Campanha da Fraternidade tem portadores de deficiência como tema em 2006

A grande ansiedade da igreja, segundo o secretário da CNBB, é que a Campanha deste ano possa tocar os poderes públicos, os legisladores, para que elaborem políticas públicas mais eficazes para atender às pessoas com deficiência. "A campanha é o grito das pessoas deficientes para a sociedade", disse. A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) lança a Campanha da Fraternidade 2006 com a proposta de dar maior atenção aos 25 milhões de portadores de deficiências que vivem no país. 

Brasília – A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) lança hoje (1º) a Campanha da Fraternidade 2006 com a proposta de dar maior atenção aos 25 milhões de portadores de deficiências que vivem no país. Segundo o Secretário Geral da CNBB, Dom Odilo Pedro Scherer, o tema "Fraternidade e pessoas deficientes" chama a população brasileira para uma "reflexão" sobre a realidade dessas pessoas.

"A campanha deste ano é uma grande ocasião para uma tomada de consciência e reflexão da igreja e da sociedade se colocarem diante das mais de 25 milhões de pessoas que tem alguma deficiência. E que resultem em atitudes mais fraternas e condizentes com os direitos que todas as pessoas merecem", afirmou o bispo Odilo Scherer.

A grande ansiedade da igreja, segundo o secretário da CNBB, é que a Campanha deste ano possa tocar os poderes públicos, os legisladores, para que elaborem políticas públicas mais eficazes para atender às pessoas com deficiência. "A campanha é o grito das pessoas deficientes para a sociedade", disse.
A presidente da Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (APAE) do Distrito Federal, Diva da Silva Marinho, que cuida de 480 portadores de deficiência, destacou que a campanha pode ajudar a acabar com a discriminação. "Essa campanha vai ampliar a consciência da sociedade sobre a importância deles estarem incluídos com outras pessoas ditas normais".

Antes do lançamento da Campanha da Fraternidade na sede da CNBB, o bispo Odilo Pedro Scherer celebrou a missa das Cinzas. Francisco de Paula, que é portador de deficiência visual, fez uma leitura em braille de parte do evangelho.

A Campanha da Fraternidade de 2006, de acordo com a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, será amplamente divulgada no rádio e na televisão, e também nas 9.400 igrejas católicas espalhadas por todo o país.

O lema da campanha deste ano, "Levanta-te, vem para o meio!", segundo a CNBB, vem de uma passagem do evangelho de São Marcos, onde Jesus cura um homem da mão atrofiada.
Na manhã de hoje, dia 1º de março, aconteceu na sede da CNBB em Brasília (DF), a Missa das Cinzas e o lançamento da Campanha da Fraternidade 2006.

No auditório Dom Hélder Câmara, com a presença de muitos profissionais da imprensa, aconteceu a Coletiva. Compuseram a mesa: Dom Odilo Pedro Scherer, secretário-geral da CNBB, Cônego José Carlos Tóffoli, secretário-executivo da CF, José Magalhães, diretor executivo da Cáritas Brasileira, Eduardo Barbosa, presidente nacional da Federação das APAEs

De início, foi ouvida um filmete para TV da CF 2006, que realça diferenças das pessoas e igualdade na dignidade.

Em seguida, foi apresentada, em DVD, pelo presidente da CNBB, Dom Geraldo Majella Agnelo, a Mensagem do papa Bento XVI para a Campanha da Fraternidade.

Dom Odilo Pedro Scherer, em seguida, dirigiu a palavra a todos, em especial às pessoas com deficiência e à imprensa. Saudou aos que se dedicam às pessoas com deficiência.

Em seguida, falou Pe. José Carlos Tóffoli, secretário-executivo da CF, sobre os objetivos em vista de uma sociedade justa e solidária. Apresentou o texto-base que vai orientar o Ver, Julgar e Agir. Expôs sobre as várias peças da CF, subsídios de divulgação, de reflexão e celebrativos. Falou dos folders para cada semana da Quaresma, a serem utilizados nas comunidades.

A Campanha se inicia hoje, quarta-feira de cinzas, e encerra, no Domingo de Ramos, com a coleta para o Fundo de Solidariedade que é administrado pela Cáritas Brasileira. É aplicado em Projetos concretos de solidariedade a pessoas com deficiência.

Os jornalistas fizeram várias perguntas, respondidas por Dom Odilo Pedro Scherer, pelo diretor executivo da Cáritas e pelo presidente das APAEs.

A deficiência ainda choca as pessoas

A deficiência provoca ainda rejeição em muita gente e, até desprezo. Os pais de pessoas com deficiência também se sentem excluídos. A CF chama a atenção para o fato de ter muitas pessoas com deficiência na sociedade e elas devem ser reconhecidas com são. Deve haver atitudes coerentes em relação a elas. Quando ignoramos as rampas para as pessoas com cadeiras de rodas, nós as ignoramos. Prevalece o preconceito e a exclusão, até que sejam reconhecidos o direito destas pessoas, sua cidadania e dignidade. Não é pela eficiência,  pelo QI que se reconhece alguém, mas pela sua dignidade de pessoa.

Por que a CF na Quaresma?

Porque este é um tempo de voltar às origens, aos princípios fundamentais da vida cristã. O centro do Evangelho é o amor a Deus e o amor ao próximo. A CF sempre trata de um tema referente à caridade. Na quaresma somos chamados a viver a oração, o jejum e praticar a esmola. Esta, no seu verdadeiro sentido, é a caridade.

Por que as políticas do Governo não têm dado certo? São eleitoreiras?
Não dizemos que as políticas do governo são eleitoreiras, mas deixam a desejar. Por exemplo, o programa Fome Zero tem muito ainda a fazer. Defendemos políticas sociais que incluam as pessoas, além dos programas assistenciais.

Orçamento para atendimento a pessoas com deficiência

Sobre isto falou Eduardo Barbosa, presidente nacional da Federação das APAEs.
Os gestores públicos não colocam como prioridade as pessoas com deficiência. O profissional de saúde não está preparado para atender as pessoas com deficiência. O que se propõe é lutar para que o orçamento se amplie em favor das pessoas com deficiência. Os ambientes não são adequados. Quando a CF coloca as pessoas com deficiência no centro, ela nos envolve a todos.

Estatuto de pessoas com deficiência

Dom Odilo perguntou sobre a efetivação do Estatuto de Pessoa com Deficiência.
Eduardo Barbosa lembrou que um aspecto que impede a efetivação do Estatuto é não punir das pessoas que não o cumprem. A discriminação é crime, mas na hora de concretizar a lei, ninguém é punido.

Legislação

Dom Odilo lembrou que o texto-base da CF 2006 traz em anexo toda a legislação existente em relação às pessoas com deficiência.

Fundo de solidariedade

O diretor executivo da Cáritas, José Magalhães, esclareceu que o Fundo de Solidariedade é gerenciado pela Cáritas Brasileira e um Conselho presidido pelo secretário-geral da CNBB. A Cáritas tem cuidado em divulgar os resultados da Campanha e a aplicação dos recursos.
Destes, 60% são aplicados nas Dioceses, 40% pela CNBB Nacional.

fonte: www.cnbb.org.br
 
 
 

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