Compartilhamento da Comunicação uma Utopia Possível

          O terceiro dia da IV Ciranda iniciou com a mística que anuncia a amorosidade, cria uma relação afetiva e humana entre os educadores e educadoras da Recid que embalados pela música “Desejo” (Flávia Wenceslaw), refletem sobre a ideia de integração a outras formas de comunicação que não seja somente a verbal, mas também a ligada ao universo, à espiritualidade com o objetivo de proporcionar, à sensibilidade de percepção das diferentes formas e linguagens de expressão.

         Para começar a conversa sobre comunicação, o pesquisador, integrante do Observatório da Imprensa e da revista Carta Maior, Venício Lima, fez referência à origem da palavra: do latim, comunicação vem da mesma raiz dos termos “comum” e “compartilhar”. Em atenção para a construção original da palavra, comprovamos que a função essencial da comunicação pouco colocada em prática pelos grandes meios de comunicação brasileiros. Para Paulo Matoso, educador popular da Recid MS, é necessário que aconteça o compartilhamento da comunicação para que a mesma tenha um sentido de ser.

        Durante a apresentação, o pesquisador fez referência a Paulo Freire e ao ensaio Comunicação e extensão, publicado em 1975. Paulo Freire fala da comunicação como um processo dialógico, que precisa é construída a partir da igualdade entre dos sujeitos. Para Freire, a interação em torno da comunicação traz em si a ânsia de mudar o mundo. Na avaliação de Lima, as ideias de Freire são o fundamento do que chamamos hoje de direito à comunicação.

Raízes da Concentração

          A concentração dos meios de comunicação no Brasil tem raízes históricas que consolidaram a realidade que temos hoje. Venício Lima levantou como um dos elementos que contribuem para este quadro é a chegada tardia da impressa gráfica, vinda apenas com a família real portuguesa no século XIX. Segundo Lima, a inexistência de jornais impressos resultou na falta de costume a leitura da população brasileira.

            Este quadro se consolidou durante a Ditadura Militar, quando o governo ditador entregou as concessões de rádio e TV para empresas privadas, que passaram a dominar e controlar a informação veiculada nos canais abertos. “Ao fazer essa opção, o Brasil naturalizou de tal forma a exploração privada do serviço que pensamos que as emissoras são as donas da concessão, quando na verdade é o estado brasileiro”, afirma Venício.

          Como consequências da apropriação privada dos meios de comunicação, não há regulação na área. Venício Lima citou como exemplo da ausência de regras a propriedade cruzada dos meios de comunicação, prática proibida pela maioria dos países.

Equipe de Comunicação da IV Ciranda

 

 

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