ONG apresenta pesquisa 'As mulheres negras e o mundo do trabalho'

Apreender a realidade da inserção de mulheres negras da periferia do Recife no mercado de trabalho. Esse foi o principal objetivo da segunda edição da pesquisa "As mulheres negras e o mundo do trabalho", realizada pela organização não-governamental Grupo de Mulheres Cidadania Feminina, lançada ontem (11), na sede da entidade em Recife.

Adital
Apreender a realidade da inserção de mulheres negras da periferia do Recife no mercado de trabalho. Esse foi o principal objetivo da segunda edição da pesquisa "As mulheres negras e o mundo do trabalho", realizada pela organização não-governamental Grupo de Mulheres Cidadania Feminina, lançada ontem (11), na sede da entidade em Recife.

A análise contou com 130 entrevistas com mulheres negras do Córrego do Euclides e de bairros adjacentes e revela que, de 2007 a 2008, nada mudou na vida dessas mulheres. Segundo dados da Pesquisa de Emprego e Desemprego para Região Metropolitana do Recife em 2007, as mulheres representam mais de 53% da População em Idade Ativa, mas são apenas 45% da População Economicamente Ativa.

"Nós constatamos que a maior parte dessas mulheres negras trabalha na informalidade, fazendo marmitas, servindo como diaristas ou empregadas domésticas. Alcançam uma renda mínima de até R$ 400. A maioria só consegue arrecadar em torno de R$ 100", afirma a coordenadora colegiada do Fórum de Mulheres de Pernambuco e da ONG Cidadania Feminina, Rejane Pereira.

Rejane ressalta ainda que as entrevistadas possuem apenas o ensino fundamental incompleto: "O Estado foi ausente nas políticas educacionais da população negra". Além disso, essas mulheres, em sua maioria, não são beneficiadas por programas de transferência de renda do governo: "Há a necessidade de políticas públicas para essas mulheres, principalmente no que diz respeito à garantia de direitos da previdência e ao estímulo à produção com objetivo de gerar renda".

Segundo a coordenadora, um dos objetivos dessa análise é influenciar o debate sobre a reforma da previdência e sobre a distribuição de renda. Ela também enfatiza que a luta contra o racismo é o principal desafio dessas mulheres na busca por melhorias na qualidade de vida: "O Estado brasileiro é racista. O racismo é estruturador na vida das mulheres e gera uma herança de miséria".

O Grupo de Mulheres Cidadania Feminina é uma organização não-governamental feminista criada em 2002 na comunidade do Córrego do Euclides em Recife, Pernambuco, que trabalha com mulheres e jovens em situação de violência doméstica e sexista e de exploração sexual. Atuando em seis dos bairros mais carentes e violentos do Recife, o foco principal da entidade é a formação e a organização de mulheres para o enfrentamento da violência através de processos de discussão e conscientização étnica, social e política.

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