Padaria comunitária muda rotina de Maravilha

Associação de Mulheres Nova Conquista põe a mão na massa, com apoio de parceiros, no programa de Economia Solidária. Previsão era produzir 400 pães por dia, mas a média diária de vendas está em 1 mil Cansadas, mas felizes. Esta era a principal frase que se escutava ontem, na padaria comunitária Pão Maravilha, no distrito de Maravilha

Padaria comunitária muda rotina de Maravilha 

22 de agosto de 2006 
Fonte: http://www.bonde.com.br/folha/

Associação de Mulheres Nova Conquista põe a mão na massa, com apoio de parceiros, no programa de Economia Solidária

Previsão era produzir 400 pães por dia, mas a média diária de vendas está em 1 mil Cansadas, mas felizes. Esta era a principal frase que se escutava ontem, na padaria comunitária Pão Maravilha, no distrito de Maravilha (Zona Sul de Londrina), no primeiro fim de semana de funcionamento do negócio tocado por 12 mulheres, que está mudando a rotina dos moradores. No sábado à noite muita gente saiu de casa para, pela primeira vez, comer pizza em uma mesa que não fosse a da própria cozinha. Ontem o pequeno estabelecimento foi visitado por mais dezenas de famílias à procura de outra novidade no distrito: pão quentinho.

A padaria, construída em parceria entre a Associação de Mulheres Nova Conquista o Comitê de Solidariedade dos Funcionários da Sercomtel, com apoio do Programa de Economia Solidária da Prefeitura de Londrina e do Provopar, foi inaugurada no último dia 15 e é a primeira do distrito. Antes, os pães eram levados duas vezes por semana de Londrina e revendidos em um mercadinho e bares. O restante da demanda era atendida pelas mulheres do local que confeccionavam os pães em casa.

A idéia da padaria comunitária nasceu há pouco mais de um ano, depois de um levantamento do potencial das pessoas e da região, com ajuda do Serviço Brasileiro de Apoio à Pequena Empresa (Sebrae). A Associação tratou, então, de reunir mulheres com habilidades para produção de pães. ”No começo éramos uma 20, no final ficamos em 12”, conta Marta Silva da Paz, 46 anos, quatro filhos, e uma das participantes do empreendimento.

Os segredos do ”pão de padaria” estão sendo ensinados pelo padeiro Genilton Ribeiro, que está na profissão há 25 anos. Acostumado a dar cursos de panificação no Clube das Mães Unidas (Vila Ricardo), ele teve que adaptar o conteúdo ministrado em seis meses para 48 horas de aula. ”Foram oito domingos ensinando a fazer o básico: pães de hamburguer, de leite, francês e sovado; roscas e massa de pizza. Mas a força de vontade delas é tanta que assimilaram tudo muito bem”, elogia o padeiro.

No próximo domingo ele pretende descansar, mas no fim de semana seguinte vai começar as aulas de confeitaria, e aí o balcão da Pão Maravilha deve ganhar novas cores e sabores. ”Logo o aproveitamento da estrutura vai ser de 100%”, garante. No total, foram investidos R$ 25 mil em equipamentos pelo Comitê da Sercomtel, mais cerca de R$ 15 mil que a própria Associação fundada há 10 anos conseguiu vendendo rifas, bingos e com participação em festas como a do Boi no Rolete.

Na tarde de ontem uma das principais preocupações de Maria Isabel Rodrigues Gonçalves, secretária da Associação, era adequar a produção à demanda, que foi bem maior que o esperado. ”Nos programamos para produzir 400 pães por dia, mas estamos vendendo uma média de mil por dia. O estoque de farinha já acabou e tive que providenciar mais”, revelou.

De sábado para domingo as mulheres trabalharam até as 3 da madrugada, e ontem de manhã todas estavam a postos. E ninguém reclama. ”A euforia é tanta que ninguém está conseguindo ficar muito em casa. Mesmo aquelas que não estão no seu turno, voltam para trabalhar.” Dona Nair Fiorini Silva, de 60 anos, traduz o sentimento do grupo: ”Isto aqui, além de trabalho, está sendo uma terapia para nós que nunca trabalhamos fora. Agora ninguém nos segura”, garante.

Para aprender a trabalhar com gestão de estoque, caixa, atendimento a clientes e até buscar novos mercados, as mulheres contam com o suporte do Programa de Economia Solidária. Segundo Roberto Gonçalves, o coordenador do programa nos distritos rurais, a intenção é que o grupo caminhe com as próprias pernas. ”Essas mulheres acreditaram nesse sonho e serão exemplo para outros grupos”, afirma.
 

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