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ACAMPAMENTO DA JUVENTUDE CAMPONESA NO SERTÃO PERNAMBUCANO

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A comunidade quilombola Varzinha dos Paulinos, localizada no município de Iguaracy, sertão de Pernambuco, acolheu durante os dias 26 e 28 de abril, cerca de 90 jovens oriundos das mais diversas regiões do estado. O motivo foi a realização do II Acampamento de Formação da Juventude Rural. A atividade, organizada pela Comissão Pastoral da Terra da Região do Pajeú e Moxotó e pela Pastoral da Juventude Rural, foi um momento de reflexão sobre a participação da juventude nos espaços políticos, sobre a mística e espiritualidade camponesa e sobre os desafios de geração de renda para os jovens camponeses.

Durante o Acampamento, os jovens participaram de seminários, oficinas de formação, debates e plenárias. Para Rosana Valéria, integrante da CPT e da PJR, e uma das responsáveis pela organização da atividade, o II Acampamento de Formação, além de ter sido um espaço de reflexão sobre a conjuntura dos jovens no campo, foi também um momento de troca de experiência e de proposições. “Os jovens se sentiram protagonistas e querem levar as reflexões, realizadas durante esses dias, para os grupos e espaços que participam em suas comunidades. Eles querem contribuir no processo de construção de políticas para a juventude do campo”, afirmou.

Saiba mais sobre o acampamento e conheça a carta aberta escrita pelos jovens…

 

 

Acampamento da Juventude do Camponesa
O primeiro Acampamento da Juventude do campo em Pernambuco foi realizado ainda em 2009, o município de São José do Egito, sertão do Estado. Na ocasião, estiveram presentes 150 jovens camponeses e camponesas das mais diversas comunidades rurais do estado de Pernambuco. A realização deste primeiro acampamento animou a juventude camponesa a criar e se inserir em grupos de juventude em cada comunidade. A realização do II Acampamento de formação da juventude camponesa surgiu deste processo e do compromisso dos jovens de darem continuidade à formação e articulação da juventude nas comunidades camponesas do estado.

 

Leia abaixo a carta aberta do II Acampamento da Juventude Camponesa de Pernambuco:
Nós jovens camponeses e camponesas do estado de Pernambuco, das regiões do Sertão do Araripe, Vale do São Francisco, Pajeú, Moxotó, Mata Sul, Agreste e Região Metropolitana; que vivemos em engenhos, quilombos, assentamentos, acampamentos e sítios; reunimo-nos, entre os dias 26 à 28 de abril de 2013, na Comunidade Varzinha dos Quilombolas, mais conhecida como Varzinha dos Paulinos, localizada no município de Iguaraci, para refletirmos sobre “Juventude e Identidade Camponesa”, com a participação de 90 jovens, tendo o acompanhamento da Comissão Pastoral da Terra – CPT, da Pastoral da Juventude Rural – PJR e apoio da Rede de Educação Cidadã – RECID.
Nesses três dias refletimos sobre a realidade de cada região, contamos histórias de vida, visitamos o antigo engenho da comunidade, onde fizemos memória da escravidão, realizamos oficinas sobre “Identidade Camponesa e Campanha da Fraternidade 2013”, “Questão Agrária e demandas da Juventude Camponesa” e “Produção de Stencil”; aprofundamos formas de permanência da juventude no campo, especialmente, os Grupos de Produção e Resistência.

Aproveitamos o espaço e realizamos uma Conferência Livre de Desenvolvimento Rural Sustentável em que tiramos encaminhamentos de denúncias e reivindicações para que a juventude, com participação ativa, permaneça no campo. Por isso:

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Denunciamos

  • – Falta de oportunidades aos jovens de participarem das decisões políticas referentes a juventude;
  • – O descaso com a seca que nos afeta.
  • – Falta de espaços para a comercialização da produção;
  • – A produção com base em agrotóxicos e o envenenamento dos alimentos;
  • – Ausência de espaços de conscientização sobre a saúde e drogas no campo;
  • – A falta de tecnologia e rede de comunicação;
  • – A lentidão do estado, em especial do poder judiciário, no reconhecimento do território dos camponeses, especialmente os quilombolas e os que vivem nos engenhos, dificultando as atividades de produção;
  • – Falta de assistência técnica;
  • – A falta de reservatório de água e de políticas estruturais para o enfrentamento da seca e de apoio as tecnologias de convivência com o semiárido;
  • – O fechamento de escolas na zona rural;
  • – Não existência de espaço (equipamentos) para esporte e lazer;
  • – A falta de política de habitação rural;
  • – A falta de cursos no campo para os jovens permanecerem na terra;
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  • Reivindicamos
  • – Escolas de qualidades e com ensino específico e diferenciado para as comunidades camponesas (Educação do Campo e no campo);
  • – Inserir o ensino médio, universitário e técnico no campo;
  • – Transporte escolar adequado para transportar os alunos das comunidades para escolas e universidade;
  • – Agilização do processo da Reforma Agrária Popular, para que possa ser desenvolvida a produção e geração de renda;
  • – Agilidade nos processos de demarcação e titulação dos territórios quilombolas (Castainho, Timbó, Varzinha, entre outras);
  • – Fomento com o teto de R$ 50.000,00 para aos Grupos de Produção e Resistência ;
  • – Assistência Tecnica: um (1) técnico para cada cinco (5) Grupos de Produção e Resistência;
  • – Postos de saúde no campo, com profissionais da própria localidade;

Afirmamos a construção dos Grupos de Produção e Resistência – GPR como forma de permanência da juventude no campo.

 

Animados e animadas pelo espírito do jovem camponês de Nazaré, encerramos o nosso II acampamento com um “pisa ligeiro, pisa ligeiro… quem não pode com a formiga não assanha o formigueiro”.

Iguaraci, 28 de abril de 2013

 

Fonte www.pjr.org.br, CPT NE II

 

 

 

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