No último sábado (18), a Rede de EducaçãoCidadã do Mato Grosso do Sul, realizou uma reunião ampliada, com o intuito de fazer uma análise de conjuntura do cenário atual, após 100 dias de governo, pontuando as perspectivas de fortalecimento da Recid no MS e nacionalmente.
O encontro reuniu cerca de 30 militantes, de diversos movimentos e organizações sociais: Forum de Juventudes, Coletivo Terra Vermelha, LGBTs, Coletivo Jovem do Meio Ambiente, Comitê Estadual de Enfrentamento a violência de jovens, Rede Nacional de Jovens Comunicadores, EMAU (escritório modelo de arquitetura, baseado em Paulo Freire), Capoeiristas, Movimento SOS Cultura,Rua – Juventude Anticapitalista, Movimento indígena, negro e comunidade quilombola.
Diante do cenário político debatido pelo grupo, analisou-se a necessidade da Recid enquanto fomentadora das articulações e unicidade das lutas das diferentes organizações populares, dar prosseguimento ao trabalho de formação em direitos humanos na busca emancipatória dos .
Ainda sobre as reflexões, o coletivo, acredita no fortalecimento em Rede, na aproximação das organizações do campo e da cidade, na perspectiva de expansão e avanços nas lutas da sociedade civil. Talvez como bandeira deste novo período em que as decisões no Congresso Federal tem desrespeitado a vontade popular, as reformas estruturais, sejam o pilar para transformação do que está sendo imposto com a tramitação e votação de PLs e PECs de viéz extremamente conservadoras e que atingem principalmente as camadas populares.
Mas, enfim, qual nosso papel enquanto Recid nesse cenário? E como fazer cumprir? Observando que as propostas são reconhecidas pela Recid, inclusive de uma avaliação nacional neste aspecto e que há um consenso sobre o que fazer durante esse período, da necessidade de fortalecer politicamente, portanto, a ideia é definir como e quem são os sujeitos que o farão. Quais coletivos, organizações e movimentos de fato se envolverão nesse processo? Neste sentido, criou-se uma coordenação de transição composta por 12 pessoas de diferentes movimentos, que tem o papel de animar esse processo.
Esta comissão procurará formas alternativas de se encontrar, tendo como principais pautas para a próxima reunião: o mapeamento dos movimentos e organizações populares; Reuniões com seus dirigentes que motivem a construção da Rede; Pensar em GTs temáticos – responsáveis por construir por proximidade de tema; Agenda de conversas com os movimentos sociais, e apresentação da Recid.
A metodologia de análise de conjuntura partiu de cinco elementos baseando-se na obra de Betinho “Como fazer análise de C ”:
1) Acontecimentos (nesses 100 dias de governo)
2) Cenário (em qual lugar se desenvolve)
3) Quem? (atores e atrizes)
4) Relação de forças
5) Estrutura da sociedade (como está organizada)
Abaixo, quadro síntese dos elementos trazidos pelo coletivo:
Acontecimentos | Cenário | Quem? | Relação de forças | Estrutura da Sociedade |
Atos dias 13 e 15 de março | – território nacional– capital e alguns municípios | – Campo democrático popular– Campo direita não democrática | (ficção mídia)Povo Brasileiro
X Apoiadores do governo (Realidade) Burguesia e setores da classe média X Movimentos sociais |
Reorganização das classes |
PL 3239 Quilombo / territórioPL 4330 Terceirização
PEC 315 Funai PEC 171 Redução PEC 352 contra reforma |
– Nacional– Organização movimentos estaduais | – Congresso– Movimentos | – Rapa– PT, PCdoB, PSDL | – Sociedade civil organizada– Partidos movimentos etc |
Redução da maioridade penal | Congresso Nacional | Empresas, autoridades, sindicatos e congresso | Sociedade e bancadas do congresso | Articulação seria uma resposta rápida para uma segurança falha |
Reajuste fiscal | Ministro da fazenda, empresários e midia | Articulação econômica | Economia do pais, crise capital | |
Manifestações devido a reeleição da presidenta | Mídia de partidos de direita | Luta de classes | ||
Redução da maioridade penal | Congresso Nacional | Empresas, autoridades, sindicatos e congresso | Sociedade e bancadas do congresso | Articulação seria uma resposta rápida para uma segurança falha |
Reajuste fiscal | Ministro da fazenda, empresários e mídia | Articulação econômica | Economia do país, crise capital | |
Manifestações devido a reeleição da presidenta | Mídia de partidos de direita | Luta de classes | ||
Mobilização Nacional do índio | Brasil | Povo indígena e sociedade civil | Democracia X extermínio | Organização popular |
LOCAL: | ||||
SOS CULTURA | Capital do MS | – Direita golpista evangélicaX
Trabalhadores artistas |
– André Puccinelli e seu aliados (vereadores)-Trabalhadores /sociedade
– Tucanos |
– Senso comum conservador– Organizações fragmentadas |
Troca de governo e continuação da política centralizadora | MS | Políticos | Governador, apoiadores políticos X população | Organizações da sociedade civil e sistema político |
Extermínio dos jovens negros MS | Campo Grande | |||
Medalha para Bolsonaro | Campo Grande | Bolsonaro e sistema militar | Militar |
Para Maria Rosana, professora, mestre em letras pela Universidade Estadual de MS, militante do coletivo de mulheres do PT, ao fazer a análise do cenário político atual, responsáveis pelas decisões que refletem em toda sociedade, recorda que uma das últimas manchetes da revista veja, diz que finalmente o Brasil esta livre das malhas trabalhistas, acreditando que a partir de agora o Brasil vai se desenvolver. Rosana diz que o Brasil é o maior país no que tange a democracia nas urnas, pode-se dizer, segundo ela, que a democracia brasileira é de qualidade. Porém, acredita-se que ao derrubar o regime militar, e derrubando o capitalismo do país, construiria-se a democracia, entretanto, não se pensou em como trabalhar essa questão, justamente por não haver a compreensão conceitual sobre o que significa “democracia”. Reafirma ainda que a discussão sobre o tema, precisa ser aprofundado, visto que é a forma de eleição hoje no país, a de eleger quem irá nos representar.
Marcel Farah, educador popular, levanta o mote de que 40 milhões de pessoas ascenderam à classe media no Brasil. Mas estas pessoas ascenderam à classe média ou foi uma parte da classe trabalhadora que ascendeu financeiramente? Classe média ou classe trabalhadora, será apenas uma questão de ? Questiona o educador, e continua dizendo que a visão de mundo da classe média é uma vida de shopping center, com educação privada, transporte individual, seguro de saúde privado, e muita concorrência, meritocracia, uma vida regida pelo mercado e pela mercadoria.
Por outro lado, a visão de mundo da classe trabalhadora é outra, baseada na colaboração e solidariedade com serviços públicos universais que garantam direitos para todas as pessoas, educação, saúde, transporte, responsabilidade ambiental etc. Farah conclui dizendo que a opção por política públicas não emancipatórias reproduz e fortalece uma visão de mundo incompatível com um projeto democrático e popular de sociedade. Portanto, uma mudança na perspectiva pedagógica das políticas públicas é necessária, assim como a retomada do debate sobre reformas estruturantes que atinjam as causas das desigualdade e não apenas seus efeitos.
Por fim, foi ressaltado no debate que a mídia conservadora é responsável pelas repercussões de todos acontecimentos públicos, os escândalos, por exemplo com a Petrobras, são manipulados para atingir a determinados fins políticos. Enquanto não houver reformas populares, democratização da mídia e uma educação verdadeiramente libertadora, dificilmente (parafraseando Paulo Freire) o educando será libertado, pelo contrário se tornará opressor. A Recid tem uma tarefa primordial de fortalecer as organizações populares e sensibilizar a populações em geral de seu papel na sociedade.

Momento da entrega dos Certificados da 2ª Etapa – Escola de Formação Popular, certificada pela UFMS, como curso de extensão acadêmica.
Rede de Educação Cidadã MS
Òtima reflexão sobre o cotidiano do povo brasileiro nas mãos da mídia.