Militantes discutem crise do capitalismo e projeto de sociedade em seminário em Goiás

Cerca de 80 militantes de 24 organizações e movimentos sociais goianos, de 11 municípios do estado, participaram no último dia 20 do Seminário: Avanço do Capitalismo em Goiás, atividade do planejamento da Recid/GO em  2009.

Realizado no auditório Gilberto Costa, da CUT Goiás, o Seminário contou com a assessoria da professora Ana Lúcia, autora do livro Revolução de 1930 em Goiás, aposentada pela Universidade Federal de Goiás, universidade da qual já foi chefe do departamento de ciências humanas.

Segundo a professora, os últimos governos de Goiás foram responsáveis pelo avanço do capitalismo no Estado, com seus programas de isenção por longos períodos. Um exemplo, é o da Perdigão que ganhou isenção fiscal pelo período de 17 anos para se instalar em Rio Verde.

Além da isenção, lembra a professora, o Governo do Estado tem emprestado dinheiro para as empresas, como é o caso da Hunday, fabricante de carros de luxo, que ganhou isenção fiscal do governo e grandes investimentos para gerar uma quantia irrisória de postos de trabalho.

Há um fenômeno, destacado pelos participantes, que os trabalhadores, além de perderem seus direitos, estão contentes em estar numa relação de exploração no corte da cana. Goiás ocupa a 5ª posição da produção de cana e com o PAC serão a produção vai avançar mais ainda. O Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) chamou a atenção para a previsão de construir de 7 hidrelétricas em Goiás.

Segundo Ana Lúcia, a despeito da crise, o capitalismo avança tomando a terra dos trabalhadores, expropriado e explorando a força dos trabalhadores, destruindo a natureza, com o beneplácito do governo do estado.

A professora propôes, para os movimentos sociais, o desafio de mapear, nos municípios de origem, quais são os inimigos da classe trabalhadora que, segundo ela, têm nome, endereço e CNPJ. Essa informação, disse, é importante para saber em quem votar, por exemplo.

Desafios para a militância:

Uma parte do encontro foi dedicada a construir e levantar coletivamente os desafios para os movimentos sociais, como seguem alguns em destaque:
– Recuperar o planeta terra e construir o socialismo;
– A classe já está tendo consciência de que o capitalismo mata. Nós já estamos construindo socialismo; quando num sábado tem 80 pessoas aqui já estamos em processo.
– Avançar na luta contra o individualismo apreogoado pela sociedade capitalista;
– Dar conta de construir coletivos é o maior desafio para a classe. Construir senso se solidariedade e coletivo é um dos maiores desafios da classe;
– Não deixar que, neste momento de crise, o povo e os trabalhadores paguem pela crise, que é dos capitalistas;
– Unificar as lutas dos movimentos sociais: há muitos movimentos que têm estrutura e não têm trabalho de base; há movimentos que têm trabalho de base e não têm estrutura;
– Um campo que podemos fortalecer é o espaço da Assembléia Popular, há a necessidade de intensificar esta articulação;
– É necessário fazer cursos de formação política semelhante a esse seminário nos movimentos/entidades;
– Na Rua 2 com a Goiás há um prédio com 3 propostas sendo trabalhadas para pleitear à união um espaço para os movimentos sociais;
– Lutar pela conquista de meios de comunicação de massa para os trabalhadores: TV, gráficas, etc.;
– Promover a cultura de direitos;
– Discutir um projeto de sociedade primeiro; depois, se for o caso, pensar o nomes; não fazer apenas o debate em torno de nome mas de projetos na questão eleitoral;
– É necessário haver a UTOPIA em torno de um projeto que vá fortalecer a luta comum;
– Empoderamento dos movimentos sociais;
– Precisamos identificar o que é comum à todos: educação, saúde e direitos sociais; Precisamos ter bandeiras que são comuns; Um exemplo é o da luta contra a homofobia que unifica todos os movimentos LGBT; Outro passo é pela questão do cerrado.
– Organizar grupo para discutir e formular proposta para quem vai pagar a conta da crise? Recursos para produtores já foi liberado muito e para cooperativas e empreendimentos populares?
– No longo prazo lutar pela democratização do poder, da renda, dos espaços, das instituições; Construção de experiências e práticas que vivenciem e apontem para  valores comunitários e anti-capitalistas em oposição ao individualismo e egoísmo; Que apontem para o modelo de sociedade que sonhamos, na linha de construir uma alternativa ao que está aí;
– Sociedade justa, fraterna e igualitária está no campo da UTOPIA. Não pode fugir de nossa discussão. Até alcançar a nossa utopia, tem essa que dá prá fazer e estamos fazendo;
– A América Latina sempre ficou refém de um sistema populista ou de uma ditaduras; Vivemos uma experiência recente de democracia. Há muitos problemas nas instituições que criamos. A classe trabalhadora européia conquistou muitos direitos que foram, historicamente, sendo quebrados. O sistema capitalista consegue introjetar a idéia de que, mesmo dentro do marco capitalista mais humanitário, é possível as pessoas viverem e os trabalhadores não precisam se mobilizar para avançar na luta;
– Uma sociedade socialista, em plenitude, ainda não aconteceu. A esperança desta utopia nos move: a construção de uma sociedade melhor;
– É importante ter coletivos de agitação, articulação e propaganda;
– Unidade na diversidade; e importância da organização coletiva dos movimentos; falta também de amor no sentido de algo que move e mobiliza as pessoas em torno dos outros; a nossa luta é com mais gente; “a galinha enche o papo com mais gente”; o nosso objetivo e luta é um só.
– O povo tem que tirar a venda dos olhos;
– Movimentos sociais precisam ter ações de enfrentamento das atitudes do governo;
– Fortalecimento das iniciativas de cooperativa e ecosol; as práticas muitas vezes não dizem mas nós temos;
– Governo nenhum vai fazer a revolução; ela virá do povo;
– Nós não estamos trocando experiências de formas de organização e o que estamos fazendo; Não adianta ficar só discutindo teorias; precisamos apresentar práticas que portam novos valores.

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