“Seguiremos em marcha até que todas sejamos livres”

A 3ª Ação Internacional da Marcha Mundial das Mulheres que aconteceu no Brasil reuniu cerca de 3000 (três mil) mulheres que deixaram sua casa, família. Vieram mulheres de todo o canto do país, foram cerca de 116 quilômetros, passando por 09 cidades e 02 distritos do Estado de São Paulo.

 

“Oh balanceou/ balenceou/ balenceou
Eh balanceou/ eu quero ver balanciar/
Na diversidade das cores,
 construindo mundo sem dores/
É o feminismo internacional/
Balanceando a mulherada na Marcha Mundial.”
(Parodia do Boi Bumbá
trazida pelas marchantes de Parintins)

Nessa ação mulheres de todo o Brasil e algumas partes do mundo marcharam por direitos, bens comuns, igualdade, liberdade, contra a violência e descriminação. Essas mulheres são quilombolas, indígenas, trabalhadoras rurais, empresarias, sindicalistas que tiraram 11 dias do seu tempo para se manifestar contra essa sociedade machista e sexista.

A marcha iniciou no dia 8 de março em Campinas na Praça do Rosário, onde foi realizado um ato pelos 100 anos de luta das mulheres. Em caminhada iniciando na madrugada as mulheres passaram por Valinhos, Vinhedo, Louveira, Jundiaí, Várzea Paulista, Cajamar, os distritos de Perus e Jordonésia, Osasco e finalmente São Paulo, durante a caminhada houveram várias palavras de ordem como: “cuidado, cuidado, seu machista a América Latina vai ser toda feminista”, ”João, cozinha seu feijão, José cozinha se quiser, Fernando machismo até quando”, “mulheres feministas revolucionarias, mulheres, mulheres libertárias” , “Sem feminismo não há socialismo”, “mudar o mundo pra mudar a vida das mulheres para mudar o mundo”, “o corpo é nosso é nossa escolha é pela vida das mulheres”, entre outros.

A chegada em cada cidade era uma aventura, pois por mais que a coordenação se esforçasse a estrutura sempre “apertava o calo” das mulheres, após uma caminha de no mínimo oito quilômetros as marchantes queriam descansar mais muitas vezes chegávamos ao local sem muita estrutura as pessoas ainda arrumando o alojamento o que dificultava o descanso merecido das mulheres, que mesmo assim o faziam em baixo da sombra das arvores, no colo das companheiras ou em alguma sombra no espaço do alojamento. Mas nada tirava o fôlego e a vontade de marchar por direitos e contra o machismo que ainda impera em nossa sociedade.

Esses doze dias de marcha também foram marcados por muitas experiências partilhadas durante nossas oficinas, a cada dia depois de descansar nos reuníamos para debates e trocas de experiências, tivemos debates sobre; trabalhos domésticos e de cuidados, sustentabilidade da vida humana, as lutas contra o machismo e o capitalismo, economia solidaria e feminismo, saúde da mulher, autonomia econômica, liberdade, sexualidade, soberania alimentar, mercantilização do corpo e da vida das mulheres, resistência das mulheres sobre agronegócio, maternidade como decisão e não como destino – legalização do aborto, o trafico de mulheres e a migração, praticas feminista de auto defesa, Paz e desmilitarização com a presença de Aleida Guevara, lutadora cubana e filha de Che Guevara.

A Marcha Mundial das Mulheres no Brasil foi para mim uma experiência única que ajudou a melhorar minha visão de vida e sobre as pessoas, foi momento de luta, resistência pessoal, vi muitas companheiras chorando, pois seu corpo não respondia a suas vontades de continuar na marcha, fazendo assim uma parada obrigatória na enfermaria e era por elas também que eu caminhava. Com todas as dificuldades e limitações que uma mobilização como essa pode trazer, me sinto renovada na luta por direitos, igualdade, não queremos ser mais que os homens, mas sim sermos tratadas com dignidade, sem violência e principalmente como seres humanos.

Por Rosiete Barros – RECID/AM
Marchante da 3ª Ação da Marcha Mundial das Mulheres

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