A Amazônia acolhe a 9ª Versão do Fórum Social Mundial 2009

A 9ª Versão do FSM desta vez na Amazônia – na bela e histórica Belém – , onde mais de 100 mil pessoas das diferentes partes do mundo, pessoas que sonham sonhos comuns, que de forma criativa, reflexiva ou através da denuncia, da arte, da música, do teatro, do encontro, fez com que o mundo se voltasse uma parte que é de fundamental importância para o equilíbrio do planeta Terra, a Amazônia.

“A utopia de mundo novo e de fraternidade onde todos se
respeitem não pode ser apenas um sonho”

A 9ª Versão do FSM desta vez na Amazônia – na bela e histórica Belém – , onde mais de 100 mil pessoas das diferentes partes do mundo, pessoas que sonham sonhos comuns, que de forma criativa, reflexiva ou através da denuncia, da arte, da música, do teatro, do encontro, fez com que o mundo se voltasse uma parte que é de fundamental importância para o equilíbrio do planeta Terra, a Amazônia. Uma oportunidade para que militantes sociais, estudantes, cientistas, políticos, teóricos, jovens, homens, mulheres, religiosos, indígenas, ribeirinhos, quilombolas, pescadores, catadores de materiais recicláveis, pais e mães de santos, artistas, empregados e desempregados, funcionários públicos, sem tetos e sem terra e tantos outros (as), afirmassem que um outro mundo é possível, urgente e necessário, um espaço descobrir a necessidade de construir aqui uma sociedade fraterna e solidária, onde moradores desta Amazônia, possam viver acima de tudo, com dignidade.

Quero partilhar antes de tudo, uma parte do diálogo que tive a oportunidade de ouvir no momento em que parei para comprar uma sombrinha e, assim, aguentar a chuva gostosa que fez da abertura do FSM, um momento único. Vamos ao diálogo: “Tu acreditas que todas essas pessoas pegando chuva acreditam de fato na mudança do mundo? Que um outro mundo é possível? Acreditam que o mundo ainda pode mudar? Mas é claro, afirmava um. Ah, eu acredito na mudança e também nessas pessoas”. Segui encantada, emocionada, conversando com meus botões e com a pedagogia da pergunta. Será mesmo que temos pessoas aqui que não acreditam na mudança, na possibilidade de que é possível construir um outro mundo?

A carta de princípios do FSM nos afirma, “este é um espaço aberto de encontro para o aprofundamento da reflexão, para articulação de ações eficazes, de entidades e movimentos da sociedade civil que se opõem ao neoliberalismo e ao domínio do mundo, um espaço de troca de experiências, espaço que se opõem a toda visão totalitária e reducionista da economia, do desenvolvimento e da história. É clara a opção que tomam: opõem ao neoliberalismo e ao domínio do mundo pelo capital e por qualquer forma de imperialismo”.

Neste sentido, é inegável que o espaço do FSM foi um espaço de denuncias, de repúdios, de alianças, de oportunidades para se conhecer experiências significativas, de se fortalecer lutas e sonhos, pontos necessários na conjuntura em que a humanidade se encontra. Pela imensidade de atividades, talvez seja a hora de se repensar sua metodologia, afirmavam alguns participantes.

De fato, o FSM 2009, teve momentos ímpares, históricos, falas, rodas de conversa, seminários, assembléias, atividades ricas que nos inquietaram, que nos deixaram alguns ecos ao quais partilho e que nos remetem a boa reflexão, como:

· Precisamos ir além do discurso para se construir uma nova ordem social;
· Salvar a Amazônia é salvar o mundo e seu povo, vivemos um tempo único na Amazônia, logo, não podemos perder a esperança pela vida;
· A construção de grandes hidrelétricas não interessa ao modelo de desenvolvimento para a Amazônia;
· Estamos assistindo que o consumo desenfreado é um desrespeito a terra mãe;
· A integração da América Latina é a solução para enfrentarmos as crises. A América Latina precisa se unir e assim descobrir o seu potencial;
· O FSM é o momento político mais importante do mundo;
· O capitalismo mata o povo, só o socialismo pode salvar o planeta, a vida, o mundo;
· Somos presidentes, graças ao despertar da consciência do povo latino americano;
· O encontro entre presidentes da América Latina é histórico
· Temos que ter paciência para construirmos o que queremos construir;
· O povo aprendeu a não ter mais intermediários para escolher seus representantes;
· Precisamos conhecer a Amazônia, os estudantes precisam ir para dentro da floresta, conhecer, preservar e pensar um desenvolvimento que respeite a diversidade, seu ecossistema, o povo com seus costumes e culturas;
· Vive-se um desastre ambiental e social na Amazônia;
· Precisamos saber qual o rumo da nossa luta;
· O conhecimento é uma ferramenta fundamental para se diminuir o impacto na Amazônia
· Precisamos retomar a historia dos grupos com os quais fazemos o trabalho de base
· Aprendendo uns com outros fazemos alianças e assim podemos dar ao mundo soluções;
· Não há desenvolvimento sustentável no capitalismo
· Temos que repudiar a mercantilização da vida uma vez que esta coloca o lucro acima da produção dos saberes, que ignora as raízes do seu povo e enfraquece nossa identidade, que abomina as culturas tradicionais.
· Temos que maximizar o que nos é comum. O capitalismo quer dividir os movimentos sociais;
· O FSM começou lutando contra o modelo capitalista, logo, o protagonismo tem de ser dos movimentos sociais;
· Este FSM acontece num contexto de crises – ecológica, alimentar, financeira, o que estamos fazendo?
· É possível vivermos sem sermos escravos do capitalismo;
· O socialismo do século XXI perpassa pelo dialogo, pelo respeito ao diferente, pela construção coletiva;
· O FSM é como combustível, nos alimenta, nos fortalece, nos inquieta;
· A educação popular é necessária e urgente para se construir este outro mundo possível;
· Devemos nos perguntar, o que vamos fazer ao retornarmos para nossas casas para se construir este outro mundo possível?

Fechando o último dia do FSM, uma das assembléias que chamou muita atenção foi a da educação. Neste sentido, pensar os desafios e perspectivas para a educação popular como política pública, hoje é uma preocupação não só da RECID, mas dos movimentos sociais, de inúmeros educadores/professores (as) que marcaram presença no Fórum. Vimos que a RECID, em diálogo com os movimentos sociais, podem dar novos significados à educação popular como um instrumento metodológico e político que esteja a serviço das escolas públicas, vimos que está na hora de avançarmos cada vez mai
s na pauta de lutas.

Concluo, crendo que os Fóruns mundiais nos possibilitam pensar uma nova sociedade a partir de atitudes e olhares locais, com novas posturas e compromissos com o povo, que nos apresenta alternativas viáveis, possíveis de escolhas. Isso não é só um desafio, já está em construção. Um outro mundo, uma outra educação popular é possível, aqui e agora, desde que eu, você, nós todos juntos (as) cultivemos em cada um de nós, a ética, o respeito, a solidariedade, o dialogo, a construção coletiva.

Brasília, 23 de fevereiro de 2009.

Vera Lucia Lourido Barreto
Talher Nacional

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