pedagogia doméstica quanto a escolar, quando autoritárias, tem como proposta principal, reprimir nas crianças e nos jovens o sentimento e a necessidade da liberdade como condição fundamental da existência. Sem estes, desaparecem nas pessoas o espírito crítico, a autonomia, a criatividade, a solidariedade, a amorosidade, o compromisso com o bem viver do outro, da outra e, o desejo de participação ativa na sociedade. São os dependentes, os submissos. Desgraçadamente, a maioria.

      Homens e mulheres frutos deste contexto autoritário garantem a manutenção do capitalismo e do autoritarismo em todas as instâncias, bem como as falsas democracias. Eles “espelham e reproduzem o Estado”, são pessoas neuróticas, fracas, despreparadas, incompetentes e impotentes para a vida pessoal plena e social satisfatória. Servem apenas para submeter-se, obedecer, massificados pela mídia, politicamente alienados, mostram-se indiferentes, com autoestima baixa, individualistas. Como conseguem estudar ou trabalhar no sistema, suportam indiferentes, a convivência com os milhões de conterrâneos que vivem na mais completa miséria.

     Este é o quadro atual e, torna-se necessário, indispensável, absolutamente premente refletir sobre a realidade deste sistema político, especialmente sobre a sua pedagogia autoritária e hipócrita. É urgente descobrir alguma forma de atuação libertária em todos os níveis, desde as creches, passando pelas escolas primárias e secundárias, chegando, por fim, à universidade. 

     É urgente! Até quando, a banalização da vida de seres humanos? Até quando genocídio dos povos tradicionais? Até quando violência doméstica? Até quando opressores exaltados e oprimidos condenados a vitimas “ad eternum”? ATÉ QUANDO?…

Por Teatral Grupo de Risco (TGR)

 

FLOR DE LÓTUS – A peça

O TGR, grupo em atividade desde 1988 que tem como missão “desenvolver um trabalho de pesquisa de linguagem cênica, de dramaturgia, e na investigação sobre a formação histórica e cultural de Mato Grosso do Sul”, tornando-se referência no Estado pela qualidade de sua produção teatral e execução de projetos culturais e sociais. Neste tempo, produzimos mais de 30 espetáculos, entre adultos, infantis e bonecos, além de documentários e programas de televisão. O grupo já representou o Estado em festivais nacionais e internacionais como Chile, Argentina, Bolivia e Paraguai e produziu mais de quinze projetos sociais para populações da periferia dos grandes centros e do meio rural.

No Brasil, as questões de gênero, têm avançado, com a criação de legislação e de políticas publicas especificas. O acesso aos direitos recentemente conquistados depende da tomada de consciência destes, e dos instrumentos que hoje estão disponíveis para sua garantia. A falta de aprofundamento no conhecimento sobre conquistas como a Lei Maria da Penha, ainda é um desafio a ser enfrentado por toda a sociedade para a efetivação da Política Pública. Com este trabalho, queremos firmar mais uma vez, 24 anos de trabalho de grupo e pautar nossa ação no enfrentamento a violência contra a mulher.

Para Boal, a função da arte é criar consciência, uma consciência do mundo, “não necessariamente verbal ou verbalizável, sistematizável”. Considerando-se as diversas formas de organização das coisas empreendidas pela arte, que não somente usa palavras, mas silêncio, cores, sons, ações humanas, no tempo e no espaço, uma vez que a “comunicação estética é a comunicação sensorial e não apenas racional”, múltipla, não uma, como a própria cultura. Na experiência que vivenciaremos aqui a barreira entre palco e plateia é destruída e o Diálogo implementado, ou seja, a partir de uma encenação baseada em fatos reais, na qual personagens oprimidos e opressores entram em conflito, de forma clara e objetiva, na defesa de seus desejos e interesses. Neste confronto, o oprimido irá fracassar e convidamos a todos e todas, a entrar em cena, substituir a protagonista e contribuir com o Grupo e espetáculo buscando alternativas para o problema encenado.

 “Me nego a viver em um mundo ordinário… como uma mulher ordinária. A estabelecer relações ordinárias. Necessito do êxtase. Sou uma neurótica, no sentido de que vivo meu mundo. Não me adaptarei ao mundo… Me adapto a mim mesma”.

TRG

 

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