Rede em Rondônia realiza encontro de educomunicação

“Tudo começa assim: com uma coisa pequena e que vai crescendo”. Dessa forma a educadora popular Elessandra Alves (Sandra), 28, definiu o primeiro Encontro de Educomunicação realizado na Casa Betânia, em Porto Velho-RO, de 17 a 19 de abril.

Participaram do encontro cerca de 35 pessoas ligadas aos movimentos indígenas, hip hop, luta pela terra, ribeirinhos, catadores, conselhos de direito, entre outros, vindos de sete municípios do estado. Segundo Sandra, ligada ao Movimento Hip Hop da Floresta, encontros como esse ajudam a cada educador e educadora a aprofundar o tema e a incentivar a criação de formas alternativas de comunicação e de mídia livre junto aos grupos onde atuam.

A comunicação, por exemplo, poderia facilitar o processo de organização e articulação dos cerca de 52 povos indígenas de Rondônia, conforme José Luis Kassupa, 36 anos, liderança indígena do Povo Kassupa e assessor da Associação Massaká. Num estado em que há cerca de 7.000 indígenas, afirmou Kassupa, há dificuldades de repasse de informações entre as lideranças indígenas. Segundo ele, mais capacitação em comunicação potencializaria essa luta.

Ribeirinha que vive às margens do Rio Madeira, em Porto Velho-RO, e que está assistindo junto a outras centenas de milhares de ribeirinhos o avanço da construção do complexo de usinas hidrelétricas no Estado, Neuzete Paulo Afonso, 50 anos, vê a importância de divulgação do que está acontecendo com seu povo para fazer a disputa política. “Precisa haver mais divulgação do que está acontecendo conosco. O ribeirinho sempre viveu em harmonia com a natureza. Sua sobrevivência e cultura estão sendo ameaçadas. A grande mídia não se interessa por essa história”, disse.

Partilha da mesma opinião, Maria Lucia de Souza Vieira, 38 anos, membro da Organização dos Seringueiros e Agroextrativistas do Baixo Rio Ouro Preto, em Guajarmirim-RO, cerca de 300 kilômetros da capital. “Precisamos dar mais divulgação aos problemas que vão enfrentar os ribeirinhos”, disse.

O encontro de educomunicação buscou aprofundar a importância da comunicação nos processos de educação popular, discutindo o seu papel político num processo de mobilização social. “Sem comunicação é impossível organizar uma ação”, disse Francisco Reginaldo de Oliveira, 25 anos, do acampamento Antônio Conselheiro, organizado pelo MST no estado.

Além de fazer o debate político, o grupo participou de oficinas de capacitação técnica de Rádio Comunitária, Fanzine, Fotografia, Teatro e Sistematização das Experiências. “Descobri que nós mesmos podemos contar nossa história”, disse uma das participantes após a partilha das oficinas ao final do encontro.

Esse foi o primeiro de uma série de encontros que a Rede de Educação Cidadã realiza em todo o Brasil a partir da Pesquisa Participante para aprofundar a comunicação e capacitar tecnicamente os educadores populares. Envie para o e-mail: [email protected] a informação do seu estado.

Willian Bonfim

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