ONU alerta para pequeno progresso no combate à fome mundial

O mundo está se distanciando da meta de reduzir a fome pela metade até 2015, disse a Organização das Nações Unidas (ONU). "Este ano devemos anunciar que o progresso praticamente parou", disse Jacques Diouf, diretor-geral da Organização para a Alimentação e Agricultura (FAO), um órgão da ONU, no prefácio do relatório anual sobre a fome.

A FAO disse que 25 mil pessoas morrem diariamente de fome e por causa da pobreza no planeta, e que a cada ano 6 milhões de crianças menores de cinco anos morrem de desnutrição. As guerras e os deslocamentos forçados de população contribuem com esse quadro.

"No atual ritmo, vamos atingir a meta (de reduzir a fome pela metade) com cem anos de atraso, mais perto do ano 2150 do que do ano 2015", disse o relatório. Para atingir a meta, o número de pessoas que passam fome deve ser reduzido em 24 milhões por ano, 2 milhões a mais do que no relatório anterior, de 2001.

A última estimativa da FAO, relativa aos anos de 1998 a 2000, mostra que há 840 milhões de pessoas desnutridas no mundo, das quais 799 milhões no Terceiro Mundo. "Nos países mais afetados, um recém-nascido pode esperar ter em média 38 anos de vida saudável, comparado com os mais de 70 anos nos países ricos", disse o texto.

Segundo Diouf, ainda é possível atingir a meta em 2015, mas para isso é necessário ter vontade política. "O preço que pagamos pela falta de avanços é pesado. Os famintos pagam de forma mais imediata e mais dolorosa, mas os custos também são altos para suas comunidades", disse Diouf.

Esses custos se expressam na diminuição da produtividade, na degradação ambiental e no surgimento de conflitos. Para reverter esse quadro, a FAO sugere um investimento global público de US$ 24 bilhões por ano.

O relatório atribuiu o crescimento da fome às altas taxas de natalidade. Na Índia, há hoje 18 milhões de famintos a mais do que no último relatório, embora a proporção com relação ao total da população tenha caído de 25% para 24%.

Mas alguns países conseguiram vitórias expressivas. Em uma década, a China reduziu em 74 milhões o número de pessoas que passam fome, segundo a FAO.

Indonésia, Vietnã, Tailândia, Nigéria, Gana e Peru são países que conseguiram tirar mais de 3 milhões de pessoas da fome, o que ajudou a reduzir o saldo dos 47 países onde não houve progressos e o número de famintos aumentou 96 milhões.

A África subsaariana continua liderando esse ranking, especialmente a África Central. "A guerra crônica em um único país, a República Democrática do Congo, (fez) o número de pessoas desnutridas triplicar", disse a FAO.
 
Fonte: Reuters – Roma
 

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