Grito dos excluídos ecoa por todo o Brasil

Como balanço deste ano, o coordenador nacional do Grito dos/as Excluídos/as, Ari Alberti, avaliou que a manifestação nos estados revelou mais uma vez que a crítica à falta de ética na política é um dos pontos muito abordados.

Neste ano, o Grito dos/as Excluídos/as trabalhou uma temática importante em Goiás: a luta por dignidade e direitos dos/as encarcerados/as. No dia 7 de setembro foi realizada uma concentração nas proximidades do Sistema Prisional de Aparecida de Goiânia, com o objetivo de refletir sobre o drama de quem vive sem liberdade. A escolha teve ligação com o tema da Campanha da Fraternidade, “Fraternidade e Segurança Pública”.
 
A atividade teve início às 8h30, na entrada do complexo prisional, fazendo quatro paradas, cada uma refletindo sobre um subtema. Na primeira, o assunto escolhido foram as drogas; na segunda, os/as servidores/as do sistema prisional; na terceira, os/as defensores/as públicos. O ato se finalizou com uma grande concentração na guarita principal do Centro Penitenciário Odenir Guimarães, antigo Cepaigo, com uma reflexão sobre os/as presos/as e suas famílias.

O Grito em Goiânia foi organizado pelo Fórum do Grito dos/as Excluídos/as, composto por mais de 30 entidades, dentre a Recid/GO e a Assembleia Popular do Estado de Goiás.

Grito sai fortalecido em todo Brasil
Segundo o arcebispo de Aparecida, dom Raymundo Damasceno, o Grito dos/as Excluídos/as fortaleceu a participação do povo para a concretização de uma verdadeira democracia.

Em Manaus, no coração da Amazônia, cerca de 4 mil manifestantes realizaram o Grito sob um sol de 40 graus e discutiram temas como o problema da privatização da água, do abastecimento, do transporte coletivo e da saúde pública. Além disso, os/as manifestantes criticaram a criação do Porto das Lages, uma obra do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) a ser realizada na união dos rios Negro e Solimões. Segundo as lideranças está acontecendo uma série de ameaças e a criminalização de quem se manifesta contra a construção do porto.

Em Belém, cerca de 2500 pessoas se manifestaram no bairro Terra Firme, um dos pioneiros na realização do Pré-Grito. Lá elas debateram sobre a pedofilia, a violência no estado e os encarcerados. Já em Goiânia (GO), o Grito discutiu principalmente sobre as dificuldades e a negligências do sistema prisional.

Em Minas Gerais, as atividades aconteceram em pelo menos 21 cidades. Em Montes Claros, o Grito foi realizado por cerca de 2 mil pessoas de organizações que compõe a Assembléia Popular. Lá existe o Palanque do Eleitor, no espaço os manifestantes criticaram a postura do prefeito, conhecido como o prefeito das lonas pretas, por não adotar uma política de habitação, fornecendo apenas lonas pretas para as famílias.

Na cidade, também foram pautados os problemas com o transporte coletivo. "Existe uma ação no Ministério Público que considera inconstitucional o valor cobrado na tarifa", afirmou Sônia Gomes, da coordenação. Além disso, o Grito também debateu a reivindicação que pede uma política aos catadores de material reciclado. Eles foram ameaçados pelo prefeito local de não poderem mais coletar. Os/as organizadores/as afirmaram também que tanto o prefeito quanto a guarda municipal foram truculentos e tentaram impedir a manifestação da população.

Em Cuiabá (MT), centenas de manifestantes marcharam logo atrás do desfile oficial de 7 de setembro. Eles requereram os direitos e a preservação ambiental neste estado que é um dos mais desmatados pelo agronegócio. Além disso, criticaram os conflitos agrários e o trabalho escravo. "Só neste ano, três trabalhadores e uma indígena foram mortos no estado e 200 trabalhadores foram resgatados do trabalho escravo, não podemos mais aceitar isso", afirmou Inácio Werner, da coordenação do Grito. Quanto a isso, no Grito foi lançado o Fórum dos Defensores dos Direitos Humanos do Mato Grosso.

Em Aracaju (SE), mais de 20 mil manifestantes dos movimentos sociais, pastorais e da Cáritas marcharam o percurso de 1 quilômetro por qualidade de vida. O Bispo auxiliar da arquidiocese, dom Henrique Costa, marchou com os/as manifestantes.

No Santuário Nacional de Nossa Senhora Aparecida, interior de São Paulo, 80 mil romeiros/as participaram do Grito dos/as Excluídos/as e da 22ª Romaria do/a Trabalhador/a. Os/as participantes deram um cartão vermelho à violência sofrida pelas mulheres, jovens e crianças. O cartão vermelho também foi dado ao Golpe de Estado em Honduras e disseram basta à corrupção e a impunidade e à criminalização dos movimentos sociais e às suas lideranças. O ato em Aparecida se encerrou no final desta manhã com uma missa na basílica. O Arcebispo Dom Raymundo Damasceno pediu mais participação da população para a concretização de uma verdadeira democracia.

Em Brasília, centenas de manifestantes realizaram o Grito dos/as Excluídos/as em paralelo ao desfile oficial na Esplanada dos Ministérios, do qual participaram 17 organizações e movimentos sociais. Eles organizaram o Tribunal Popular e o segundo julgamento do Governo Arruda, que tem feito gastos vultuosos com propaganda. "Queremos que este dinheiro seja investido na construção de moradias para o povo. Nesse julgamento, pela segunda vez foi dado o Impeachment do governador Arruda", afirmou Thiago Ávila, coordenador do ato.

Em São Paulo, cerca de 6 mil pessoas participaram das atividades do Grito dos/as Excluídos/as, que incluiu uma missa na catedral Sé. De lá os participantes caminharam para o Monumento do Ipiranga, durante o trajeto, foram trabalhados temas como emprego, salário, moradia, terra e direitos sociais. Eles também protestam contra a criminalização dos movimentos sociais. "Somos contra o processo de criminalização que os movimentos sociais e as lideranças estão sofrendo no país. Quem luta pelo direito dos trabalhadores não pode ser criminalizado pelas ações que realiza", afirmou um dos coordenadores do ato.

Em Vitória, no Espírito Santo, cerca de 6 mil pessoas fizeram uma lavagem simbólica das escadarias do Tribunal de Justiça, Tribunal de Contas e da Assembléia Legislativa. No estado, os eixos de debate da manifestação foram a crise que assola os/as trabalhadores/as, a política econômica e o desenvolvimento sustentável.

No Ceará, o Grito dos/as Excluídos/as foi realizado em pelo menos 16 municípios. Em Fortaleza, cerca de 5 mil pessoas protestaram contra os altos preços da energia elétrica, elas também pediram a reestatização da Coelce, a distribuidora de energia elétrica do estado, e a aplicação da Tarifa Social de energia para as famílias que consomem até 140 kwh/mês, o limite máximo estadual para enquadrarem-se
na lei da Tarifa Social.

Como balanço deste ano, o coordenador nacional do Grito dos/as Excluídos/as, Ari Alberti, avaliou que a manifestação nos estados revelou mais uma vez que a crítica à falta de ética na política é um dos pontos muito abordados. Além disso, segundo ele, neste ano, a criminalização das lideranças e dos movimentos sociais foi um dos pontos de forte denúncia nas mobilizações. "Este é um espaço propício para a população se manifestar em defesa dos que lutam pela melhoria das condições de vida das pessoas. Há 15 anos estamos nas ruas manifestando nossa posição em favor da vida", finalizou.

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