Cassel ressalta políticas de segurança alimentar

Ministro e representante da FAO destacam em coletiva de imprensa sobre a 30ª Conferência Regional da FAO que a crise alimentar existente no mundo não se deve a uma reduzida produção de alimentos. Para Cassel, o problema demonstra quais países têm políticas efetivas de segurança alimentar.

Na tarde desta quinta-feira (10), o ministro do Desenvolvimento Agrário, Guilherme Cassel, o diretor-adjunto da FAO (Organização das Nações Unidas para a Agricultura e a Alimentação), o representante da FAO na América Latina e Caribe, José Graziano da Silva, e o secretário de Relações Internacionais do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), Célio Porto, participaram de coletiva para divulgar a 30ª Conferência Regional da FAO. O evento, que será realizado de 14 a 18 deste mês no Palácio Itamaraty, em Brasília, abordará a questão da segurança alimentar e nutricional.

"Isso significa ter ou não programas de formação de estoques, de crédito, assistência técnica, de controle de preços, escoamento da produção e comercialização", relatou. "Quando falamos de produção de alimentos em momentos de crise, estamos nos referindo a arroz, feijão, batata, carne. Nós temos todos esses produtos na agricultura familiar".

O ministro disse ainda que há algum tempo o Brasil investe em políticas públicas específicas para esse setor, como o Programa Nacional de Fortalecimento à Agricultura Familiar (Pronaf) e o Programa de Aquisição de Alimentos (PAA).

Cartilha da FAO -"A crise alimentar não é de produção, mas especulativa", afirmou Graziano. De acordo com o representante da FAO, o fenômeno é ocasionado por baixos estoques, defasagem entre consumo e oferta de produtos e falta de políticas nacionais que permitam aos países mais pobres reagirem a essa crise. Graziano informou que nas próximas semanas a FAO publicará uma cartilha com recomendações sobre como contornar eventuais crises alimentares.

Graziano ainda disse que a FAO pedirá a instituições financeiras, como o Fundo Monetário Internacional (FMI), mais apoio a agricultores familiares. A sugestão é que isso ocorra com taxas mais baixas nos financiamentos à produção e crédito de longo prazo. "Esses agricultores são os grandes produtores de alimentos", ressaltou.

Biodiesel e etanol – Outro tema explorado durante a coletiva foi o biocombustível. Cassel disse que o governo brasileiro tem de reafirmar essa política porque ela é importante para mudar a matriz energética. "É possível produzir alimentos e combustíveis", enfatizou.

Cassel também defendeu que o Programa Nacional de Produção e Uso do Biodiesel (PNPB) é original e inovador. "É o primeiro programa que conheço voltado à inclusão dos agricultores familiares e que não compete com a produção de alimentos", ponderou.

O ministro alertou que é necessário separar o que é estímulo à produção do etanol do estímulo à produção do biodiesel. Este último incentiva o fornecimento de matéria-prima (oleaginosas como mamona, algodão e girassol) pela agricultura familiar.

De acordo com coordenador da Assessoria Internacional do Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA), Laudemir Muller, que acompanhou a coletiva, o PNPB tem mostrado capacidade de auxiliar no enfrentamento a eventuais crises alimentares, porque alia produção de energia com segurança alimentar. "O biodiesel é baseado na agricultura familiar diversificada e produtora de alimentos, diferente dos modelos de produção de energia focados na monocultura", comparou.

Empenho brasileiro – Na abertura da entrevista, o ministro Cassel deu as boas-vindas aos participantes da Conferência da FAO em nome do governo brasileiro e disse que há 20 anos não se realizava esse evento no Brasil.

Graziano lembrou que nesse fórum são definidas as áreas prioritárias de atuação da FAO para os próximos dois anos. Ele disse que, pela primeira vez na história da Conferência, a FAO convidou o MDA e o MAPA para co-presidirem o evento devido ao empenho do governo brasileiro na sua realização.

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Fonte:Ministério do Desenvolvimento Agrário

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