Rede de Tecnologia Social difunde e apóia projetos de geração de renda

Com um ano de criação, a Rede de Tecnologia Social (RTS) está investindo R$ 14 milhões no biênio 2005-2006 em projetos de geração de trabalho e renda em municípios carentes do país.

A rede formada por quase 300 entidades da sociedade civil, do governo, universidades e iniciativa privada tem a função de difundir e aplicar em escala tecnologias que promovam o desenvolvimento sustentável nas regiões do Semi-árido, Amazônia Legal, periferia dos grandes centros e cidades de regiões metropolitanas.

“Apesar de várias instituições trabalharem com fomento tecnológico e apoio a projetos sociais, essa atuação era pequena e as ações pulverizadas. Daí surgiu a motivação de se criar a rede para ser um instrumento de organização coletiva para a democratização de soluções tecnológicas que promovam a inclusão social”, explica a secretária-executiva da Rede de Tecnologia Social, Larissa Barros.  

As prioridades da RTS nestes primeiros dois anos de atuação são a aplicação de recursos em empreendimentos, como reciclagem de resíduos e artesanato, apoio a sistemas de produção associada à captação de água (hortas orgânicas, quintais produtivos, caprinocultura etc) e incentivo a ações coletivas: beneficiamento de castanha de caju, produção de frutas nativas, meliponicultura, apoio ao cultivo de plantas medicinais e a processos agroextrativistas (açaí, andiroba, babaçu etc). 

O trabalho da RTS envolve a difusão de tecnologias desenvolvidas por instituições que integram a rede e o investimento das entidades mantenedoras. Atualmente são sete órgãos que estão destinando pelo menos R$ 2 milhões na reaplicação tecnologias sociais: Caixa Econômica Federal (CEF), Finep, Fundação Banco do Brasil, Ministérios do Desenvolvimento Social e Combate à Fome e da Ciência e Tecnologia, Petrobras e Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae).

Para participar da rede é preciso enviar o termo de adesão por e-mail ou pelo correio. O documento pode ser encontrado no site da RTS (www.rts.org.br). A instituição pode participar nas seguintes modalidades: mantenedor, articulador de redes sociais, detentor de tecnologias sociais, reaplicador e divulgador. 

Tecnologias

As minifábricas de castanha de caju instaladas na região Nordeste utilizam tecnologia desenvolvida pela Embrapa em parceria com a iniciativa privada, que permite o aumento de 50% na produtividade de amêndoas inteiras. Isso é possível devido ao conjunto de equipamentos usados no processamento das etapas de acabamento e embalagem, a classificação e o recebimento das castanhas pré-selecionadas. A castanha de caju produzida na região é consumida no mercado interno e externo, principalmente em países da União Européia.

São quase 200 mil toneladas exportadas anualmente. Pelo potencial da atividade produtiva, a Fundação Banco do Brasil, o Sebrae, a Embrapa e a Telemar estão investindo no processo agroindustrial do caju. No mês passado, uma Unidade Central de Seleção, Classificação e Exportação de Amêndoa de Castanha de Caju foi inaugurada no município de Serra do Mel (RN). As máquinas usadas na unidade foram entregues a Cooperativa de Beneficiadores Artesanais de Castanha de Caju do Rio Grande do Norte (Coopercaju) que possui 162 produtores associados. 

Também foram entregues três novas minifábricas em outros três municípios do estado. Um convênio entre a Fundação e o Sebrae está permitindo o investimento de R$ 9 milhões na instalação de 65 unidades na região Nordeste. Em média, o trabalho nas minifábricas garante uma renda extra de R$ 450,00 mensais para as famílias dos produtores. 

Outra tecnologia que está promovendo geração de trabalho e renda são os projetos de energia gerada a partir de fontes renováveis nos estados de Alagoas, Pernambuco, Ceará e Bahia. O Instituto Eco-Engenho, organização não-governamental, é responsável pelos projetos que trabalham com energia solar, biomassa e energia eólica. Em Alagoas, o projeto Água Solar – H2 Sol tem duas iniciativas bem sucedidas de micros sistemas de irrigação.

Uma delas está sendo desenvolvida na comunidade de Traíras, localizada no município de Pão de Açúcar. No local há um projeto de irrigação por gotejamento com suprimento de solar fotovoltaica (conversão direta da luz em eletricidade) em uma área de um hectare às margens do Rio São Francisco. A outra está sendo executada na comunidade de Baixas no município de São José da Tapera, região com extrema escassez de água. Na comunidade foi instalado um sistema hidropônico para produção de pimenta com bombeamento suprido por energia solar fotovoltaica. Não há acesso a rede de energia elétrica convencional no local. 

Os projetos contribuíram para que essas duas comunidades saíssem da situação de extrema pobreza com renda familiar abaixo de um salário mínimo para em torno de três salários mínimos de receita líquida. O Instituto Eco-Engenho já apoiou a instalação de 2.700 sistemas residenciais de energia solar fotovoltaica no Semi-Árido do estado de Alagoas e de 336 sistemas semelhantes em escolas rurais.

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