Frei Betto: “Não se envergonhem de acreditar no socialismo”

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Do Site da Smetal

 

Toda sociedade e toda geração precisa de uma utopia para viver. Os jovens se afastam das drogas quando têm uma utopia. Quanto mais utopia, menos droga, se não, haja tanta depressão, haja droga.

Mesmo sendo véspera de feriado cerca de 400 pessoas assistiram a palestra do frade dominicano Frei Betto, na sexta-feira, dia 4, no SMetal.

Com o auditório lotado, Frei Betto abordou a transformação de época na qual vivemos e chamou a responsabilidade da família, igreja, movimentos e escola para a compreensão dessa mudança.

Segundo ele, a última mudança de época aconteceu há 500 anos, do período medieval para o moderno. “Estamos agora assistindo a falência da modernidade”, explicou.

Betto que estudou jornalismo, filosofia e é autor de mais de 60 livros, dentre eles “Batismo de Sangue” e “Paraíso Perdido”, afirmou que por mil anos o paradigma foi o da hegemonia da religião.

Apesar da modernidade ter proporcionado muitos avanços, como na área da medicina, esses avanços, conforme ele explica, ainda são de restrito acesso à população.

Ao pedir para que “não tenham nojo de política. Quem tem nojo de política é governado por quem não tem. Em tudo há política”, foi aplaudido pelo público formado por estudantes, professores, sindicalistas e trabalhadores de diversas categorias.

Um dos problemas destacados por ele na palestra que durou cerca de uma hora, foi a concentração de riquezas. Um dos exemplos citados foi o de que 84 pessoas no mundo tem a mesma renda de 3 bilhões e 500 mil seres humanos. Ele salientou também que os mais ricos têm uma dívida social com aqueles que não tiveram a mesma “sorte”.

 

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Mudança de paradigma

“A modernidade desaba e qual será o paradigma da pós-modernidade”? questiona. Segundo ele, o melhor paradigma seria a globalização do amor, conforme preconizou o papa João Paulo. “Se seguíssemos esse conselho não haveria injustiça”.

Mas ele destaca que, infelizmente, o que existe hoje é a globocolonização. “Temo que o paradigma seja a da mercantilização da vida humana”, afirma. Esse também é um dos temas tratados em seu livro “O que a vida me ensinou”.

Ele continua: “Se eu chego em um lugar a pé e de chinelos tenho valor A, mas se chego de carro Mercedes recebo outro valor”. Mercado, segundo explicação de Betto, é o valor da competitividade, o de passar o próximo para trás.

 

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Ideologia

Um grande desafio abordado durante sua fala é o de como formar uma geração protagonista com P maiúsculo, “porque política também se faz no voluntariado, no dia a dia da militância”.

Leia mais: Frei Betto dá conselhos à militância

Betto também comentou sobre a visão de mundo do ser humano quando explicou a ideologia. “Ela se distingue naqueles que acham que a desigualdade é natural e naqueles que ficam indignados com ela”.

Toda sociedade e toda geração precisa de uma utopia para viver. Betto reforçou a necessidade da esquerda construir um projeto de sociedade. Os jovens, segundo ele, se afastam das drogas quando têm uma utopia. “Quanto mais utopia, menos droga”, porque se não achar um sentido para sua vida “haja tanta depressão, haja droga”.

Nesses últimos 12 anos de governo progressista no Brasil, um dos avanços citados por Betto foi o acesso a bens pessoais por parte da população mais pobre, mas criticou  a falta do que chamou de “rastro de sustentabilidade e de consciência”.

Ao mesmo tempo que pontuou algumas críticas em relação ao atual governo federal ele foi enfático ao dizer que os inimigos de Dilma querem a criminalização dos movimentos sociais.

“Não se envergonhem de acreditar no socialismo”, destacou. Uma obra que acaba de lançar é a reedição do livro “Paraíso Perdido” (Rocco), na qual constam relatos de viagens que Frei Betto fez em países socialistas, de 1979 a 1992.

O público da palestra, que fez parte do ciclo de formação do Sindicato, contou com alunos e professores das escolas estadual Aggeo, Humberto de Campos, das faculdades Pitágoras, Unip, Uniso, trabalhadores e políticos de Sorocaba e da região, além de formadores de opinião como o militante da rede Uneafro, Douglas Belchior, de São Paulo.

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